O professor Rafael de Almeida, do curso de Cinema e Audiovisual da Unidade Universitária Goiânia-Laranjeiras da UEG, participa, entre os dias 4 e 31 de outubro, da Bienal do Sertão das Artes Visuais, que acontecerá no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte (CE) e também no Museu de Paleontologia da Urca, em Crato (CE). Rafael vai apresentar a obra fotográfica "Eu ainda estou aqui". A abertura da exposição acontecerá nesta terça-feira, 3, às 19 horas.
São 39 os artistas selecionados nessa sexta edição da Bienal do Sertão, sendo 1 do Sul; 2 do Centro-Oeste; 3 do Norte; 10 do Sudeste; e 14 do Nordeste. Rafael de Almeida é o único representante de Goiás. O time curatorial dessa edição é composto pelo curador e historiador Denilson Santana; pelo jornalista especializado em arte contemporânea, Matteo Bergamini; pelo crítico de arte e curador Lucas Dilacerda; e pela pesquisadora e curadora Renata Lima.
Sobre a obra
Rafael explica que sua obra é um políptico de quatro fotografias analógicas tomadas de um senhor, um sertanejo bucólico, de chapéu na cabeça, sentado diante do muro da casa. De acordo com o artistas, o projeto é uma colaboração com os fungos que, ao decompor o negativo do filme fotográfico dentro do próprio rolo, devolvem nutrientes ao ambiente e os deixam disponíveis para que outros seres vivos iniciem suas vias metabólicas. Os fungos dependem da ingestão de matéria orgânica, viva ou morta, para sobreviver. Assim, ao longo do tempo os fungos fizeram intervenções nas imagens enquanto se alimentavam da gelatina do negativo e formam paisagens rizomáticas que são capazes de borrar as fronteiras entre vida e morte. “Metaforicamente, os fungos se nutrem da imagem morta, da matéria orgânica morta e do tempo morto para criar raízes visuais e simbólicas capazes de gerar outros tipos de vida para os tantos caipiras que nos circundam e nos habitam: na imagem e fora dela”, destaca o professor.
Sobre o artista
Rafael de Almeida é cineasta e artista visual. Doutor em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio de doutorado pela Universidad Complutense de Madrid e pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás (UFG). É professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG. Atua no cruzamento entre o cinema e as artes visuais, valendo-se do princípio da montagem e da colagem como uma das principais maneiras para pensar a visualidade das suas obras. Assim, o filme, o vídeo, a fotografia e a instalação possuem papel central em sua produção. Seus interesses artísticos e científicos estão centrados hoje nos diálogos entre o cinema documentário, as práticas ensaísticas, as narrativas autobiográficas, os procedimentos fabulatórios e o reemprego de materiais de arquivo. Sua obra audiovisual foi apresentada em festivais de cinema e salões de arte no Brasil e no exterior, tendo participado recentemente do Salão de Arte Contemporânea de Jataí (2023), onde recebeu o prêmio aquisição. Seu trabalho integra o acervo do Museu de Arte de Britânia (GO), do Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS – GO), do Museu de Arte de Santa Maria (RS) e do Museu de Arte Contemporânea de Jataí (GO).
A Bienal
A Bienal do Sertão foi idealizada pelo curador e historiador Denilson Santana, em 2012. Desde a sua primeira edição, a Bienal se identifica e se diferencia pelo seu traço nômade, deslocando-se a cada vez em um lugar diferente daquela imensa região que compreende e atravessa vários estados e diferentes culturas, no Brasil.
"Educar a paisagem" é o título desta sexta edição da Bienal do Sertão. Estruturada por dois núcleos de pesquisa, um histórico e um contemporâneo, a sexta edição da Bienal se desenvolverá no estado do Ceará, no Centro Cultural do Banco do Nordeste em Juazeiro do Norte (núcleo contemporâneo) e no Museu de Paleontologia da Urca em Crato (núcleo histórico). “A vontade de escolher a região do Cariri cearense é um atrativo excelente pra pensarmos a questão e tratamento antropológico, visto em sua história como campo paleontológico importante nas matérias e matrizes do sertão, além de ser local estratégico para ampliar as diretrizes e intercâmbios da Bienal com a inserção de artistas mais ao norte do país e da América Latina”, relembra Denilson.
(Comunicação Setorial|UEG)