Na terça-feira, 12, segundo dia do X Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEG (Cepe|UEG), foi realizado o painel “Como promover a integração entre pesquisa, pós-graduação e inovação para o desenvolvimento do Cerrado? Desafios e perspectivas”. Participaram o prof. Dr. Klayto José Gonçalves, do Centro de Biotecnologia e Reprodução Animal (Biotec) do Câmpus Oeste, com sede em São Luís de Montes Belos; e o prof. Dr. Hamilton Napolitano, do Grupo de Química Teórica e Estrutural de Anápolis (QTEA), do Câmpus Central. A mediação do painel ficou a cargo do prof. Dr. André Campos, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRP|UEG).
O prof. Klayto Gonçalves apresentou o Programa de Inseminação Artificial do Biotec|UEG, que contribui para disseminar a Ciência em 24 cidades do Arranjo Produtivo Lácteo (APL) do Oeste Goiano, promovendo o desenvolvimento da pecuária leiteira e gerando oportunidades. Entre os destaques, mencionou a suplementação com baru e buriti na criopreservação de sêmen bovino – técnica de preservação e armazenamento de amostras de sêmen para uso futuro – e o diagnóstico da qualidade do leite na região, visando apoiar pequenos produtores. Entre os projetos em andamento pelo Biotec está também a produção de bovinos A2A2, que produzem apenas beta-caseína A2, uma alternativa para quem tem desconforto gastrointestinal com a proteína A1 do leite de vaca.
Já o prof. Hamilton Napolitano discorreu sobre pesquisa e pós-graduação, abordando a maturidade tecnológica e a importância de levar a pesquisa ao setor produtivo para promover o desenvolvimento. Aproveitando a presença de alunos de pós-graduação nos debates do Cepe, o professor fez uma reflexão sobre o “estado da arte” na pesquisa – ou o mapeamento da produção científica existente sobre determinado tema –, considerado essencial para a produção de conteúdo com inovação. “A nova descoberta só vem quando você chega ao estado da arte. Se não chegou, vai dizer o já dito; o que os outros disseram”, ressaltou, lembrando que “o estado da arte é dinâmico", por isso a pesquisa exige o uso de fontes atualizadas.
Como exemplo de inovação na pesquisa científica, Napolitano comentou sobre um estudo conduzido pelo QTEA|UEG, publicado numa das mais importantes revistas científicas da área – a ACS Omega, da American Chemical Society. O artigo descreve a caracterização da estrutura molecular de um flavonoide de uma planta aromática do Cerrado. “Fizemos a extração, caracterização e determinamos a estrutura molecular. Se tem uma coisa que marca o Cerrado é a biodiversidade molecular”, disse. Ele destacou que a pesquisa é um exemplo prático de aplicação do conhecimento científico, lembrando que o estudo cumpriu todas as etapas essenciais, com a planta já podendo até mesmo ter sua patente requerida para um possível uso comercial.
Durante sua fala, o professor comentou que o QTEA|UEG tem buscado uma aproximação maior com o setor produtivo. Quando questionado, porém, sobre os desafios da UEG para promover efetivamente a integração entre pesquisa, pós-graduação e inovação para o desenvolvimento do Cerrado, enfatizou que a Universidade teve um amadurecimento institucional significativo nos últimos anos, mas ainda necessita de um amadurecimento científico. “Numa linguagem direta, precisamos de mais doutorados”, disse, ressaltando também que esses programas precisam ser bem avaliados. Segundo ele, é preciso tornar o processo científico “mais denso e institucionalizado nas múltiplas áreas da Universidade”.
Já o professor Klayto Gonçalves destacou que são necessários avanços que tornem os projetos mais ágeis, como mais recursos humanos, para evitar o comprometimento da pesquisa. Segundo ele, é preciso “mais pessoas da Universidade dentro dos laboratórios e, posteriormente, aumentar os projetos e interagir com eles”. Ele ressaltou ainda que, muitas vezes, os pesquisadores da UEG buscam profissionais de fora da Instituição para desenvolver projetos em parceria, apesar de haver pessoas dentro da própria Universidade que poderiam participar.
(Comunicação Setorial|UEG)