Aconteceu na manhã desta segunda-feira, 11, no Centro de Convenções de Anápolis, a abertura oficial do X Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual de Goiás (Cepe|UEG). A conferência magna ficou a cargo do professor, pesquisador e escritor Altair Sales Barbosa.
Estiveram presentes na cerimônia de abertura o reitor da UEG, prof. Antonio Cruvinel; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, prof. Claudio Stacheira; a pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis, profa. Sandra Máscimo; o pró-reitor de Graduação, prof. Raoni Ribeiro; e a diretora de Gestão Integrada, Neusa Ravaroto.
O prof. Antonio Cruvinel afirmou que o trabalho feito na UEG é de longo prazo. "O Cepe não planta soja, planta jabuticabas. Planta-se soja para colher em 60, 90 dias. Meu avô dizia que quem planta jabuticaba da semente não chupa do fruto, porque uma jabuticaba nativa demora 20 anos para dar frutos. Nós não estamos aqui para o efêmero. Estamos aqui para discutir uma universidade que cada vez mais tem raízes, cada vez mais estará presente na vida do povo goiano", explicou.
O prof. Cláudio Stacheira destacou a relevância de debater o cerrado no Cepe. “Este Cepe celebra a riqueza que as ações da graduação, extensão, da pesquisa e da pós-graduação geram na nossa universidade e transformam a vida das pessoas dentro do cerrado goiano. O cerrado é um assunto que cabe em todas as nossas agendas na UEG, da gestão à ação acadêmica que acontece no território. Essa é a grande discussão a ser feita durante o Cepe”, disse.
Para a profa. Sandra Máscimo, o Cepe é um convite à reflexão. “Esse evento é um chamamento para olharmos para dentro e pensarmos de forma coletiva e dialógica sobre qual o nosso papel dentro da universidade como agentes multiplicadores de proposituras para trabalharmos o cerrado de maneira sustentável, encarando o cerrado não apenas como um bioma no aspecto ambiental, mas como um espaço cultural, econômico e social”, destacou.
Neusa Ravaroto ressaltou o papel da universidade na transformação social. “Nós sabemos que o cerrado enfrenta muitos desafios ambientais e sociais que são muito significativos e é a nossa responsabilidade, enquanto servidores públicos deste estado, enquanto universidade pública, contribuir para a construção de soluções que preservem essa biodiversidade e que promovam o desenvolvimento sustentável com bem-estar social. A universidade é este espaço de transformação”, pontuou.
Para o prof. Raoni Ribeiro, o Cepe é uma oportunidade de integração e relacionamento. “O todo é maior que a soma de suas partes. A universidade, por ser capilar, interiorizada, pulverizada no estado, de certa forma nos distancia. Um evento como esse, trazendo 70 municípios, 8 câmpus, 33 unidades e mais de mil participantes, é um momento para que nós possamos nos conhecer um pouco melhor, trabalhar mais em conjunto e descobrir o que esta universidade tem se tornado a cada ano que passa”, ressaltou.
Conferência magna
Na sequência da abertura, o prof. Ricardo Gonçalves, coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGEO|UEG), subiu ao palco para mediar a conferência magna, que foi proferida pelo prof. Altair Sales Barbosa.
O prof. Altair é graduado em Antropologia e doutor em Arqueologia Pré-histórica pelo Museu Nacional de História Natural de Washington D.C. (EUA) e é conhecido nacional e internacionalmente como um dos maiores pesquisadores do cerrado. Escreveu os livros “650 gerações: o Brasil antes dos europeus”; “Réquiem para o cerrado”; “Piar da Juriti Petena”; “O livro da terra”; “Cerrado: a constelação do meio dia”; e “Andarilhos da claridade: primeiros habitantes do cerrado”.
Durante a conferência, o prof. Altair falou sobre a relação entre a história do planeta terra e o cerrado, o bioma que primeiro surgiu no desenvolvimento do globo. Depois, buscou um retrospecto histórico do bioma, levando em consideração seus primeiros habitantes e a colonização europeia. Depois, falou das implicações no cerrado dos acontecimentos históricos recentes, como as guerras mundiais do século XX.
O professor destacou, especialmente, o papel da pesquisa e inovação nesse contexto, bem como os interesses econômicos que levaram à exploração do cerrado. Além disso, abordou também a organização social e geográfica das cidades em função dessa exploração agrícola no cerrado, incluindo uma discussão sobre a marginalização das populações.
Altair alertou para o risco iminente de extinção do cerrado. “Aquele cerrado, com toda a sua beleza e riqueza, foi se exaurindo. Hoje, nós chegamos ao ponto em que toda essa riqueza, incluindo a vegetação e os animais do cerrado, foi perdendo paulatinamente o seus elementos básicos. O cerrado stricto sensu não existe mais, o que resta são pequenos vestígios que não representam a totalidade do cerrado”, disse.
O professor concluiu dizendo que o que causou essa situação no cerrado foi a implantação de um sistema econômico predatório e a falta de conhecimento. Ele argumentou que cabe às universidades caminhar no sentido do desconhecido, procurar saber o que não sabemos, questionar os conceitos antigos. Dessa forma, poderemos criar uma nova organização ambiental e social.
A programação da manhã foi transmitida ao vivo pela UEG TV. Assista aqui a abertura oficial e conferência magna do X Cepe.
O Cepe segue até o dia 13 de novembro com uma programação intensa e diversificada. Confira aqui a programação completa.
(Comunicação Setorial|UEG, com fotos de Yuri Oliveira)