Vencer o racismo e todas as formas de exclusão é uma bandeira que a Universidade Estadual de Goiás (UEG) sempre defendeu. Seja por meio de políticas inclusivas, programas de bolsas ou ações de extensão, a UEG busca a integração de todos, em todos os seus câmpus e unidades universitárias. É por isso que a Universidade comemora com muita alegria o Dia da Consciência Negra, ocasião em que a sociedade é convidada a fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana na identidade e na cultura brasileira.
Instituída em 2003 e sancionada em 2011 pela Lei 12.519, a data faz alusão à morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo negro. Essa luta, que se constrói em diversas frentes - na política, na religião, na sociologia, na gastronomia, na dança, na música, nas artes cênicas, na capoeira, na estética, nos discursos, na literatura, no artesanato etc - continua ao longo da história.
Durante os quase trezentos anos de escravidão, as populações negras viveram em situação de subordinação, humilhação e tortura e a abolição da escravatura não reparou os danos causados pela condição do cativeiro nem tampouco suprimiu o racismo, que ainda se faz presente em todos os âmbitos da sociedade, apesar do mito da democracia racial.
Na UEG a luta pela igualdade racial é considerada em todas as ações, a todo momento. A Universidade se empenha para enfrentar o racismo estrutural e institucional, combater o não acesso, a não participação e o não reconhecimento das tradições e dos saberes de todos os povos. O combate à desigualdade de oportunidades e direitos em função da raça ou etnia é uma constante na filosofia da Universidade. E todo esse empenho já começa a render resultados.
O servidor e egresso da UEG, Hugo Leonardo de O. Ferreira, afirma que muitos avanços sociais já podem ser vistos, após as inúmeras lutas dos movimentos negros até os dias de hoje. "O Dia da Consciência Negra nos traz à memória palavras como empoderamento, resistência, sofrimento, propósito e dignidade. A UEG tem um papel muito significante, ela traz esperança e possibilidades inimagináveis a nossa juventude, em especial aos menos favorecidos", ressalta.
Para ele, a Universidade foi uma porta de inclusão, tanto para a vida acadêmica, quanto profissional. "Para um jovem negro, nascido em periferia, filho de mãe solteira, criado pela avó, conseguir entrar em uma universidade pública e hoje poder estar trabalhando nela como servidor efetivo é motivo de muito orgulho. Só tenho que agradecer e continuar espalhando a mensagem de que é preciso acreditar, porque vale muito a pena, a transformação é valorosa e dignificante. Igualdade, solidariedade e respeito", completa.
A discente Isabela Felício de Jesus, aluna do 8º período do curso de Química Industrial no Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas - Henrique Santilo, acredita que o debate sobre a questão racial não pode ficar restrito apenas a uma data, mas deve ser uma pauta permanente. Ela defende que sejam criados mais programas de inclusão e realizados mais debates no decorrer de todo o ano. "Hoje esse dia é comemorativo, porém ele carrega uma história de muito sofrimento e luta. Por isso, é importante sempre conscientizar todos sobre a história e luta das vidas pretas", pontua Isabela.
Segundo a professora Viviane Gomes Bonifacio, docente no Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas - Henrique Santilo, essa data tem uma importância fundamental para se refletir sobre as desigualdades e a violência contra a população negra e pensar na construção de políticas de ações afirmativas que garantam a igualdade de oportunidade e corrijam injustiças provocadas pela discriminação racial. "Essa data nos convida a olhar o passado, refletir o presente e idealizar um futuro no qual tenhamos condições de igualdade de oportunidades na sociedade", afirma.
A professora explica que a Universidade tem um papel fundamental, que vai muito além de abordar história afro-brasileira nas salas de aulas. "É preciso discutir racismo estrutural e, consequentemente, privilégios, atribuindo aos jovens o senso crítico e preparando-os para uma sociedade em transformação. Então é importante reconhecer que o papel da universidade extrapola a simples tarefa de formar jovens para o mercado de trabalho. Estamos formando cidadãos que serão protagonistas de sua própria história", destaca.
"Ainda que o dia 20 de novembro seja marcado por pautas importantes do movimento negro, as discussões sobre uma sociedade e uma universidade antirracista é um tema que deve ser abordado durante todo o ano", completa a professora Viviane.
(Daniel Prates|Comunicação Setorial|UEG)