A Universidade Estadual de Goiás (UEG) desempenha um papel central na maior expedição científica já realizada no rio Araguaia, como parte do Programa Araguaia Vivo 2030. Os pesquisadores da Universidade se unem a outras instituições brasileiras para coletar dados sobre a biodiversidade aquática e a qualidade ambiental do rio, em um trabalho iniciado em fevereiro, com duração até o dia 26 deste mês.
O professor João Nabout, docente do curso de Ciências Biológicas e dos programas de pós-graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac) e de Engenharia Agrícola, no Câmpus Central da UEG, em Anápolis, coordena a atividade de “Biodiversidade Aquática”, trabalho que envolve uma equipe de dez bolsistas, além de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado. A expedição percorrerá mais de 3 mil quilômetros do rio, em um roteiro que passa por municípios como Aruanã, Bandeirantes e o distrito de Luiz Alves, em Goiás; Cocalinho, São Félix do Araguaia e Santa Terezinha, no Mato Grosso; além de Caseara, no Tocantins. Os pesquisadores pretendem ainda avançar até a região sul do Pará.
Durante a jornada, estão sendo verificados lagos da planície de inundação do rio, com uma ampla investigação sobre a biodiversidade. "A expedição está na fase de coleta de dados de campo, um eixo fundamental do projeto que visa mapear padrões ecológicos e identificar mudanças na biodiversidade aquática ao longo do gradiente ambiental do rio Araguaia. Estão sendo coletadas amostras de água, fitoplâncton, perifíton, zooplâncton, macrófitas e plantas terrestres em 150 lagos distribuídos ao longo do rio", explica Nabout. As equipes envolvidas conduzem também medições físico-químicas da água e amostragem das vegetações ripária (localizada próximo aos corpos d'água) e terrestre associada aos lagos.
A atividade utiliza novos recursos tecnológicos, como drones e imagens multiespectrais (diferentemente de imagens comuns, essas são registradas em diferentes comprimentos de onda). Segundo Nabout, a integração de “técnicas tradicionais e inovadoras permite ampliar a compreensão dos processos ecológicos, detectar mudanças ambientais com maior precisão e otimizar o monitoramento da biodiversidade nos lagos da planície de inundação”, afirma.
O Programa Araguaia Vivo 2030 conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e gestão da Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA), tendo a coordenação-geral da professora Mariana Pires de Campos Telles, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com esse formato e extensão, a expedição ocorre desde 2023, e deve resultar na elaboração de um dossiê científico para subsidiar novas pesquisas, além de políticas públicas de conservação e ações de desenvolvimento sustentável na região.
Saiba mais sobre o programa
A proposta do Programa Araguaia Vivo 2030 é proteger e, quando necessário, restaurar os ecossistemas fluviais e as florestas adjacentes, reconhecendo os desafios impostos pelas ameaças globais à biodiversidade de água doce.
Composto por 11 atividades interligadas, o programa conta com a colaboração de 23 instituições de pesquisa públicas e privadas espalhadas pelo Brasil, com o objetivo de fortalecer a conexão entre Ciência, sociedade e políticas socioambientais. A expedição também pode ser acompanhada pelo perfil Araguaia Vivo no Instagram.
(Comunicação Setorial|UEG)