O artigo "
Overlooking vegetation loss outside forests imperils the Brazilian Cerrado and other non-forest biomes" (Ignorar a perda de vegetação fora das florestas coloca em perigo o Cerrado brasileiro e outros biomas não florestais), que tem a participação de professores da Universidade Estadual de Goiás (UEG), foi publicado no último dia 6 de novembro, na revista científica internacional
Nature Ecology & Evolution.
O trabalho, que reúne a assinatura de 45 autores, pesquisadores de várias instituições brasileiras e de países como Reino Unido, França, Bélgica e Estados Unidos, aborda a preocupante perda de vegetação fora das áreas florestais, especialmente no Cerrado brasileiro, e destaca as implicações dessa perda para a biodiversidade, os serviços ecossistêmicos e a sustentabilidade. Os autores enfatizam a importância de considerar a vegetação não florestal, muitas vezes negligenciada, em esforços de conservação e planejamento ambiental.
O artigo tem, dentre outros autores, a participação da Dra. Sabrina do Couto de Miranda, bióloga e docente no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Estadual de Goiás, e do prof. Dr. Paulo de Marco Júnior, professor colaborador do programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado da Universidade Estadual de Goiás. O artigo ainda conta com a colaboração da Dra. Mercedes Bustamante, bióloga e atual presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Na referida publicação, os autores mencionam que as atuais políticas públicas de conservação dos ecossistemas naturais são focadas em áreas de Florestas Tropicais Úmidas, como a Amazônia. De acordo com os autores, os ecossistemas florestais são importantes, contudo, também se faz urgente a conservação de ecossistemas não florestais como o bioma Cerrado.
"Considerado um
hotspot mundial de biodiversidade, o Cerrado está extremamente ameaçado. Apresenta baixo percentual de área legalmente protegida em Unidades de Conservação (UC’s) de Proteção Integral e já perdeu 50% da sua área coberta por vegetação nativa. Nos últimos anos houve aumento nas taxas de desmatamentos na área de abrangência do Cerrado, sobretudo na região conhecida como MATOPIBA que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia", salienta a professora Sabrina. Segundo a pesquisadora, é primordial inserir na pauta da COP28 a conservação dos ecossistemas não-florestais negligenciados, como o bioma Cerrado. "Dentre as ações necessárias para se reverter as ameaças ao Cerrado, cita-se: a implementação de políticas públicas para conservação da biodiversidade, com desmatamento zero; prevenção/controle de queimadas; implementação de programas de pagamento por serviços ambientais e REDD+; recuperação de áreas degradadas; gestão adequada dos recursos hídricos e proteção de territórios das comunidades indígenas e tradicionais (quilombolas)", prevê.
Sabrina diz que a publicação do trabalho na revista Nature é um alerta para que ações efetivas sejam implementadas com precisão visando proteger o que sobrou do bioma Cerrado. O estudo já está disponível na edição mais recente da revista Nature Ecology & Evolution.
(Comunicação Setorial|UEG)