Estudante busca marido para projeto de faculdade
Da BBC-Brasil
Uma estudante britânica ficou tão desiludida ao tentar arranjar um marido que resolveu transformar essa missão em um trabalho de faculdade.
Alex Humphreys, de 23 anos, criou "The Husband Project " ("O Projeto Marido") - um trabalho de arte conceitual que ela vai apresentar em seu curso na Faculdade de Arte e Design de Leeds, na Inglaterra.
A estudante anunciou em seu blog e em sua página no site de relacionamentos Facebook que pretende encontrar e se casar com um homem nos próximos três meses e irá incluir a certidão de casamento em seu trabalho acadêmico final.
"Eu não quero despertar quando tiver 30 anos e pensar: Oh meu Deus, estou sozinha!", disse Humphreys, de acordo com o jornal britânico The Sunday Times . "É melhor dizer que estou buscando um relacionamento, não só um amasso." Humphreys coloca entre as exigências para o candidato a marido que ele seja tão alto ou mais alto do que ela e que tenha senso de humor.
Mais de 150 supostos pretendentes responderam ao apelo da britânica na internet e dez foram selecionados.
A estudante já teve um primeiro encontro com um dos pretendentes, Adam Mussett, de 27 anos. Humphreys disse que gostou dele e pode vê-lo novamente, mas não desistiu de dar uma oportunidade a outros.
Ela disse que pode inclusive ir até Chicago, nos Estados Unidos, para um encontro com outro candidato a marido na lista de dez.
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Mistério no campus da USP
Gilberto Dimenstein da Folha Online
Há um mistério no campus da USP --e, por esse mistério, se vê como é difícil melhorar a educação pública, mesmo nas situações mais favoráveis.
Seria óbvio que a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, encravada no campus, cercada de tantos e tão magníficos recursos, tivesse um desempenho brilhante se comparada aos demais colégios da rede estadual. Ainda mais porque boa parte dos alunos daquela escola são filhos de funcionários e de professores.
Pinçando os números dos IDESP, notei que eles estão, no ensino médio, em 10º lugar numa lista apenas da cidade de São Paulo --volto a repetir, apenas da cidade.
O mistério se agrava porque não é um problema novo. Já escrevi sobre o péssimo exemplo que era uma faculdade de educação da mais renomada universidade do país gerenciar uma escola pública que não fosse uma das melhores do Brasil, mesmo comparadas com as privadas. Mesmo entre as públicas, não é a melhor nem no Estado nem na cidade --e nem na sua região dentro da cidade, onde é superada por colégios que não têm a chance de escolher seus alunos.
Por que, diante da repercussão das notícias em anos anteriores, não conseguiram fazer um esforço concentrado" Por que não envolveram outras faculdades dos campus" Por que não encontraram meios de transformar os laboratórios da USP em extensão de suas salas" Por que não envolveram voluntários entre os universitários"
Se na USP que é USP é assim, imaginem como estão as faculdades de educação no Brasil --e como o caminho para um bom ensino público é mais árduo do que se imagina.
Curioso é que acadêmicos daquela faculdade são chamados, pela mídia, para fazer críticas sobre a educação. Por que não começam a mudar a escola que gerenciam e que deveria servir de um laboratório para o resto do país" Ou, no mínimo, para seu bairro.
Como se vê no IDESP, lugares como muito menos recursos foram muito mais longe.
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Comissão de Jornalismo faz primeira audiência para revisar currículos
Do MEC
Rio de Janeiro, 20/3/2009 – A importância de uma formação que contemple a área de humanidades, e que ao mesmo tempo garanta a formação de um profissional com habilidades para atuar nas diversas mídias, foi um dos temas discutidos na primeira audiência pública sobre a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de jornalismo. A audiência reuniu pesquisadores, professores, estudantes e coordenadores desses cursos, na manhã desta sexta-feira, 20, no Rio de Janeiro.
O aprofundamento da importância do tripé ensino, pesquisa e extensão e o papel do estágio na formação do jornalista também foram destacados pelos participantes.
Na abertura do encontro, o diretor de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Roberto Wollinger, destacou o papel constitucional do órgão em manter atualizadas as diretrizes que norteiam os cursos de graduação. “Algumas profissões passaram por profundas mudanças nos últimos anos e por isso faz-se necessária a revisão das diretrizes curriculares de diversos cursos”, observou ele. “O que estamos discutindo é o aprimoramento do processo de formação, e o jornalismo está sendo o primeiro deles.”
A próxima audiência pública está marcada para o dia 24 de abril, em Recife, e terá como público representantes do mercado de trabalho do jornalismo. A terceira edição acontecerá em São Paulo (SP), no dia 18 de maio e receberá as contribuições dos movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais setores da sociedade civil.
Até o dia 30 de março, alunos, professores, pesquisadores, profissionais e representantes dos diversos segmentos da sociedade civil também podem participar enviando suas contribuições sobre dois principais temas: o perfil desejável do profissional de jornalismo, e as principais competências a serem adquiridas durante a graduação. O contato para o envio das contribuições é consulta.jornalismo@mec.gov.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. .
Ao final do encontro, o presidente da comissão de especialistas constituída pela Secretaria de Educação Superior (Sesu) para subsidiar o MEC no trabalho de revisão das diretrizes, professor Jose Marques de Melo, destacou a importância do espaço para a construção da proposta a ser formulada pela comissão. “A audiência foi muito positiva, principalmente porque contou com a representação de diversas regiões, e mostrou que o principal consenso que temos é a busca comum pela melhoria da qualidade do ensino de jornalismo nas instituições de educação superior do país”, destacou.
Entre as entidades que participaram da primeira audiência pública, estão representantes da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), além de professores e alunos de instituições públicas e privadas.
A Comissão de Especialistas em Jornalismo, constituída pela Portaria no 203/2009, é constituída por: José Marques de Melo, presidente; Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior (Universidade Federal de Pernambuco), Eduardo Barreto Vianna Meditsch (Universidade Federal de Santa Catarina), Lucia Maria Araújo (Canal Futura), Luiz Gonzaga Motta (Universidade de Brasília), Manuel Carlos da Conceição Chaparro (Universidade de São Paulo), Sergio Augusto Soares Mattos (Universidade Federal do Recôncavo Baiano), Sonia Virgínia Moreira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Rúbia Baptista - MEC
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Alunos tentam linchar professor em escola de Salvador
UOL Notícias
Dois dias após um grupo de bandidos invadir uma escola estadual e assassinar um aluno dentro da sala de aula, um novo fato de violência é registrado em outra escola pública de Salvador. Um grupo de cerca de 300 alunos tentou linchar um professor de educação física, cujo nome não foi revelado, no Colégio Estadual Padre Palmeira, no bairro de Mussurunga, no final da tarde de quarta-feira (25).
O professor, que tem cerca de 18 anos de serviços prestados ao Estado, teria empurrado uma aluna da 7ª série, fazendo com que ela batesse a cabeça contra uma parede, na quadra de esportes da unidade de ensino. Embora não apresente hematomas, a menina apresenta outra versão: que o docente teria batido a sua cabeça várias vezes contra a parede.
Como não conseguiram agredir o professor, os alunos promoveram cenas de vandalismo dentro da escola, quebrando vidraças, portas e banheiros. Com a dispensa das turmas, promovida pela direção da escola, os alunos concentraram-se em frente ao colégio, esperando pela saída do professor.
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MEC apresenta projeto para unificar vestibular de federais
O ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou nesta quarta-feira um projeto para unificar os vestibulares das universidades federais. A idéia é criar um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que funcionaria como forma de seleção para essas instituições.
A proposta formal será entregue na próxima segunda-feira à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para que seja discutida nas universidades. O ministro espera que o novo vestibular possa ser aplicado ainda esse ano, para ingresso dos alunos em 2010.
"Esse assunto é discutido há décadas e nós estamos maduros o suficiente para dar um passo adiante e rever os nossos processos seletivos que hoje padecem de problemas graves. Eles sinalizam mal como deveria ser o currículo do ensino médio", defendeu Haddad.
Outro ponto positivo da proposta, segundo Haddad, é o fato de que o aluno não precisaria fazer vários vestibulares, mas apenas um que teria validade nacional. Haddad citou que modelo semelhante é aplicado nos Estados Unidos com a SAT (Scholastic Assessment Test), uma prova única que serve como ingresso para todas as instituições.
A adesão ao vestibular nacional dependerá de cada universidade, que tem autonomia para decidir de que forma poderá incorporar a prova em seu processo seletivo. O modelo do exame ainda será discutido com as instituições. Mas, segundo ministro, a idéia é que seja um meio-termo entre o Enem e o vestibular atual.
"Nós queremos um exame que corrija as distorções do vestibular e do Enem. A forma do Enem perguntar é muito interessante, mas ele carece de conteúdos organizativos do ensino médio. O vestibular é fortemente conteudista, mas na maneira de perguntar distorce a realidade do ensino médio. Nós queremos ter um exame nacional que dê conta do conteúdo, mas de forma inteligente, que julgue a capacidade analítica dos estudantes e promova uma mudança na atuação em sala de aula do professor", comparou.
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Câmara cria "Dia do Professor de Ensino Técnico" e nomeia 2009 o "Ano da Educação Profissional"
Da Redação Portal Terra*
A Câmara aprovou nesta quinta-feira (26) um projeto de lei que cria o Dia Nacional dos Profissionais de Nível Técnico. A data será celebrada no dia 23 de setembro. A proposta foi aprovada pelos parlamentares na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) e segue para a sanção presidencial.
O projeto de lei aprovado, com origem no Senado, ainda estabelece que 2009 é o "Ano da Educação Profissional e Tecnológica".
O dia 23 foi escolhido para lembrar o trabalho dos docentes de escolas técnicas porque, em 1909, o então presidente da República Nilo Peçanha criou as primeiras Escolas de Artífices do País, embrião dos atuais Ifets (Institutos Federais de Educação Tecnológica).
Aprovação de celebrações
Além da data do professor de ensino técnico, os parlamentares instituíram nesta quinta-feira o "Dia do Plano Nacional de Educação", que deve ser comemorado em 12 de dezembro. Esse projeto tem caráter conclusivo na Câmara e segue para avaliação dos senadores.
* Com informações da Agência Câmara
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Decreto do governo restringirá uso de fundações por universidades
Da Redação do UOL Educação*
Em audiência pública nesta quinta-feira (26) na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o representante do MEC (Ministério da Educação) José Rubens Rebelato disse que o governo está trabalhando em um decreto que permita aos reitores usarem menos as fundações ligadas às universidades.
A relação entre fundações e universidades sofreu algumas restrições após um acórdão do TCU (Tribunal de Contas da União) publicado no final do ano passado, após denúncias de irregularidades envolvendo uma fundação ligada à UnB (Universidade de Brasília).
Rebelato explicou que uma das medidas permitirá às universidades utilizarem recursos orçamentários de um ano no ano seguinte. Hoje, elas repassam o dinheiro às fundações para evitar a devolução dos recursos. Outra idéia é autorizar o pagamento de trabalhos extras dos docentes na folha de salários normal.
"Estamos trabalhando em mecanismos que tornem estas ações legais de maneira tal que a universidade não tenha a necessidade de utilizar a fundação para as suas atividades finais", explicou Rebelato.
Reitores multados
O reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ronaldo Tadeu Pena, disse que vários colegas foram multados pelo TCU por usarem as fundações, quando o objetivo era economizar recursos ou aumentar o potencial de pesquisa da instituição.
A própria UFMG foi proibida de usar a fundação para gerenciar obras de engenharia dentro do campus. "Estamos fazendo o trabalho que uma construtora faria", explicou.
Para Rebelato, as fundações foram a solução encontrada pelas universidades para se tornarem mais ágeis na resposta às demandas da sociedade. Airton Grazzioli, promotor do Ministério Público de São Paulo, afirmou que as fundações não têm o lucro como objetivo.
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Para Serra, nota baixa em SP se deve a problema dentro da sala de aula
Do UOL Educação
O governador José Serra (PSDB) disse nesta quarta-feira (25), durante o anúncio da bonificação por mérito do Estado de São Paulo, que a maior dificuldade do ensino se concentra na sala de aula: "Tenho dado aulas nas escolas com bastante frequência e o que vejo é que o problema está no aprendizado, na sala de aula, e não na infraestrutura, que em geral é muito boa".
Na semana passada, os dados divulgados pelo governo mostraram que, apesar da melhora no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), as notas da educação paulista não passavam de 4, em uma escala de 0 a 10 pontos.
Serra afirmou que as escolas tiveram grande avanço na parte material, mas que ainda falta melhorar mais na sala de aula --daí a importância de "avaliar a produtividade das escolas" e de premiar as que tiveram melhor desempenho. "Houve uma deterioração do ensino ao longo de décadas, relacionada a diversos fatores; até mesmo metodológicos, como, por exemplo, o de que não é necessário decorar a tabuada", disse.
Em SP, 72,4% dos servidores da educação vão receber bônus
Para 2009, a Secretaria de Educação espera dar até R$ 700 milhões de bônus para a educação: "O orçamento de 2009 prevê R$ 630 milhões para a bonificação referente à 2009, mas já começamos a economizar para no ano que vem garantirmos pelo menos R$ 700 milhões", disse a secretária Maria Helena Guimarães de Castro.
O orçamento da pasta para esse ano é de R$ 15,8 bilhões. Dez por cento do montante são destinados a investimentos. Desse valor virão também os R$ 70 milhões que devem ser adicionados ao orçamento do bônus de 2009.
Mudança na lei
Segundo o governador, a lei do bônus não sofreu mudanças; o que houve foi uma regulamentação por parte da secretaria que decidiu dar uma gratificação para 10% das escolas que tiveram melhor índice no Idesp para "Incentivá-las para que continuem batalhando".
Assim, o bônus será calculado sobre o crescimento do Idesp para o conjunto do Estado, que é de 63,7%. As equipes dessas escolas ganharão 1,5 salário a mais. Se a escola está entre as melhores e cumpriu metas, ganhará proporcionalmente por seu desempenho.
Com a inclusão das melhores escolas, 230 escolas serão beneficiadas - 32 delas não receberiam bônus e 198 tiveram o benefício ampliado a 63,7%. A secretaria afirmou que os professores receberão holerite com o boletim na escola e que o pagamento do benefício sairá até o dia 31 de março.
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Mangabeira propõe método de ensino para centros tecnológicos
Um projeto de qualificação, ampliação ao acesso e reestruturação na rede de escolas federais de ensino médio tecnológicas foi proposto nesta quarta-feira a reitores das instituições pelo ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, da Presidência da República, Mangabeira Unger.
A sugestão foi feita durante o segundo dia do encontro do Conselho de Dirigentes dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFTs), em Brasília.
Na reunião, o ministro apresentou aos integrantes da comissão a proposta de incluir no ensino das instituições tecnológicas um método de aprendizagem capacitador e analítico ao invés do tradicional que vem sendo usado.
Segundo Mangabeira, o objetivo é proporcionar ao jovem estudante maior preparo para o mercado de trabalho e, assim, oferecer um leque mais amplo de oportunidades para o emprego. "O projeto começaria com uma nova escola média, com uma combinação do ensino geral, porém de orientação analítica e capacitadora, com o ensino técnico voltado para o domínio das capacitações práticas genéricas e flexíveis", explicou o ministro.
Para a reitora do Instituto Federal Tecnológico de Santa Catarina e vice-presidente do conselho, Consuelo Sielski, as propostas para um novo modelo de ensino nas instituições são um incentivo à melhoria da qualidade da educação do país e vão proporcionar aos jovens um amplo espaço no mercado de trabalho.
"O projeto é voltado para a rede de ensino médio para a profissionalização, é um incentivo ao empreendedorismo. Nós ficamos bem satisfeitos com a apresentação do projeto", disse a reitora. Segundo ela, esse foi o primeiro encontro com Mangabeira para discutir o modelo de desenvolvimento das escolas e a previsão para o início da sua implantação ainda está em discussão. "Estamos estudando as propostas", afirmou.
O Brasil conta com 140 Instituições Federais Tecnológicas em todas as regiões do País. Outras 15 estão em fase de construção. A previsão do governo é abrir 60 mil matrículas nesses estabelecimentos de ensino, com um investimento de R$ 398 milhões até 2011.
Agência Brasil
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Teatro rima com educação"
Um teatro que educa e constrói - Mané Beiçudo
Ao longo dos anos a “forma” tem sido uma das maiores preocupações dos que lidam, no dia a dia, com a produção artística. Quando não um pesadelo, se torna ao menos uma questão perturbadora. Para os teatrólogos-educadores assume um contorno um tanto diferenciado, dado às peculiaridades desta arte - o teatro - onde a vida é na realidade, recriada e revivida sobre um simples estrado; quando o homem alça vôo rumo a outros horizontes, outros mundos, novos universos.
Nas diferentes épocas também o teatro foi acompanhando, com desenvoltura, as novas exigências que a sociedade estabelecia. Os espetáculos em seu aspecto formal acompanharam as evoluções do tempo e dos costumes, se mostrando ora rebuscados, espalhafatosos e medíocres, ora oníricos, sublimes e contundentes.
Contemporaneamente, com o advento da era moderna, do micro-chips, da generalização da informática, da internet, da massificação da televisão, a cultura popular parece perder espaço.
Através da televisão – o grande instrumento de comunicação de massa - é incorporada ao cotidiano dos indivíduos uma estética cada vez mais agradável aos sentidos, mais perfeita na forma, mas em contrapartida, mais vazia de conteúdo.
Milhões de pessoas em todo o mundo, famintas e desesperadas, desempregadas e desoladas, se vêem inseridas no luxo da grã-finagem das novelas e dos enlatados, “vivenciando” inacreditáveis contos de fada que expressam realidades intangíveis, fora de alcance dos mortais comuns.
Ainda que inconscientemente - o que torna o quadro mais grave e seu enfrentamento mais difícil - essa “cultura” alienante é incorporada às manifestações artísticas locais, despersonificando cada vez em maior grau, a cultura, os valores e as tradições genuinamente populares.
É bom salientar que o processo educativo-cultural deve ser infinitamente mais amplo que a megalomania colonizadora e oficialesca de incentivar tão somente os festejos populares, os folguedos e o folclore. Quando ocorre a promoção intensiva do folclore – ignorando as demais formas de manifestações culturais e artísticas - estamos tão somente replicando o modelo colonizador, insistindo à exaustão na repetição pela repetição, na inércia, sem abrir espaços para o que é novo e renovador, impedindo a ação do movimento. Quando valorizamos apenas e tão somente o artesanal, o que se repete sem modificações, estamos estimulando o não transforma, o não questiona, o não critica, o não incomoda.
O folclore e as tradições populares são importantes e fundamentais porque compõem o substrato de nossa identidade cultural, de nossa formação enquanto um povo, uma nação. É necessário estudá-los, compreendê-los, divulgá-los, mas sem que isso limite nossa capacidade de continuar criando, inovando, refletindo sobre nossa produção. Assim como devemos manter as portas escancaradas para o folclore, devemos mantê-las também para a arte que conduz à crítica, que leva à reflexão, que enseja a transformação, a arte que se nutre nas ruas, nas fábricas, nas escolas...
Os grupos teatrais inseridos neste processo também são vítimas dele. A falta de acesso à capacitação - resultante em grande parte da adoção de políticas públicas equivocadas, faz com que, não raro, nos deparemos com grupos imitando cantores da moda, shows televisivos, os últimos “sucessos” da ocasião, levando o coração à boca para assegurar a aquisição do “estroboscópio” - impacto da novela das oito; relegando a realidade objetiva à um enésimo plano. Então ignoram o dia a dia das comunidades, ignoram o processo de busca por uma estética popular, passam a desdenhar a imperiosa necessidade de interagir com os que estão bem ao lado.
Como conseqüência imediata, os grupos tendem a ignorar os diversos elementos cênicos que, conjugados, possibilitam à platéia uma imersão mais profunda no contexto abordado e na realidade local. Há até mesmo os que se deixam engabelar por uma compreensão errônea do Teatro Pobre de Jerzy Grotowski.
O diretor polonês desenvolveu uma série de técnicas, baseadas em sua realidade européia, cujo objetivo era acentuar o processo de identificação ator/espectador. Nesta metodologia os elementos cênicos são desprezados em função da interação pretendida.
Não devemos perder de vista que a realidade brasileira é bem diferente, bastante distinta da européia.
As diferenças são gritantes e falam por si. Aqui somos o melhor da Bélgica com o que de pior existe na Biafra. Algumas poucas ilhas de excelência envoltas em um mar de fome e miséria. Este é o Brasil das inacreditáveis contradições, da descomunal concentração da renda, da perversa injustiça social, o lugar e o espaço onde o século XXI carrega as heranças malditas do XV.
O povo tem direito à arte em sua forma mais aperfeiçoada e lúdica, em seu conteúdo mais transformador. Pois não é do povo que a arte emana"
Deve resultar daí um novo contexto, uma nova realidade em que o povo deixa de ser objeto e passa a atuar como sujeito da ação.
O fundamental é aprofundar os processos de identificação com o povo, com as comunidades locais, revigorando o teatro, embebendo-o dos costumes, crendices e manifestações que só a comunidade, em séculos de elaboração, foi capaz de manejar.
Todo o esforço será pouco no sentido de retornar ao povo uma arte esteticamente bela, lúdica, estruturalmente embebida de conflitos sociais, comprometida com a comunidade, libertária em sua essência. Todos os recursos cênicos deverão ser disponibilizados na busca desta linguagem popular.
Maquilagem, iluminação, cenários e adereços são meios que devemos dispor para alcançar este desafio. Ignorá-los, como fez Grotowski, não será boa medida. O desafio será aperfeiçoá-los, adequando-os à nossa realidade, utilizando o material disponível na praça, adotando uma postura adequada, uma postura que educa e constrói.
Mais grave que a falta de condições materiais para o desenvolvimento da arte, é a falta de condições para que o artista possa, com desenvoltura, efetuar a análise crítica de sua produção e da própria sociedade. Esta última condição é pedra de sustentação da cultura popular, pedra angular do teatro de bonecos Mané Beiçudo, um teatro concebido para a educação.
Este contexto – onde a leitura crítica da realidade é enviesada - gera uma situação em que os grupos, por força das circunstâncias, passam a - sem fontes de financiamento - imitar e repetir o que a televisão produz com fartos e ilimitados recursos. O resultado não poderia ser outro senão o supra-sumo do ridículo, do fracasso, do medíocre. Automaticamente o público relaciona o que vê no palco com o que assiste na TV e... desaparece dos teatros.
O resgate das autenticas manifestações culturais populares é o primeiro passo para se consolidar, nos planos teórico e prático, um teatro verdadeiramente popular. O modo de viver, andar, falar, vestir, pensar, as ansiedades e aspirações da comunidade, tudo são variantes que devem ser conhecidas em profundidade.
Um outro passo é incorporar a consciência de que a falta de recursos financeiros não está, necessariamentevinculado ao espetáculo insosso, de mau gosto, desagradável e mal elaborado. A carência financeira deve ser compensada por altas e concentradas doses de criatividade, qualidade farta e que lateja em nossa gente. Criatividade que de tão intensa transborda em nossos festejos e manifestações populares.
A mobilização da sociedade por mais investimentos em cultura e educação, deve caminhar lado a lado com a incansável luta por um processo de capacitação que priorize a técnica e a estética alternativa.
É necessário conquistar efetivamente uma estética popular, transformando o pouco que temos em um espetáculo encantador, mágico, crítico, renovador, características fundamentais no teatro que procuramos.
Ninguém melhor que Brecht para dirimir esta questão: “temos na verdade, necessidade de um teatro ingênuo, mas não primitivo; poético e não romântico; próximo da realidade, mas não imbuído de politicalha”.
Estes componentes figuram de forma explícita no Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. Um teatro fruto da atuação conjunta de artistas, educadores e comunidade. Da dramaturgia à concepção do espetáculo, tudo é elaborado de forma coletiva, numa perspectiva de, compreendendo a realidade, desnudando suas variadas facetas, cuidar de sua transformação – zelando pelos processos lúdico, crítico e planejado. Este é o objetivo do Teatro Popular de Mané Beiçudo. Um teatro concebido e estruturado para responder às demandas do ensino e da educação.
A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de Produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos