Nesta sexta-feira, 26, às 20h, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia, a professora Geórgia Cynara, do curso de Cinema e Audiovisual da Unidade Universitária Goiânia-Laranjeiras da UEG, realiza a performance TE ESCUTO dentro da programação da 5ª Feira de Artes de Goiás (Fargo). A realização da performance é possível graças ao Prêmio Estímulo Fargo 2023, que Geórgia recebeu juntamente com outros 19 artistas goianos.
De olhos vendados, a professora permanece sentada em frente a uma mala aberta, repleta de objetos que têm sons de pandeiros, chocalhos, apitos, flautas e outros objetos ruidosos. Os avisos “Soe como quiser” e “Escuto suas palavras e outros barulhos” deixam claras tanto a posição de escuta quanto a abertura para que alguém se comunique com ela. A venda nos olhos é um convite à aproximação do público e um dispositivo expansor da experiência da performer-ouvinte: como o corpo reagirá ao som que não espera, vindo de algo ou alguém desconhecido? Como os corpos sonoros reagirão em resposta? O que farão com a oportunidade de serem ouvidos?
TE ESCUTO busca provocar uma reflexão acerca do quanto cada um permite a escuta de si e do outro: o que queremos que o mundo escute de nós? Por outro lado, o quanto nos permitimos estar em situação de escuta/doação/vulnerabilidade diante do outro? Diante de tantos estímulos possíveis em uma importante feira de arte movimentada, que atenção é possível concentrar para uma experiência de som e escuta?
A performance ocorreu apenas uma vez em 2019, no 2º Festival Experimental de Arte da UFG (Refluxo). "Escutei de tudo: pequenas confissões de insegurança, narrações das performances ao lado, músicas em sussurros, vozes conhecidas e desconhecidas, análises da minha performance, observações sobre a ausência de aliança no meu dedo, passos ao redor, os sons dos instrumentos de percussão de quem se sentiu convidado a se fazer soar. Também senti o geladinho da lata que puseram na minha mão, um bafo de cachaça, os cliques dos fotógrafos e a preocupação do segurança do CCUFG com o fato de eu estar com os olhos vendados. A minha nudez, ali, era diferente das outras. Me libertei dos medos de eventuais impropérios, gritos, agressões sonoras - as quais, mesmo preparada, temi. Respondi com um corpo atento, presente. 40 minutos se tornaram 2 horas e, literalmente, eu nem vi", relata a professora.
(Comunicação Setorial|UEG)