O professor Daniel Precioso, da UEG Câmpus Sudoeste, com sede em Quirinópolis, publicou recentemente o livro intitulado "Catarina Juliana: uma sacerdotisa africana e sua sociedade de culto no interior de Angola (Século XVIII)".
De acordo com o professor, o livro resulta de pesquisas realizadas a partir do projeto de pesquisa stricto sensu em Práticas Religiosas Africanas no Atlântico Sul (Brasil e Angola. Século XVIII), sob a sua coordenação. E a ideia de escrever surgiu quando, ao realizar buscas por processos inquisitoriais envolvendo africanos na base de dados do Arquivo da Torre do Tombo (Lisboa), encontrou o longo processo de Catarina Juliana. "Imediatamente constatei o acentuado valor etnográfico do documento histórico, haja vista a descrição de nomes de rituais, entidades e sacerdócios pelas testemunhas em língua quimbundo."
Em linhas gerais, o professor Daniel salienta que a obra contribui para o conhecimento das religiões tradicionais da África Centro-Ocidental, tal como eram praticadas durante o século XVIII, na medida em que descreve rituais e tipos de sacerdócios específicos, que não apareceram englobados dentro da categoria genérica de "calundus". Nesse sentido, interessa ao público geral e à comunidade de santo (sobretudo, dos candomblés angolas) porque atesta a ancestralidade de suas entidades e práticas - as quais foram negadas por alguns dos fundadores dos estudos dos negros no Brasil.
Além disso, o livro se destaca pela temática aventada e se coaduna com a Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história da África, tanto pela temática quanto pela busca da perspectiva africana dos rituais analisados. Também lança luz sobre a nossa ancestralidade religiosa banto, negligenciada e desmerecida pelos fundadores do campo de estudos da história da religiosidade africana no Brasil.
O livro está disponível para venda pela loja virtual da Paco Editorial e pela Amazon.
Sobre o autor
Daniel Precioso - É Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente é professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e docente do Programa de Pós-Graduação em História (stricto sensu) da UEG. Foi investigador visitante do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (Cidehus) da Universidade de Évora (Portugal) (estágio de doutorado no exterior - PDSE/Capes). Tem experiência na área de História, com ênfase na História do Brasil Colonial e do Antigo Regime Português, atuando nos seguintes temas: condições de vida de alforriados (e seus descendentes); sociabilidade religiosa e participação política de negros e mulatos; práticas religiosas de africanos no Atlântico Sul.
(Comunicação Setorial|UEG, com informações do Câmpus Sudoeste)