A terceira expedição do projeto “Condefé tem cagaita e gabiroba no Cerrado” foi realizada nos dias 11 e 12 de outubro de 2024. A equipe percorreu propriedades dos assentamentos “Presente de Deus” e “Itajá”, no município de Goianésia, além de imediações do município de Rianápolis, ambos no Vale do São Patrício, em Goiás. O objetivo da expedição, como parte do projeto, foi realizar a coleta dos frutos das cagaiteiras (Eugenia dysenterica) na região, para a realização de estudos pós-colheita e investigação das atividades biológicas, a serem conduzidos no Laboratório de Pós-Colheita e no Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação de Produtos da Biodiversidade (CCET|UEG).
Também foram coletados exemplares de frutos e flores para a confecção de exsicatas [amostra de plantas secas e prensadas] e continuidade dos estudos de caracterização botânica. “Essa foi uma oportunidade ímpar, que aguardávamos ansiosamente, pois estamos em plena temporada de frutificação dessa árvore típica do Cerrado. As cagaiteiras florescem de julho a setembro, numa bela explosão sincronizada de flores brancas e perfumadas. E, em menos de 30 dias depois da floração, os frutos já podem ser coletados, entre agosto e outubro”, comentou a coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação de Produtos da Biodiversidade da UEG e líder do projeto, profa. Dra. Joelma Abadia Marciano de Paula.
A professora explicou que os frutos maduros são muito perecíveis, por isso são coletados ainda verdes (“de vez”). Ela afirmou que, durante a coleta, são utilizadas técnicas para preservar a integridade dos frutos, evitando que caiam ao chão, e que a equipe busca manter boa parte dos frutos nas árvores para alimentar a fauna local. Joelma destacou também que se evita danificar as árvores, com a quebra de galhos, para não comprometer a produção nos anos seguintes. Segundo ela, os resultados das investigações serão compartilhados com as comunidades dos assentamentos ao longo do projeto, com o objetivo de contribuir para o extrativismo sustentável do fruto na região, gerando renda para as famílias e ajudando na conservação dessa frutífera do Cerrado.
Sobre o projeto
O projeto “Condefé tem cagaita e gabiroba no Cerrado” foi proposto por pesquisadores da UEG em chamada pública da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), em parceria com a Fundação Grupo Boticário. A iniciativa teve início em janeiro de 2024 e se estenderá até dezembro de 2025.
A expressão "Condefé" é amplamente utilizada em Goiás e reflete a pronúncia abreviada de "Quando dei fé", usada de forma coloquial para expressar surpresa. Esse termo é uma alternativa informal a expressões como "de repente", "repentinamente" ou "inesperadamente". Segundo os idealizadores do projeto, "Condefé" capta a surpresa típica de quem, de repente, percebe a presença de frutos do Cerrado, como a cagaita e a gabiroba – frutas típicas desse bioma que muitas vezes passam despercebidas por quem não está familiarizado com sua flora.
O termo "Condefé" se aplica bem à experiência de contato com o Cerrado, onde, em um passeio despretensioso, alguém pode subitamente se deparar com a abundância dessas frutas. Por exemplo: "Estava caminhando pelo Cerrado e, condefé, vi várias cagaitas e gabirobas espalhadas pelo chão."
Além disso, explica a equipe do projeto, como essas frutas são abundantes apenas por curtos períodos, “Condefé" também expressa a frustração de perceber que o tempo da colheita já passou. É o caso de quem retorna ao Cerrado para colher mais frutas, mas descobre, inesperadamente, que elas já não estão mais disponíveis, como na frase: "Fui buscar mais cagaitas e gabirobas para o suco, mas, condefé, as árvores já estavam vazias."
(Comuonicação Setorial|UEG)