A expedição Araguaia Vivo chegou ao fim após 25 dias de atividades intensas, marcadas por coletas científicas e forte interação entre pesquisadores, comunidades locais e o poder público. A atividade de biodiversidade aquática, sob a coordenação do professor da UEG João Nabout, percorreu aproximadamente 3,5 mil quilômetros do rio Araguaia. Partindo de Luiz Alves (GO), seguiu na direção norte, por regiões estratégicas como a Ilha do Bananal, rio Cristalino e rio das Mortes, passando por municípios como São Félix do Araguaia, Luciara e Santa Terezinha, no Mato Grosso; Caseara (TO) e Barreira do Campo (PA), antes de retornar ao ponto de partida e realizar pesquisas na porção sul do Araguaia, envolvendo as cidades de Cocalinho (MT) e Aruanã (GO), com amostragem também no rio Vermelho.
Durante o trajeto, passou pelo barco-hotel da expedição uma equipe composta por 21 pesquisadores e cerca de 30 pessoas no total, incluindo pilotos, cozinheiros, maquinistas, coordenadores e equipe de apoio. Os cientistas coletaram amostras de água, plantas e organismos aquáticos, como peixes, algas e zooplânctons. Agora, inicia-se a fase de identificação das espécies, que deve durar cerca de um ano, dependendo de cada grupo taxonômico estudado. "A coleta foi uma etapa exaustiva e intensa, mas agora tem toda uma fase de identificação, com vários alunos e pesquisadores da UEG envolvidos", explicou o prof. Nabout. No caso dos microrganismos, para cada ponto de coleta, as amostras são analisadas pelo microscópio, com a identificação de espécies que, em alguns casos, exigem consultas a especialistas ou chaves de identificação. De acordo com o professor, esse processo é demorado, mas essencial para se chegar a uma lista precisa de espécies.
A expedição alcançou as metas propostas, incluindo a coleta em 150 lagos ao longo do percurso. "Considero que a expedição foi perfeita, um sucesso. Todo mundo voltou bem, íntegro para casa, sem nenhum tipo de intercorrência, e todos os grupos foram coletados", destacou Nabout. Além do aspecto acadêmico, a equipe interagiu com gestores municipais e comunidades locais, fortalecendo a conexão entre a pesquisa e a sociedade. Foram realizadas reuniões com prefeitos e secretários, o que foi um diferencial na expedição. “Em Aruanã e São Félix, por exemplo, nos reunimos com os prefeitos, e em Santa Terezinha, fomos recebidos pela Secretaria de Turismo", relatou. Essas interações permitiram não apenas a divulgação do trabalho científico, mas também a criação de oportunidades de colaboração com os municípios.
O Programa Araguaia Vivo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e gerido pela Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA). A expedição contou com o apoio de equipes de logística, divulgação e financeira, que garantiram o sucesso da operação. "O trabalho envolve não só quem estava no campo, mas também muitas pessoas que deram suporte em Goiânia, Brasília e Anápolis. Tivemos apoio para compra de alimentos, equipamentos e até para substituir itens que quebraram durante o trabalho", ressaltou Nabout.
O professor enfatizou ainda a importância do estudo para compreender a dinâmica ecológica do rio Araguaia, uma grande planície de inundação sem represas, com características únicas. "Essas pesquisas que estamos fazendo começam a revelar o Araguaia. Por isso precisamos de estudos complexos como esses, com vários grupos taxonômicos, além da complexidade do projeto envolvendo pessoas que atuam na área social, de educação, do turismo, da pesca. Essa expedição é uma peça de um quebra-cabeça grande que estamos montando para entender o rio Araguaia, principalmente nesses momentos em que vemos avanços de mudanças do solo e de impactos na biodiversidade de forma geral. Quando o compreendermos, será importante não apenas para a região, mas para outros sistemas semelhantes no mundo", explicou.
(Comunicação Setorial|UEG)