A atividade de educação socioambiental é um dos principais eixos da expedição Araguaia Vivo, tendo a Universidade Estadual de Goiás (UEG) como instituição de referência na articulação de ações voltadas à formação de professores da rede básica de ensino da região. Entre os dias 5 e 6 de fevereiro, a coordenadora da Atividade 4 do Programa Araguaia Vivo 2030 – “Mobilização, sensibilização e capacitação de atores locais” –, profa. Andreia Juliana Caldeira, docente dos cursos de Ciências Biológicas e Farmácia da UEG; a profa. Karine Obalhe Piorski, da coordenação de Iniciação Científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRP|UEG); e a coordenadora-geral do Programa Araguaia Vivo, profa. Mariana Telles (PUC-GO e UFG), estiveram em Aruanã (GO) para estabelecer contatos e parcerias com a prefeitura local.
Durante a visita, foi firmada uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação e, no próximo dia 12 de março, será realizada uma ação em Aruanã para a formação de professores da educação básica. A atividade envolverá todas as escolas da localidade, além de representantes do poder público. A proposta é organizar clubes de ciências nas unidades de ensino, tendo como primeira atividade o trabalho com a coletânea infantil “Florinha do Cerrado”, que busca conscientizar as novas gerações sobre a importância da proteção ambiental.
O material paradidático, composto por um livro e três cadernos de atividades, é resultado da pesquisa de pós-doutorado do biólogo Charles Lima Ribeiro, supervisionado pelas professoras Andreia Juliana e Josana de Castro Peixoto, no Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (Teccer|UEG), com apoio do Laboratório de Saberes Tradicionais e Ambientais do Cerrado (LSBSACER) e do Laboratório de Educação Científica e Popularização da Ciência (Lecpop). A pesquisa que deu origem ao projeto integra o Programa Araguaia Vivo 2030. “Iremos orientar os professores sobre o conteúdo teórico dos livros, para um circuito de atividades que serão realizadas ao longo deste primeiro semestre”, explica a profa. Andreia Juliana.
Mobilização e capacitação
A Atividade 4 do Programa Araguaia Vivo tem, entre seus principais objetivos, promover a formação de grupos-alvo na região do rio Araguaia, destacando a biodiversidade do Cerrado e seus usos sustentáveis. A iniciativa visa estimular práticas conscientes, fomentar a geração de renda e fortalecer a preservação ambiental. Além disso, busca realizar um diagnóstico com base na percepção local, verificando desafios e oportunidades que promovam sustentabilidade e conservação.
Ao avaliar o ensino da biodiversidade, a ação pretende identificar lacunas e reforçar a educação ambiental. Propõe-se também a investigar saberes tradicionais de povos indígenas e ribeirinhos e promover discussão sobre a “invisibilidade botânica” na educação básica e na comunidade local, enfatizando a importância das plantas em contextos ecológicos, culturais e educativos. Além disso, procura impulsionar o protagonismo feminino, ressaltando os desafios e conquistas das mulheres, e fomentar ações de divulgação científica na região.
Além da profa. Andreia Juliana, integram a equipe outras docentes da UEG: Josana de Castro Peixoto, Karine Obalhe Piorski, Juliana Simião Ferreira, Thais Oliveira e Hélida Ferreira da Cunha, bem como estudantes de pós-doutorado, pós-graduação e graduação.
Expedição avança no monitoramento da biodiversidade aquática
A expedição do Programa Araguaia Vivo teve início em 1º de fevereiro e seguirá até o dia 26 deste mês. Durante este período, os cientistas percorrerão 150 lagos ao longo de aproximadamente 3 mil quilômetros na região do médio Araguaia, coletando dados essenciais sobre a biodiversidade. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e gerido pela Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA), o programa conta com a participação de pesquisadores, estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UEG, além de diversas outras instituições parceiras.
As equipes utilizam um barco-hotel como base logística para a expedição. A estrutura permite o armazenamento de equipamentos e insumos, preparo de materiais para os laboratórios de pesquisa, além de facilitar o acesso às áreas estudadas. A partir do barco-hotel, embarcações menores partem com grupos de pesquisa em direção aos lagos onde ocorrem as coletas.
O professor João Nabout, docente do curso de Ciências Biológicas e dos programas de pós-graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac) e Engenharia Agrícola da UEG, no Câmpus Central de Anápolis, é responsável pela atividade de biodiversidade aquática, ao lado da professora Priscila Carvalho, da Universidade Federal de Goiás (UFG). O objetivo dessa atividade é mapear a biodiversidade local, estudando micro-organismos, microalgas, zooplânctons, plantas aquáticas, além de espécies de peixes, macroinvertebrados e insetos aquáticos presentes na bacia do Araguaia (confira os resultados da primeira semana de coleta no quadro abaixo). O conhecimento gerado servirá de base para estratégias de conservação na região.
Iniciada em Luiz Alves (GO), a primeira parte da expedição percorre o rio Araguaia no sentido norte. Nesse trecho, as equipes realizam coletas em lagoas do rio Araguaia e em seus tributários, como os rios Cristalino, das Mortes e Javaés. A amostragem mais ao norte ocorre nas proximidades do município de Santa Maria das Barreiras, no Pará. Em seguida, a expedição retorna a Luiz Alves e inicia o trecho de coleta na porção sul. Nessa fase, são realizadas coletas no Araguaia, no rio Crixás, do Peixe, Ribeirão Água Limpa e rio Vermelho, abrangendo uma ampla extensão geográfica.
Um aspecto importante que tenho notado durante a expedição é a aproximação dos estudantes e pesquisadores com as comunidades locais. Essa aproximação é muito interessante, porque conhecemos as realidades e acessamos os saberes locais, além de observarmos uma grande receptividade da população. Isso é muito importante para o sucesso da expedição
Saiba mais
Composto por 11 atividades interligadas, o Programa Araguaia Vivo 2030 conta com a colaboração de 23 instituições de pesquisa públicas e privadas espalhadas pelo Brasil, com o objetivo de fortalecer a conexão entre Ciência, sociedade e políticas socioambientais.
A expedição também pode ser acompanhada pelo perfil Araguaia Vivo no Instagram.
(Comunicação Setorial|UEG)