A profa. Dra. Ana Beatriz Demarchi Barel da Universidade Estadual de Goiás (UEG) lidera, desde maio de 2023, o grupo de pesquisa "O Grande Século XIX", cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O grupo se dedica inteiramente a temáticas voltadas ao século XIX, tendo em vista a enorme importância desse período histórico para o mundo e, em particular, para o Brasil.
O grupo reúne pesquisadores de diversas áreas e conta com a participação das professoras Janete Abreu, Débora dos Santos e Sandra Rodarte da UEG, além de participantes de outras universidades, como as professoras Karin Volobeuf e Tânia de Luca, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis e Araraquara; a profa. Luciana Persice, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj); e o prof. Oswaldo Truzzi, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).
Os alunos de graduação e orientandos de iniciação científica, mestrado e doutorado também participam das atividades. Além de um evento, o grupo também prepara a publicação de um e-book para o fim do ano.
Para entender melhor o objeto de pesquisa do grupo, batemos um papo com a profa. Ana Beatriz, que você confere a seguir.
Comunicação Setorial|UEG (CS|UEG): Professora, de onde vem o seu interesse por literatura, especificamente do século XIX?
Profa. Ana Beatriz (AB): Eu sou da área da literatura e gosto muito de história. A literatura é um campo de conhecimento que se forma a partir de muitas disciplinas. Mas como se forma a literatura? Eu sempre digo aos meus alunos que eles têm que entender que esse texto ali foi produzido por um ser humano, como você e eu. Obviamente, os escritores são uma categoria à parte de pessoas, porque, em geral, os intelectuais são o que chamamos de vanguarda. Eles estão lá na frente, vendo mais adiante, estão vendo e vão passando para trás. E isso entra na área da literatura, como, por exemplo, as vanguardas do século XX, que vão inspirar todas as grandes modificações da literatura do século XX. Nesse sentido, os escritores e os artistas em geral tendem a ter uma visão muito mais ampla do contexto histórico em que estão e prever o que vem por aí. São pessoas de grande sensibilidade, que estão antenadas com tudo o que está acontecendo. E elas conseguem prever já o que vai acontecer por deduções lógicas e raciocínio intelectual. Então, quando a gente vê a literatura desse ponto de vista, começamos a perceber que quem está atrás do papel é um ser humano como você, eu, todos nós. E como nós somos formados, nós temos, dentro de nós, todo um universo de conhecimento, e só uma parte de conceitos religiosos, uma base de conceitos políticos, outra parte de conceitos culturais, econômicos, sociais e por aí vai. Quando me sento para colocar no papel uma ideia que tenho para um romance, para um conto, para um poema, obviamente tudo isso que está internalizado será filtrado pela linguagem e vai se transformar em um escrito. Então, o texto literário guarda suas muitas camadas que aparecem ali só sob a forma de papel e tinta, de palavras impressas no papel. Ele guarda tudo o que está dentro desse ser humano. Então, é preciso um trabalho de escavação para tirar do texto tudo que está concentrado ali. E para isto, a pessoa que se interessa por literatura tem que gostar, tem que ter uma grande cultura geral.
Se você tira a literatura, você tira artes plásticas, você tira museus, você tira a filosofia, você tira a sociologia, você tira, enfim, o que sobra? Sobra a vida bruta, sem graça.
CS|UEG: De onde vem a dificuldade de alguns alunos com o estudo da literatura?
AB: Alguns alunos têm dificuldade porque muitos não gostam de história. E aí, eles acham tudo muito chato, acham que tem que decorar. E também porque existe uma percepção errada de que o que é "velho" tem que ser deixado para trás. Os alunos têm dificuldade para ler Machado de Assis, têm dificuldade para ler Alencar, que são do século XIX, não estão muito distantes de nós. Eles acham que isso é coisa de velho, algo ultrapassado. Um dia eu estava falando sobre um pintor e uma aluna me perguntou: “Quando eu vou usar isso, para quê eu vou usar isso?”. E, realmente, a literatura, a pintura não “servem” para objetivos pragmáticos, não servem, por exemplo, para apagar a luz, para diminuir o calor e outras coisas assim, práticas. Ela não serve para coisas pragmáticas e imediatas, mas a literatura serve para formar o leitor como ser humano, com valores humanísticos e abri-lo para certas coisas.
CS|UEG: Qual a importância de se estudar literatura?
AB: Existem muitos motivos para estudarmos literatura. O primeiro deles é por prazer à cultura geral, o outro é o prazer pelo texto literário. Quando eu vejo um poema que me emociona, isso acontece porque aquele autor, aquele ser humano é dotado dessas qualidades, desses dons, desse talento para trabalhar a linguagem. O que é a poesia? É colocar palavras em lugares insólitos para construir imagens e ideias que surpreendam o leitor. Isso é artístico. Se você tira a literatura, artes plásticas, museus, filosofia, sociologia, enfim, o que sobra? Sobra a vida bruta, sem graça. Quando eu minimizo o poder da arte, eu estou condenando os seres humanos - e os alunos que eu tenho diante de mim - a um empobrecimento, a um estreitamento da visão e da compreensão de mundo.
Então a gente vê, por exemplo, muitos dos problemas que nós estamos vivendo hoje nasceram no século XIX…
CS|UEG: Por que estudar o século XIX, no século XXI? Qual a relevância desse tipo de pesquisa hoje?
AB: Eu estou lendo agora um texto do Ilan Pappé, que é um historiador. O texto dele se chama Dez mitos sobre Israel. Nele, vemos como nasce o movimento sionista. Os problemas que estamos vendo nessa guerra nasceram no século XIX. Se você não sabe isso, você se pergunta "Mas de onde vem essa briga entre esses dois povos?". E a gente vai aprender lendo essas coisas. Quando a gente vê um livro como o do Tenório, por exemplo, que foi proibido em certos estados, isso revela o quão mal resolvida está essa questão que vem, não apenas do século XIX, mas foi no século XIX que as coisas se tornaram mais complexas, inclusive pela luta pela abolição, com grandes poetas e escritores trazendo isso para obras literárias. Se você não entende essas bases, fica muito complicado entender o que está acontecendo hoje no Brasil. CS|UEG: O que mais da nossa sociedade atual pode ser explicado pelo que aconteceu no século XIX? AB: Muitas respostas estão no século XIX. As relações homem-mulher, como códigos sociais e amorosos mudaram, como a etiqueta social mudou. Em A Moreninha, por exemplo, estão os códigos de toda a sociedade carioca e por consequência, numa leitura mais ampla, do Brasil. Porque o Brasil urbano era muito pouco desenvolvido, então o Rio era a grande metrópole do século XIX. Então, está tudo ali. A gente vê todas as demandas sociais, afetivas, atuais vindo à tona, e podemos verificar como isso aparece nos romances e poemas do século XIX.
Então, por isso é importante estudar o século XIX. Para nós, brasileiros, o século XIX, tem uma importância muito maior, porque as nossas grandes mudanças aconteceram no século XIX.
CS|UEG: Mas podemos transportar diretamente essa realidade do século XIX para os dias atuais?
AB: É um anacronismo você esperar isso. É muito raro, a pessoa tem que ter realmente uma visão ampla, de não ver, por exemplo, os indígenas, como muitos cronistas viram. Como a gente vê no Gabriel Soares, no Gândavo, por exemplo, há uma forma diferente de ver a carta do Caminha. O Caminha está totalmente seduzido pelos povos nativos, quando ele descreve os indígenas. Obviamente que existe um temor e existe uma intenção de catequizar para controlar. Quando percebem que os povos originários não têm deus nenhum, a natureza é o deus para eles. Os europeus vão querer enquadrar numa sua leitura de mundo, entende? Para você ficar igual a mim, porque o que é diferente de mim pode me seduzir, mas também pode me assustar. Ele é uma ameaça, porque eu não consigo controlar. Se ele é diferente, como vou controlar? Se ele é igual, eu imagino como são os comportamentos, mas se ele é diferente, como eu controlo? Isso acontece, por exemplo, em relação aos árabes também, em outras colonizações, como a francesa, por exemplo. Em relação aos cristãos, quando eles vão nas Cruzadas para recuperar a Terra Santa e tudo mais. Então, por isso é importante estudar o século XIX. Outros dirão "Ah, mas é bom estudar também os antigos, a antiguidade clássica!". Claro! Tudo é bom para estudar. Mas, para nós, brasileiros, o século XIX tem uma importância muito maior. Porque as nossas grandes mudanças aconteceram no século XIX. A passagem de Império para a República, o fim da escravidão, a passagem para o trabalho assalariado, as correntes de imigração que vão alterar completamente o perfil do Brasil em termos populacionais e culturais, de hábitos e de repertório mesmo cultural. E com o fim da escravidão, a industrialização.
CS|UEG: O Romantismo é um movimento que acontece no mundo todo. Como é a relação do movimento do Romantismo no Brasil diante da construção desse movimento em nível mundial?
AB: A França foi o modelo global até o final da Segunda Grande Guerra. O Brasil, até a independência, estava, obviamente, ligado pelo cordão umbilical com Portugal. Mas tudo o que vem para cá, tinha, antes, sido recebido e avalizado pela França. Toda a Europa era influenciada pela França, pelo modelo francês de cultura: das artes, da filosofia, da pintura, da música, tudo era a França que ditava. Ela ditava todas as regras e modas e hábitos para todo o Ocidente. O Brasil recebe seus modelos filtrados por Portugal, mas vem da França. O romance Madame Bovary, por exemplo, vai influenciar diretamente Eça de Queiroz a escrever O Primo Basílio já na estética realista. Quando a gente faz a independência, em 1822, logo em seguida faremos uma independência nas artes também, na literatura. Então, não faz sentido fazer uma independência política e continuar se inspirando nos modelos portugueses. Nós não podemos mais copiar Portugal nem queremos, porque é como se o Brasil dissesse: “Eu rompi com você”. Então, como ele não tem um modelo independente, autônomo, que ele mesmo criou, vai buscar numa outra nação, que vai ser a França.
CS|UEG: De que forma a França vai “substituir” Portugal?
AB: A França tentou por muitas vezes colonizar o Brasil, mas não conseguiu. Eles vieram para cá em 1555, na região de Niterói, no Rio de Janeiro, e tentaram fundar uma colônia no Atlântico Sul. Apanharam dos portugueses, foram embora. Deixaram uns pouquíssimos traços ali. Depois, no século XVII, tentam se instalar no Maranhão. Não deixaram também traços, apanharam dos portugueses e foram mandados embora. A França tentou colonizar o Brasil. Geopoliticamente, no território, ela não consegue. Mas ela vai conseguir colonizar o Brasil de uma maneira muito mais eficiente. Como? Através do imaginário. Isso foi muito mais eficiente, porque ela colonizou um território gigante através do imaginário. Porque você não consegue enfiar a mão na cabeça de uma pessoa e arrancar o imaginário. Isso está enraizado na pessoa através do que a gente chama de cultura. Então isso foi muito mais eficiente.
A nossa primeira história literária não foi escrita nem por um brasileiro nem por um português. Foi escrita por um francês.
CS|UEG: Como a França inspira os escritores brasileiros?
AB: A gente vai ser muito influenciado pela França, sobretudo as primeiras gerações dos Românticos. Domingos José Gonçalves de Magalhães, que é quem funda o Romantismo oficialmente no Brasil, publica, em 1836, Suspiros poéticos e Saudades. E, ao mesmo tempo, Domingos José Gonçalves de Magalhães lança uma revista que se chama Niterói. Ele, Francisco Torres Homem e Manoel de Araújo Porto-Alegre vão para a França como adidos da delegação brasileira em Paris. Entram em contato com a intelectualidade francesa e, sobretudo, com um sujeito que se chama Ferdinand Denis, um viajante francês que tinha vindo para o Brasil, em 1816. E tem uma família muito importante que é a família Taunay, do Visconde de Taunay, que escreveu Inocência, que é um romance considerado regionalista pela crítica. Ferdinand Denis vem para o Brasil, fica aqui entre 1816 e 1819. Como muitos viajantes, ele vem para buscar fortuna e quebra cara, não consegue, mas quando volta, leva muitos escritos sobre o Brasil. E esse francês vai ser o responsável pela publicação da nossa primeira história literária, independente de Portugal. Isso é importantíssimo para nós. Então, a nossa primeira história literária não foi escrita nem por um brasileiro nem por um português. Foi escrita por um francês.
CS|UEG: Que impacto isso tem no surgimento do movimento no Brasil?
AB: Obviamente que você pode fazer uma análise e ver como que aparecem as coisas e os escritos dele. Ele tem cartas, enfim, ele volta com uma quantidade enorme de escritos sobre o Brasil. Tanto no que diz respeito ao país, porque ele circula entre a Bahia, o Rio de Janeiro, Minas Gerais, mas também escrevendo obras teóricas sobre a cultura brasileira e a literatura brasileira independente Um das obras deles, Resumo da História Literária de Portugal seguido do Resumo da História Literária do Brasil. Separados, o que é importantíssimo, porque isto reforça, fortalece o nosso status de nação independente. Mas é importante dizer que o movimento romântico nasce mesmo no final do século XVIII e começo do século XIX. Surge na Inglaterra e na Alemanha, e depois vai "contaminar" as letras francesas, por muitos motivos. Um deles é porque o neoclassicismo foi muito forte na França. Quando chega o século XIX, a França perde um pouco de sua relevância porque despontam esses países que têm essa sensibilidade nova, que está ligada ao pensamento liberal, da política liberal, que vem junto com a industrialização, com o surgimento de comerciantes e o fortalecimento dessa classe. E isso acontece antes na Inglaterra, que lidera a Revolução Industrial, e na Alemanha, esses são os romantismos primeiros, digamos assim.
CS|UEG: Mesmo o pioneirismo sendo inglês e alemão, a França é quem mais influencia os escritores brasileiros?
AB: No Brasil, todos os nossos escritores liam francês. Gonçalves Dias, era uma exceção, porque além do francês, lia alemão. Até o século XIX, a França vai ser fortíssima, e colonizar o Ocidente, culturalmente falando. Mas o Gonçalves Dias, não sei por que cargas d'água, lia alemão. Ele tem, inclusive, uma passagem pela Alemanha. É o nosso maior poeta, não deixa nada a desejar a outros poetas de fora do Brasil. Inclusive, há algumas epígrafes em alemão em seus poemas. O movimento alemão e inglês têm sua importância, mas o Brasil o recebe pela França. Será o romantismo francês que influenciará mais o romantismo brasileiro.
CS|UEG: Uma das características desse início do movimento romântico no Brasil era a publicação dos romances em jornais. Por que isso acontece?
AB: A partir do movimento republicano, que obviamente vai ser influenciado pela Revolução Francesa, nós temos a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, um documento onde há o rol de leis. A primeira delas é: "Todo cidadão nasce igual perante a lei". Isso joga uma pá de cal sobre o sistema escravocrata, porque você não pode manter um servo, um escravo porque eles não são iguais aos demais cidadãos perante a lei. Existia uma pressão interna também para que nós fizéssemos, proclamássemos a República, e virássemos essa chave, passássemos a produzir de outra maneira, fazer a sociedade funcionar de outra maneira, sob outras bases. Já tínhamos feito a independência e agora esse movimento amadureceu. Então, se todos os cidadãos são iguais perante a lei, obviamente será preciso acabar com o analfabetismo. Começam a se desenvolver, graças aos valores republicanos, escolas que vão veicular esses valores. E para que você tenha escolas que formem, alfabetizem a população, você tem que ter professores. Para isso, as mulheres vão começar a fazer as escolas normais. Nós vamos ter as escolas que hoje chamamos de escolas de formação de professores. Surge um novo público, consumidor de literatura, produtor de material escrito e de uma nova mentalidade, que são as mulheres. E essas mulheres, ao mesmo tempo que alteram o mercado de trabalho, vão também trazer demandas novas. Uma delas é que as mulheres vão começar a ser mais alfabetizadas e vão querer ler coisas nos jornais. Não estou dizendo que os romances só nasçam para elas, mas existe uma parcela da população grande que vai querer isso. E aí, nasce o romance folhetim.
O folhetim é um retrato da evolução da sociedade e da ascensão da burguesia. É o gênero literário do século XIX.
CS|UEG: Quais as características do romance folhetim?
AB: Em vez de ser em livro, ele começa a ser publicado em jornais porque, como era um gênero novo, não se sabia se aquilo ia colar ou não. Então, ele surge "pobre". O folhetim é um retrato da evolução da sociedade como é a ascensão da burguesia. Ele começa no rodapé porque, como os donos de jornal não sabiam se aquilo ia dar certo, eles dizem: "Vamos pôr no rodapé, porque assim não ocupam muito espaço, a gente continua com as nossas coisas aqui, ele não aparece muito ali e a gente vai testando". E as pessoas começam a gostar tanto daquilo, as histórias começam a ganhar mais espaço no jornal. E ele vai migrando para o centro da página. E, aos poucos, vai ocupando a página inteira. E aí, todo mundo ganha, porque quando o dono do jornal começa a perceber que as pessoas estão comprando por causa da história, começa a falar para o escritor: "Estica essa história para a gente vender mais". Por isso que você vê muitos romances que têm aquilo que a gente fala: "Mas que encheção de linguiça!". O que a gente chama tecnicamente de trama rocambolesca.
CS|UEG: Isso não é uma característica exclusiva do Brasil. Isso aconteceu em outros lugares?
AB: Aconteceu em muitos outros lugares. É a partir da França que o modelo do romance folhetim vai se espalhar por toda a Europa e ser um sucesso estrondoso. É o gênero literário do século XIX. Todos os outros fazem sucesso, têm o seu público cativo, mas é o gênero que foi criado no século XIX, e que cola. Isso tem muitos motivos, não é apenas a estrutura dele. É o fato de que, por exemplo, tinha havido revolução industrial, havia as classes operárias que não tinham dinheiro para comprar livro impresso, porque o livro impresso era muito caro. Então, a invenção do jornal foi muito importante para as classes operárias, para os seus panfletos, para a porta de fábrica, para sindicalização, movimento sindical. E também porque, como era muito caro o romance, a pessoa comprava o jornal e passava para um monte de gente. Enquanto que o livro é muito mais difícil, o jornal é fácil de carregar, mais leve. O jornal também atinge muito mais gente do que o livro, porque dentro do jornal você tem muitas coisas que interessam públicos diferentes, uma tiragem muito maior também. A edição em papel jornal é uma edição barata, porque o papel do jornal é um papel de baixa qualidade. Aí vira embrulho de peixe na feira, até hoje é assim. A história do romance é uma história da sociedade do século XIX. Como uma pessoa que vem da classe baixa e vai progredir e ascender socialmente. No jornal ele também sai do rodapé e atinge a página. O romance não vai mais ficar restrito às classes populares, ele vai atingir a classe alta, as elites. Então, a partir daí, a gente vê que o romance conseguiu ascender socialmente.
CS|UEG: Como surgiu a ideia do grupo de pesquisa?
AB: Ele nasceu oficialmente em maio de 2023. Mas para organizar, a gente tem que fazer as diretrizes do grupo, como funciona. Eu achei que as pessoas iam falar que não poderiam, que estavam muito ocupadas. Mas todos aceitaram. Eu fiquei muito feliz, porque são pessoas pelas quais eu tenho o maior respeito. O que a gente faz? Cada um propõe um texto, que seja ou puro século XIX, ou que seja relativo ao século XIX, mas que dialogue com outros períodos ou outras áreas. Então, por exemplo, uma pessoa de história propõe um texto, mas que conversa com literatura, mas que, de alguma forma, diga respeito ao século XIX. O nosso grupo é sobre o século XIX. Aí a gente lê esses textos, debate, e os alunos também participam das reuniões com a gente. E, futuramente, quem sabe, a gente não abre uma revista, uma publicação do grupo. Vida longa ao XIX!
(Comunicação Setorial|UEG)