A história da resistência negra é também a história da construção do Brasil. Neste Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a UEG reafirma o compromisso com a igualdade e a luta contra o racismo. Este ano, pela primeira vez, a data será feriado nacional, após a sanção da Lei 14.759/23, em dezembro de 2023, o que reforça a importância desse dia no calendário oficial do país.
O dia 20 de novembro, foi escolhido para homenagear Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil. Zumbi foi morto em 1695, e sua trajetória representa a luta pela liberdade e os ideais de resistência e dignidade dos povos negros escravizados. Os quilombos, como o de Palmares, eram comunidades fundadas por escravizados que fugiam das fazendas e engenhos, buscando refúgio onde pudessem viver em liberdade e preservar sua cultura. Zumbi, como figura central, tornou-se um ícone da luta contra a opressão e da busca por igualdade e direitos para o povo negro no Brasil.
Para Bernardo Silva Santos, aluno de Educação Física da UEG, também é uma oportunidade de reconhecer as lutas contra o racismo e refletir sobre a necessidade de igualdade de oportunidades. Nesse contexto, Bernardo comenta que a UEG contribuiu para a compreensão das questões raciais incluindo disciplinas nos cursos que abordam a cultura afro-brasileira e estudos de raça e etnia, promovendo eventos que incentivam o debate. Com relação a representatividade na universidade, ele comenta que sentir-se representado vai além de ver outras pessoas negras na universidade; “é sobre perceber que há espaço para as diversas vozes serem ouvidas, valorizadas e respeitadas”, coloca.
“A Universidade Estadual de Goiás se esforça para criar um ambiente inclusivo para pessoas negras, especialmente através de políticas afirmativas e atividades de conscientização”, essa fala do aluno da UnU Eseffego lembra que a instituição foi uma das pioneiras no sistema de cotas raciais, implementado em 2005. Contudo, ainda há desafios a serem enfrentados, tendo em vista que a inclusão plena exige mudanças contínuas e uma postura ativa contra a discriminação, que passa tanto por políticas institucionais quanto pela criação de espaços de diálogo e acolhimento para que a diversidade seja realmente valorizada.
Ainda é importante refletir sobre outra esfera, o gênero. Assim, lembramos de Dandara dos Palmares. Mulher guerreira do período colonial do Brasil no Quilombo de Palmares, um dos principais nomes da luta negra no Brasil. Ela nasceu livre, mas desde criança se uniu aos quilombolas para lutar contra escravidão. Seus ideais e sua voz ainda ecoam nos dias de hoje, pois Dandara são muitas.
Karollainy Santos Silva, aluna de Ciências Biológicas da UEG em Iporá, vê o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como uma oportunidade de valorização cultural. Para ela, a data não é apenas uma celebração, mas um momento de reconhecimento da importância da cultura afro-brasileira e de luta contra o racismo. Karollainy destaca que a UEG oferece um ambiente para discutir questões raciais e celebrar a diversidade, o que enriquece sua experiência acadêmica.
“Sinto que há uma representação crescente, mas ainda há muito a ser feito”. Karollainy também menciona a relevância do apoio da UEG em várias áreas, como as bolsas de auxílio, que foram fundamentais para sua permanência na universidade.
Kely Cristina de Morais, pedagoga formada pela UEG em 2007, reforça que o dia veio para mostrar e informar o quanto a sociedade precisa se conscientizar da história e cultura do povo negro que ajudou a construir o país e que a cor da pele não é um rótulo e sim uma herança. “Como mulher preta ao longo da minha vida, sofri e sofro muito preconceito, quando comecei a exercer a minha profissão não tive muito ajuda e nem espaço. A sociedade ainda está enraizada com a questão que pessoas negras têm que exercer funções braçais, serviços de limpeza, ou seja, cargos menos favorecidos”, comenta. Assim, ela conta que aprendeu a se posicionar e mostrar que é capaz e de que pode estar em qualquer lugar.
Segundo ela, o papel da universidade é muito importante para a formação e conscientização dos discentes a respeito do racismo e inclusão. “A educação é a principal forma de ensinar, orientar e conscientizar a todos, começando desde a educação infantil à base até a universidade, debatendo o assunto, envolvendo a todos na pluralidade cultural com respeito e empatia”, enfatiza.
Aos poucos vamos conseguindo espaço, fui muito bem acolhida na UEG e sou muito grata a todos", a professora especialista em educação infantil comenta que tem aprendido muito. "Quando falo que trabalho na UEG algumas pessoas reagem com espanto, mas quando escutam falar e explicar sobre o trabalho que realizo através dos discentes com necessidades educacionais especiais elas demonstram admiração", conclui. Como menciona, em frase de Nelson Mandela: "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é um momento para reafirmar o compromisso com uma sociedade que reconheça e valorize sua história e diversidade. Na UEG, a data é uma oportunidade para reflexão, aprendizado e para o fortalecimento do compromisso com uma universidade mais plural e acolhedora para todos.
(Gilnara Peixoto Batista|Comunicação Setorial|UEG)