Para a estruturação de um projeto de pesquisa é importante que todos os seus aspectos sejam abordados, pois a maioria dos alunos quando defrontam com esse tipo de trabalho científico ficam atordoados com tantos passos que devem ser seguidos e nem sempre um livro de metodologia descreve tudo sobre o tema, por esse motivo esse texto será dividido em 03 partes. Procuramos explicar todas as etapas de maneira com o aluno (pesquisador) consiga entender todo esse processo.
METODOLOGIA
A finalidade da atividade científica pode ser resumida, de uma forma ampla, como a tentativa de obtenção da verdade, a qual se realiza por meio da comprovação de hipóteses. Estas, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica que busca explicá-la.
O método científico é a teoria da investigação, alcançando seus objetivos de forma científica, quando cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes etapas: descobrimento do problema; procura de conhecimento sobre ele ou instrumentos relevantes para conhecê-lo; tentativa de solução de problema; invenção de novas idéias sobre o mesmo (hipóteses, teorias ou técnicas); obtenção de sua solução, investigação das conseqüências da solução obtida e comprovação da solução. (BUNGE, 1999)
Nesta etapa o aluno (pesquisador) definirá onde e como será realizada a sua pesquisa.
Neste tópico serão descritos as seguintes etapas:
a) O tipo de pesquisa que será utilizada;
b) Qual a população a ser estudada;
c) Qual a amostragem;
d) Quais os instrumentos serão utilizados para a coleta de dados;
e) Como será realizada a tabulação dos dados coletados e como serão analisados.
SilvaI e Menezes (2000), definem quatro formas para a classificação de uma pesquisa científica baseada nas seguintes proposições:
a) Quanto aos objetivos;
b) Quanto à forma de abordagem;
c) Quanto à natureza;
d) Quanto aos procedimentos adotados pelo pesquisador.
PESQUISA QUALITATIVA
Uma pesquisa qualitativa deve apresentar as seguintes características:
a) Considera o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave;
b) Possui caráter descritivo;
c) Processo é o foco principal de abordagem e não o resultado ou o produto;
d) A análise dos dados foi realizada de forma intuitiva e indutivamente pelo pesquisador;
e) E por fim, ter como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de resultados
Trabalhos que empregam uma metodologia qualitativa:
1) Podem descrever a complexidade de um determinado problema;
2) Analisar a interação de certas variáveis;
3) Compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais;
4) Contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar;
5) Em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. (Richardson, 1985)
PESQUISA QUANTITATIVA
Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.).
Quanto aos seus objetivos as pesquisas podem ser:
Pesquisa Exploratória
A pesquisa de caráter exploratória, segundo Gil (1994) envolve:
1) Levantamento do estado da arte pela revisão bibliográfica;
2) Entrevistas com pessoas que tiveram (ou têm) experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão;
3)Este tipo de pesquisa busca basicamente desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de novas abordagens a posteriori;
4)Este tipo de estudo tem por finalidade proporcionar o maior conhecimento possível para o pesquisador e o objeto de análise, visto que o pesquisador pode formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos futuros.
Outro aspecto que reforça a pesquisa exploratória são os métodos que variam de acordo com as etapas a serem realizadas tais como: levantamento em fontes secundárias, bibliográficas e documentais, levantamento de experiência, estudo de casos selecionados e observação informal. Portanto, a pesquisa exploratória pode considerar tanto a avaliação quantitativa quanto a qualitativa.
PESQUISA DESCRITIVA
Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
PESQUISA EXPLICATIVA
Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, e nas ciências sociais requer o uso do método observacional. Assume, em geral, a formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Expost-facto. (GIL,1991)
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PODEM SER: (Gil, 1991)
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A Pesquisa Bibliográfica compreende o levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, periódicos (revistas), teses, anais de congressos, indexados em bases de dados em formato online ou cd rom. Sua finalidade é proporcionar ao aluno ou ao pesquisador o acesso à literatura produzida sobre determinado assunto, servindo de apoio para o desenvolvimento de trabalhos científicos e análise das pesquisas. Para a elaboração de uma pesquisa bibliográfica é necessário seguir os seguintes passos:
1) Escolha do assunto;
2) Identificação;
3) Localização;
4) Compilação;
5) Leitura.
Nos dias atuais e na era da informação, praticamente qualquer necessidade humana, conhecida ou pressentida(área do conhecimento) possui algo escrito a seu respeito. Por isso a pesquisa com base em uma bibliografia deve encabeçar qualquer processo de investigação científica que se deseje realizar.
PESQUISA DOCUMENTAL
Documentos são as fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação.São fontes documentais as tabelas estatísticas, relatórios de empresas, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos; fotografias, obras originais de qualquer natureza, correspondência pessoal ou comercial, etc.
Para Lücke (1986), a análise documental pode se constituir uma técnica valiosa de abordagem dos dados qualitativos, seja complementado as informações obtidas por outras técnicas ou desvelando aspectos novos de um tema ou problema.
PESQUISA EXPERIMENTAL
Quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
LEVANTAMENTO
Quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
ESTUDO DE CASO
Quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
PESQUISA EXPOST-FACTO: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.
PESQUISA-AÇÃO
Quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
PESQUISA PARTICIPANTE
Quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.
INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS
Para a realização da metodologia é importante definir quais instrumentos serão utilizados para a coleta de dados. Em relação aos tipos de instrumentos para a coleta de dados estes irão depender:
a) Dos objetivos que se pretende com a pesquisa;
b) Do universo a ser investigado.
No geral, trabalha-se com o questionário, mas existem outros instrumentos que poderão ser empregados nessa coleta, depende do objetivo de cada pesquisa. Apresentamos os principais instrumentos de coleta de dados que poderão ser utilizados de acordo com o objetivo de cada pesquisa:
Observação: quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade. A observação pode ser:
a) Observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente elaborados;
b) Observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos preestabelecidos;
c) Observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa;
d) Observação individual: realizada por um pesquisador;
e) Observação em equipe: feita por um grupo de pessoas;
f) Observação na vida real: registro de dados à medida que ocorrem;
g) Observação em laboratório: onde tudo é controlado.
ENTREVISTAS
É a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:
a) Padronizada ou Estruturada: As entrevistas estruturadas são elaboradas mediante questionário totalmente estruturado, ou seja, é aquela onde as perguntas são previamente formuladas e tem-se o cuidado de não fugir a elas. (LODI, 1974 apud LAKATOS, 1996).
b) Despadronizada ou Não-Estruturada: não existe rigidez de roteiro.
A entrevista é definida por Haguette (1997, p. 86) como: “um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”.
A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes da pesquisa que requer tempo e exige alguns cuidados, entre eles destacam-se: o planejamento da entrevista, que deve ter em vista o objetivo a ser alcançado; a escolha do entrevistado, que deve ser alguém que tenha familiaridade com o tema pesquisado; a oportunidade da entrevista, ou seja, a disponibilidade do entrevistado em fornecer a entrevista que deverá ser marcada com antecedência para que o pesquisador se assegure de que será recebido; as condições favoráveis que possam garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua identidade e, por fim, a preparação específica que consiste em organizar o roteiro ou formulário com as questões importantes (LAKATOS, 1996).
Quanto à formulação das questões o pesquisador deve ter cuidado para não elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas. As perguntas devem ser feitas levando em conta a seqüência do pensamento do pesquisado, ou seja, procurando dar continuidade na conversação, conduzindo a entrevista com um sentido lógico para o entrevistado. Para se obter uma narrativa natural, muitas vezes não é interessante fazer uma pergunta direta, mas sim fazer com que o pesquisado relembre parte de sua vida. Para tanto, o pesquisador pode muito bem ir suscitando a memória do pesquisado (BOURDIEU, 1999).
QUESTIONÁRIOS
Os questionários são instrumentos de coleta de dados que são preenchidos pelos informantes. Deve-se ter cuidado de limitar o questionário com sua extensão e finalidade, a fim de ser respondido num curto período. Na elaboração do questionário, é importante determinar quais são as questões relevantes a serem propostas, relacionando cada item da pesquisa. (CARVALHO, 1994)
As perguntas do questionário podem ser:
a) Abertas: “Qual é a sua opinião"”;
b) Fechadas: duas escolhas: sim ou não;
c) De múltiplas escolhas: fechadas com uma série de respostas possíveis. (SILVA, 2001)
Recomendações básicas para elaborar um questionário:
a) O questionário deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem lógica na elaboração das perguntas;
b) A redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao informante. A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da população estudada;
c) A formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;
d) Cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada pelo informante;
e) O questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que,
f) O questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa;
g) Dependerá do interesse do interrogado em relação ao tema. O ideal é não ultrapassar a trinta. (YOUNG e LUNDBERG apud PESSOA,1998)
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico .5. ed. São Paulo: 2001.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998.
BUNGE, M. La investigación científica. su estratégia y su filosofia. Barcelona: Ariel, 1999.
CERVO, A. L. ; Bervian, P. A. Metodologia científica para uso de estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill del Brasil, 1999.
CORDEIRO, D. Ciência, pesquisa e trabalho científico: uma abordagem metodológica. Goiânia:UCG, 1999.
FERRARI, A. Trujillo. Metodologia da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro:Kennedy, 1974.
FERREIRA, L. G. R. Redação científica: como escrever artigos, monografias, dissertações e teses. Fortaleza: EUFC, 1998.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na Sociologia. 5.ed. edição. Petrópolis: Vozes, 1997.