A Universidade Estadual de Goiás (UEG) acaba de assinalar um importante marco na ciência, com a descoberta de uma nova espécie de cigarra. A pesquisa, conduzida pelo professor Douglas Henrique Botura Maccagnan, docente do curso de Ciências Biológicas da UnU Iporá, contou com a colaboração de alunos e de um pesquisador internacional. A espécie foi batizada de Ariasa iporaensis, em alusão à cidade onde foi descoberta. O estudo, que foi publicado pela revista Neotropical Entomology, foi parcialmente financiado pelas chamadas "Fomento Próprio Pró-Laboratórios 2022" e "Pró-Pesquisa 2022" da UEG, disponibilizados pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRP).
De acordo com o professor Maccagnan, a escolha do nome reflete uma homenagem ao município de Iporá, onde a nova espécie foi abundantemente encontrada em praças e canteiros centrais da área urbana. “A descoberta foi uma surpresa, pois encontramos uma grande concentração dessa cigarra em ambientes urbanos, o que reforça a importância de Iporá como um ecossistema único”, explica o pesquisador.
A Ariasa iporaensis destaca-se por sua singularidade: ao contrário das cigarras que surgem durante as chuvas, ela pode ser observada entre março e setembro, quando a seca no Cerrado é intensa e há uma redução de insetos. “Esse comportamento pode tornar a Ariasa iporaensis uma fonte importante de nutrientes para outras espécies, especialmente aves”, ressalta Maccagnan.
Além disso, a cigarra é facilmente reconhecida por seu canto característico, semelhante a um assobio agudo que pode durar vários segundos. Esse aspecto acústico torna a Ariasa iporaensis um ícone na cidade de Iporá, que pode se tornar um ponto de estudo e educação ambiental, como espera o professor. A descoberta da espécie não só enriquece o conhecimento sobre a biodiversidade do Cerrado, mas também fortalece o papel da UEG como um centro de pesquisa de relevância nacional e internacional.
Processo de descoberta e nomeação da nova espécie
A descoberta de uma nova espécie segue um rigoroso processo científico, que inclui pesquisa de campo, análise laboratorial e o cumprimento das normas internacionais de nomenclatura biológica. O estudo da morfologia e genética dos espécimes permite confirmar a identidade da espécie, diferenciando-a de outras já descritas. Esse trabalho culmina na publicação de uma descrição detalhada em revistas científicas revisadas por pares, tornando a nova espécie parte do conhecimento científico global.
O nome científico de uma nova espécie é composto por dois termos: o gênero, que no caso é Ariasa, e o epíteto específico, que é iporaensis, fazendo referência ao local de origem da descoberta. A escolha do nome pode ter diversas motivações, como homenagear o local de coleta, as características do animal ou os colaboradores da pesquisa.
Laboratório de Entomologia da UEG de Iporá
O Laboratório de Entomologia da UEG de Iporá, coordenado pelo professor Maccagnan, é um centro de excelência no estudo das cigarras. A coleção do laboratório conta com mais de 30 espécies coletadas em Goiás. A UEG também disponibiliza em seu site imagens e sons de diversas cigarras, ampliando o acesso ao público e incentivando a educação científica.
Sobre o pesquisador
Douglas Henrique Botura Maccagnan é docente e coordenador do Laboratório de Entomologia da UEG de Iporá. Com mais de 20 anos de experiência em estudos sobre cigarras, possui uma carreira acadêmica sólida, com doutorado em Ciências pela USP e pós-doutorado na Embrapa. Maccagnan tem se destacado na pesquisa de ecologia, bioacústica, taxonomia e métodos alternativos de controle de cigarras, publicando diversos artigos científicos e capítulos de livros sobre o tema.
(Comunicação Setorial|UEG)