Na próxima quinta-feira, 19, às 19h, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), durante a sessão Cine Nepretude – Produção Audiovisual Negra em Goiás, organizada pelo coletivo Cine Nepretude e Cineclube Laranjeiras, será feita a apresentação de estreia do documentário Courage, produzido por egressos do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O filme retrata o cotidiano de Grace Elvira Habit, uma imigrante camaronesa em Goiânia, sua rotina, a distância da família e a solidão vivida numa metrópole.
De acordo com a equipe, o objetivo do filme não é o de generalizar uma noção sobre a experiência de um imigrante e projetá-la na figura de Grace. “Ao mostrarmos para o espectador como é a experiência de se viver numa terra estrangeira e longe da família, distante da familiaridade cultural e tudo o que ela envolve, nós também lançamos um novo olhar sobre aquilo que está próximo e vivenciado por nós mesmos. Vemos Goiânia e a nossa cultura com outra percepção”, explica a produtora e co-diretora Victoria Nolasco, de 28 anos.
“O que guiou nosso processo foi a busca em estabelecer um recorte sobre a vida da Grace, e a partir disso criar um retrato que pudesse dialogar com qualquer público. A partir do cotidiano que mostramos no filme, qualquer pessoa pode se identificar com aquela vivência mostrada ali, na tela”, pontua o fotógrafo e cineasta Leonardy Sales, de 22 anos.
O documentário, que foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, e operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, é uma produção independente e foi realizado com uma equipe reduzida. “Ainda bem, porque na minha casa mal estava cabendo as pessoas que faziam o filme”, brinca Grace Habit, de 22 anos.
“Eu sempre quis ser atriz mas, quando meus amigos me chamaram para fazer parte do projeto, eu nem acreditei. E confesso que tive muito medo. Porque não era uma personagem fictícia que queriam que eu performasse, mas queriam filmar a mim mesma”, conta a estudante de publicidade.
Para Grace, compartilhar momentos de felicidade com os amigos brasileiros e relatar sobre sua angústia de estar longe de casa e da família representaram um momento delicado. “Me senti muito exposta, mas também me senti protegida, e percebi que todas minhas inseguranças eram acolhidas. Em momento algum eu esqueci que quem estava por trás das luzes e das câmeras, quem usava os fones e o gravador, não era somente uma equipe de profissionais sérios, mas também eram meus amigos. Eles já sabiam de boa parte do que eu sentia e pensava sobre o que estou vivendo aqui em Goiânia, tão longe de casa”, relata Grace.
Os diretores reforçam que o filme é também uma celebração da amizade. “Nós escolhemos a Grace porque nossa vida foi transformada por ela. Assim como ela se sentiu exposta, nós também sentimos o peso da responsabilidade que é o de expor a sua intimidade. E mostrar isso com a mesma sinceridade que ela guardava só para si ou para as nossas rodas de conversa e confraternização”, expõe Victoria.
“É por tudo isso, pelas experiências da Grace no Brasil, pela coragem e o constante sorriso no rosto com que ela encara a vida, por nossa tarefa de fazer um cinema independente e que destaca a nossa cultura e as pessoas que a enriquecem, que o título do nosso filme não poderia ser diferente. Só é possível explorar os limites da criação artística com coragem, e para uma arte que só é feita em coletivo, nós nos abastecemos dela apoiando uns aos outros”, conclui Leonardy.
(Comunicação Setorial|UEG)