A Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio do projeto de extensão Jardim Pedagógico do Cerrado, realizou nesta quinta-feira, 12, oficina com plantio de espécies arbóreas do Cerrado no terreno do Grupo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Ambientalmente Sustentáveis da Universidade Estadual de Goiás (Geptas|UEG), localizado próximo à marginal da BR-060, em Anápolis. A atividade foi idealizada pelos professores Bruno Moreno e Maryana Pinto, docentes da disciplina Projeto da Paisagem, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus Central (CET). O plantio envolveu estudantes de diversos cursos, além de docentes e servidores técnico-administrativos da UEG.
Durante a ação, foram plantadas mudas nativas divididas em núcleos de espécies pioneiras e não pioneiras, de forma a permitir que o crescimento da vegetação respeite o processo natural de sucessão, com a espécie que cresce primeiro servindo como um escudo de proteção para a que se desenvolve na sequência. Os núcleos de vegetação possuem 13 mudas cada, das quais nove são pioneiras e quatro, não pioneiras. As espécies complempladas são: ipê caraíba, angico preto, mogno, copaíba, ipê verde, jacarandá, jatobá, cedro, xixá, ingá, jenipapo, tamboril, embaúba, cagaita e feijão cru.
Além do curso de Arquitetura, o projeto interdisciplinar abrange integrantes de formações como engenharias Civil e Agrícola, Letras, Pedagogia, Física e História. Iniciada este ano, a ação extensionista envolve diretamente 19 acadêmicos e já está em sua segunda oficina, contemplando também a comunidade externa. A iniciativa conta ainda com a participação de instituições parceiras, como a Base Aérea de Anápolis, que doou mudas de seu viveiro para a realização do plantio, e o coletivo de restauração de processos ecológicos Plantadores de Água, grupo sediado em Goiânia, que compartilha seus conhecimentos técnicos acumulados, sobretudo em ações desenvolvidas no ambiente urbano da capital. O trabalho também se articula com as ações da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap), a qual os professores Maryana Pinto e Bruno Moreno integram em Goiás.
Sobre o projeto
O professor Bruno Moreno explica que o Jardim Pedagógico do Cerrado nasceu de uma inquietação não só dos idealizadores, mas de outras pessoas que os antecederam. “A gente tem estudado Cerrado há algum tempo e percebe que sua flora não é valorizada. E não é porque não é conhecida. Se você hoje tenta fazer um jardim com espécies do Cerrado, tem muita dificuldade, porque não são espécies comercializadas. Propomos esse projeto de extensão com o propósito de, no âmbito da comunidade acadêmica e externa, primeiro conhecer um pouco melhor sobre essas espécies e suas potencialidades e, depois, tentar fazer um jardim experimental. Temos uma certa hegemonia de uma fitofisionomia que é muito florestal no nosso país. E o Cerrado é uma savana, com várias fitofisionomias, inclusive a que não é formada por árvores, mas sim por arvoretas, arbustos e assim por diante”, explica.
O projeto utiliza a Casa de Vegetação do curso de Engenharia Agrícola para propagar tentativas de germinação de algumas espécies nativas. O espaço é uma área protegida de insolação e com controle de irrigação onde são cultivadas espécies não comerciais. Já a área de plantio do Geptas, segundo o professor, é um solo mais fértil, com boa perspectiva de recuperação para transformação em bosque. “Por isso estamos trabalhando só com arbóreos, que é o estrato que também vamos encontrar mais facilmente nos viveiros”, afirma.
A professora Maryana Pinto ressalta que a proposta do Jardim Pedagógico do Cerrado não é só divulgar as espécies, mas fazer com que os estudantes consigam ter uma melhor percepção do Cerrado. “Estamos num bioma com importância imensa, mas a gente não sabe olhar para ele e lê-lo. E dentro do projeto da paisagem, o que percebemos é que o uso paisagístico, na sua imensa maioria, é de espécies exóticas. Num país que tem a flora do tamanho que é a do Brasil e num bioma como esse, tão rico e diverso, é muito triste que os nossos alunos não consigam ver beleza. Então, nossa ideia é ser pedagógico a esse ponto: que eles consigam ler as espécies e enxergar beleza nelas”, ressalta.
De acordo com a professora, com o bosque no terreno do Geptas pretende-se criar uma massa vegetativa bem fechada, que sirva como barreira verde para a própria rodovia, muito próxima à área da Universidade. Futuramente, a intenção é expandir a vegetação para áreas ao redor do Grupo.
Participação
Participante da oficina de plantio, a estudante Agatha Cristina Moreira, do curso de Arquitetura e Urbanismo, elogiou o projeto. “Vim e estou achando uma maravilha. Eu precisava muito desse momento de paz e de conexão com a natureza”, disse ela, que participou do plantio direto pela primeira vez, embora já tivesse auxiliado no cuidado com as mudas em outra oportunidade.
O plantio realizado nesta etapa passará por monitoramento constante. Em fevereiro, deverão ser quantificadas e avaliadas as mudas sobreviventes, com medição de diâmetro, altura, entre outros aspectos.
(Comunicação Setorial|UEG)