Entre maquetes, plantas e pranchetas, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás (UEG) celebra, em 2025, seus 25 anos de existência, com motivos de sobra para comemorar. A formação, que já se consolidava como referência no estado, agora também se destaca no cenário nacional: conquistou o conceito máximo (5) em três dos indicadores de qualidade do ensino superior avaliados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e o Conceito Preliminar de Curso (CPC).
É o primeiro curso da UEG a alcançar esse feito, refletido na expressiva 7ª colocação nacional no IDD – que avalia o quanto o curso contribui efetivamente para o desenvolvimento acadêmico dos estudantes, comparando o resultado esperado, com base no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), feito antes do ingresso na universidade, e o desempenho real obtido no Enade, aplicado ao final da graduação. Além disso, a formação figura em 21º lugar no ranking do CPC, que avalia critérios como desempenho discente, qualificação do corpo docente e infraestrutura, posicionando a graduação entre as 25 melhores do país.
Para o professor Pedro Máximo, coordenador do curso, o grande destaque entre os resultados foi o desempenho no IDD. A nota contínua nesse indicador, que representa o conceito preciso e detalhado, foi de 4,82. “Ficamos muito confortáveis dentro da faixa 5. Quase conseguimos cravar o 5. É a nota que temos mais orgulho, porque conseguimos identificar a transformação intelectual, profissional e social que o curso produz na vida dos alunos”, comemora.
No Enade, o curso alcançou o conceito 3,97 – nota que, embora abaixo da pontuação contínua máxima, posiciona a formação dentro da faixa 5. No estado de Goiás, apenas a UEG e a UFG obtiveram esse resultado. Para o coordenador, o conjunto dos indicadores reflete a força do curso. "Ficamos à frente de universidades muito tradicionais. Por isso dou tanta ênfase ao IDD, que é pouco mencionado, mas para mim é o mais significativo. É onde de fato conseguimos ver a transformação na vida do menino e da menina que passa por aqui”, completa o professor.
Pilares do curso
Para justificar o sucesso do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG nas avaliações do Inep, o prof. Pedro Máximo destaca dois pilares fundamentais: a dedicação do corpo docente e o engajamento dos estudantes. “A gente se dedica muito, porque amamos esse curso e os alunos. E conseguimos medir, porque agora estamos fazendo um acompanhamento dos egressos. Conseguimos perceber que, de fato, o trabalho que desenvolvemos aqui faz sentido. O corpo docente é algo fundamental”, reitera, exaltando também o perfil dos alunos: “O aluno que entra aqui se apaixona pelo curso, pelos professores, por arquitetura, cidade, arte... Nossos alunos são a estrela disso aqui”, brinca.
Máximo ressalta também a forte integração entre teoria e prática no curso, apontando que essa relação é fortalecida pela atuação de docentes que conciliam a vida acadêmica com o mercado profissional. Como exemplos, cita casos de professores sem dedicação exclusiva na Universidade que mantêm escritórios próprios ou atuam em órgãos públicos. “Isso permite uma capilaridade forte com esse âmbito mais imediato da atuação do arquiteto e do urbanista, que é o projeto, a obra. Mas arquitetura e urbanismo não se restringe a isso. Por exemplo, temos egressos que trabalham com o planejamento urbano e regional, com órgãos públicos. E essa aliança com órgãos públicos, os professores podem fazer mesmo sem dedicação exclusiva”, comenta. Para ilustrar, menciona o projeto de intervenção na Casa do Turismo do Estado de Goiás, no Centro de Goiânia, desenvolvido com a participação de professores e alunos, cuja execução está prevista para breve.
A percepção de integração também é compartilhada pelo professor Daniel da Silva Andrade, egresso da segunda turma do curso e hoje responsável por disciplinas como Projeto 4, Sistemas Estruturais e Topografia – atualmente, entre os 37 docentes do curso, 6 são ex-alunos da UEG.
Segundo Daniel, a organização curricular, que articula teoria, tecnologia e prática de projeto, foi determinante para o bom resultado. “Eu, desde quando estudava no curso de Arquitetura, sempre tive essa afinidade pela parte tecnológica. Então, fui procurar me pós-graduar nessa área e tento trabalhar de forma integrada, ligando conhecimentos na área de tecnologia da construção à área de projeto”, explica. Para ele, alcançar um desempenho tão expressivo nos 25 anos do curso foi simbólico. “Não teria melhor presente”, afirma, atribuindo o sucesso ao esforço coletivo da comunidade acadêmica. “Acho que isso é resultado de um trabalho conjunto envolvendo corpo docente, estudantes e parte gestora, que vem sendo desenvolvido há anos", diz.
Valorização do patrimônio histórico
A professora Deusa Maria Rodrigues Boaventura, arquiteta com mestrado e doutorado na área de Fundamentos de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, pela USP, atua há 15 anos no curso ofertado pela UEG, onde ministra a disciplina História da Arquitetura Brasileira. Especialista em arquitetura histórica e colonial, destaca a importância do trabalho desenvolvido com os alunos para a valorização do patrimônio histórico, especialmente o goiano. Ela explica que, com o apoio da coordenação do curso, as viagens para cidades do interior passaram a ocorrer regularmente a cada semestre.
Essas visitas têm como objetivo aproximar os alunos do patrimônio histórico regional, tornando a disciplina mais dinâmica e não apenas teórica. “E eu venho fazendo um esforço para que nossos alunos reconheçam a importância do nosso patrimônio. Via de regra, existe um certo descaso com essa historiografia regional, mas aqui temos trabalhado nesse sentido. Não só em sala de aula, mas também com visitas a essas cidades do interior para mostrar aos alunos a importância da valorização desse patrimônio. Até porque eles estão localizados aqui, mas a grande maioria vai trabalhar no interior do estado, que é muito a missão da Universidade Estadual de Goiás”, ressalta a professora.
Diferencial
Outro ponto forte do curso, segundo o coordenador Pedro Máximo, é o trabalho com maquetes físicas desde o início da graduação. “Trabalhamos tanto com maquetes manuais quanto eletrônicas, mas essencialmente manuais. Quando o aluno entra, ele ainda não sabe trabalhar com softwares, não tem muita noção de proporção, escala. À medida em que ele vai avançando, vai migrando para esses softwares, para a arquitetura mais digital”. Esse trabalho, segundo Pedro, é essencial para o desenvolvimento da percepção espacial e permite até testes mecânicos nos modelos físicos.
Ao celebrar o desempenho da formação, o professor expressa gratidão à Universidade e ao Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas (CET), que abriga o curso. “Falando sempre em relação a todos os pró-reitores e ao reitor da Universidade, queria fazer um agradecimento formal, porque em relação ao curso de Arquitetura, a Universidade se manteve aberta a conversar, dialogar”. Sobre o espaço físico, acrescenta: “Os alunos circulam livremente, pintam, ficam bem à vontade, que é muito característico de um curso de arquitetura, embora ele esteja no câmpus que é de ciências exatas. Somos respeitados com a nossa diversidade, com a nossa estranheza enquanto curso que faz toda essa produção artística”, comenta. E finaliza com emoção: “Como coordenador, quero agradecer aos professores e aos alunos, porque é muito bom trabalhar nessa equipe. Eu sou a pessoa mais feliz do mundo”, reitera.
Alunos: orgulho de projetar o futuro
Por trás dos indicadores avaliados pelo Inep e, para além dos rankings das instituições de ensino superior, estão histórias pessoais que revelam o impacto dessas conquistas na vida dos estudantes. De diferentes origens e com percursos diversos, eles compartilham uma certeza: escolheram um curso que os desafia e transforma. São relatos como os de Gabriel, Diadorim e Ana Clara – alunos que ajudam a contar por que o curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG chegou a um resultado tão expressivo, revelando a importância da formação em suas vidas, além dos projetos que desenham para o futuro.
Gabriel Costa, 29 anos, aluno do 6º período, é um daqueles casos em que a curiosidade abre portas inesperadas. Formado em História pela própria UEG, em Anápolis, foi ao cursar algumas disciplinas de núcleo livre que despertou o interesse pela Arquitetura. Em 2022, decidiu mergulhar numa nova graduação e buscar outros caminhos profissionais. Para ele, o reconhecimento conquistado pelo curso é motivo de orgulho e celebração: “Principalmente nesse momento de efeméride, que a gente comemora 25 anos, revela muito sobre as pessoas que pavimentaram o caminho. Esses indicadores revelam, de fato, essa natureza do esforço dos professores e dos estudantes para construir um curso cada vez melhor”, diz.
Entusiasmado com o futuro, Gabriel acompanha de perto os planos para a implantação de um mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela UEG, e vê na pós-graduação stricto sensu uma possibilidade real e desejada de continuidade dos estudos depois que terminar a graduação. “É um momento de muita expectativa, porque essa nota revela a qualidade do curso e isso abre muitas portas”. Atualmente, o estudante participa de um projeto de pesquisa que alia as suas duas áreas de formação – História e Arquitetura –, para investigar a historialização da arquitetura nazista durante o período de construção de uma nova Berlim, na Alemanha. “Essa arquitetura é revelada nos livros de história da arquitetura, e o meu objetivo é entender como essa historiografia é ensinada nos cursos no Brasil e nos livros didáticos”, conta. Já para o seu trabalho final de curso, o plano é desenvolver o projeto autoral de uma Embaixada e um museu para a Palestina, em Brasília, uma proposta que busca ressignificar espaços e narrativas.
Abrangência
Diadorim João da Silva Viegas, 21, natural de Goiânia e aluno do 4º período, relata que sua escolha pelo curso Arquitetura da UEG foi influenciada pelo interesse em áreas artísticas e humanísticas, como artes plásticas, visuais e cênicas. Isso quando era ainda mais jovem. “Pesquisando um pouco mais, acabei conhecendo a Arquitetura, que abrange outras áreas mais complexas, como a de exatas, que não sou tão fã, mas tenho certo apreço, e a área de humanidades, que gosto muito. Quando a gente passa a pesquisar sobre as grades curriculares dos cursos de Arquitetura, vemos que a da UEG é muito completa, indo desde a parte mais artística até a área mais técnica”, comenta.
Diadorim também valoriza a experiência prática dos professores: “Temos profissionais aqui que conversam sobre o que vai acontecer no campo de obra e professores que têm mestrado e doutorado já há anos. Então, é um curso que abrange desde o campo acadêmico até o profissional propriamente”. Sobre a avaliação do Inep, o estudante expressa satisfação e destaca a representatividade da formação superior em seu núcleo familiar. “Acho isso bom, porque, na minha família, a única pessoa que tem uma formação é a minha mãe, e eu vejo que realmente fez a diferença na vida dela. E a Arquitetura vai me possibilitar também dar continuidade a esse avanço social”, destaca.
Já Ana Clara de Brito Silva, 19, também de Goiânia e aluna do 6º período, afirma que escolheu a UEG pela qualidade reconhecida da instituição. “Eu fico muito honrada de estar na universidade, fazendo um curso que está nessa colocação no país. Acho muito importante pela qualidade do ensino que é oferecido. E o fato de o curso estar recebendo essas notas é um reflexo dos alunos que já passaram por aqui. Temos muitas referências boas que já serviram de inspiração – como os professores que também são egressos nossos. E excelentes professores, inclusive”, avalia. Ana Clara é presidente do Centro Acadêmico e participa ativamente de projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos pelo curso, incluindo estudos sobre a “cidade esponja”, modelo de planejamento urbano que visa tornar as cidades mais resilientes à absorção de água, mitigando impactos de inundações e promovendo a resiliência urbana diante das mudanças climáticas.
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG tem, atualmente, 37 projetos de pesquisa e 8 de extensão vigentes. Para o professor Daniel Andrade, isso representa um avanço significativo nos últimos anos, tanto em número, quanto em qualidade. Segundo ele, hoje todos os alunos interessados encontram oportunidades variadas, com projetos que atendem a múltiplas necessidades da comunidade externa, além de desenvolverem pesquisas de ponta. Essa produção, além de beneficiar a formação dos estudantes, representa o compromisso social da Universidade. “É uma forma de a gente devolver à sociedade essa confiança que ela deposita em nós como comunidade acadêmica”, reitera.
Quem reforça essa avaliação é o secretário de Registros Acadêmicos do CET, César Raphael Fernandes da Silveira, que, há oito anos no cargo, acompanha de perto a evolução do curso de Arquitetura da UEG. Ele destaca que a dedicação dos professores e da coordenação se reflete não apenas no atendimento aos discentes, mas também na imagem positiva do curso entre familiares e representantes dos alunos. César ainda aponta avanços nos processos acadêmicos e na organização das disciplinas, que otimizaram a rotina dos estudantes. “O curso tem atendido melhor a necessidade do aluno de diminuir o tempo ocioso, transformando-o em produtividade. O aluno está tendo mais tempo para estudar, mais disponibilidade de acesso aos livros da biblioteca; ele não fica cansado porque as disciplinas são bem encadeadas. Acaba pegando essa energia e colocando onde ela realmente deve estar, que é no estudo”, conclui.
(Comunicação Setorial|UEG)