O professor Rafael de Almeida, do curso de Cinema e Audiovisual da Unidade Universitária Goiânia-Laranjeiras da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e coordenador do Entre-imagens - Laboratório Experimental de Cinema e Arte, participa do 21º Salão Nacional de Arte de Jataí com sua obra “Frágil”. A abertura do salão acontece no dia 28 de novembro de 2024, no Museu de Arte Contemporânea de Jataí (MAC), e a exposição das obras selecionadas permanecerá aberta ao público até 31 de janeiro de 2025, com entrada gratuita.
A 21ª edição do salão, promovida pela Prefeitura de Jataí por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Museu de Arte Contemporânea, mantém seu objetivo de incentivar a produção artística nacional, promover reflexões sobre a cultura brasileira e reafirmar a relevância da arte contemporânea no cenário atual. Segundo o curador Gilmar Camilo, é um dos eventos de arte mais longevos do estado de Goiás, consolidado como um espaço de prestígio para artistas de diversas linguagens.
A seleção deste ano, que reuniu trabalhos de 33 artistas de todo o país, contou com a curadoria de Gilmar Camilo (GO), Marco Antônio Vieira (PR) e Sandro Torres (GO). O salão destaca a capacidade de dialogar com questões contemporâneas e fomentar debates sobre identidades e cultura.
“Frágil”: Inteligência Artificial e masculinidade
Na obra “Frágil”, Rafael de Almeida explora as contradições e as fragilidades subjacentes às representações da figura do cowboy no imaginário brasileiro, com destaque para a região de Goiás. Utilizando fotografias geradas por inteligência artificial, que retratam cowboys montados em cavalos infláveis e vestindo roupas de couro e chapéus, o artista apropria-se dessas imagens ao recontextualizá-las: elas são fotografadas novamente sob plástico bolha, imprimindo uma camada de proteção e vulnerabilidade ao imaginário tradicionalmente associado à força e virilidade masculina.
A escolha estética do plástico bolha como elemento visual e simbólico evoca uma reflexão crítica sobre a masculinidade enquanto construção cultural. O trabalho propõe um contraponto à dureza tradicionalmente associada ao cowboy, revelando um lado mais frágil e protegido, que muitas vezes é reprimido em contextos patriarcais.
O resultado é um políptico composto por 10 peças que utiliza pigmento mineral sobre papel de algodão, criando uma textura visual que reforça a tensão entre força e fragilidade. Ao mesmo tempo, a obra dialoga com questões de identidade, performance de gênero e representações culturais, convidando o público a refletir sobre a pluralidade de masculinidades e os limites impostos pelos papéis sociais.
Entre a Pesquisa Acadêmica e o Espaço Expositivo
“Frágil” é fruto das investigações artísticas realizadas no âmbito do Entre-imagens - Laboratório Experimental de Cinema e Arte, coordenado por Rafael de Almeida na UEG. A obra reflete o compromisso do laboratório em promover experimentações que atravessam o cinema e as artes visuais, valendo-se de montagem, colagem e manipulação de imagens para desafiar convenções e explorar novos significados.
Ao ser exibida no MAC de Jataí, “Frágil” estabelece um diálogo com o espaço expositivo e o público local. Inserida no contexto de Goiás, a obra questiona símbolos enraizados na cultura regional, enquanto se alinha às discussões globais sobre arte contemporânea.
Para Rafael, participar do Salão Nacional de Arte de Jataí é uma forma de expandir o alcance das discussões fomentadas dentro da universidade: “É muito gratificante que o trabalho de pesquisa e experimentação artística que temos desenvolvido no âmbito do Entre-imagens tenha sido reconhecido pelo circuito de salões de arte do país. É uma forma de levar para além dos muros da universidade as discussões que temos fomentado por aqui.”
Sobre o Salão Nacional de Arte de Jataí
Criado como um espaço para destacar a produção artística brasileira, o Salão Nacional de Arte de Jataí tornou-se um dos eventos mais importantes do estado de Goiás. Edições anteriores revelaram nomes de destaque no cenário nacional e ampliaram o reconhecimento da arte contemporânea produzida na região Centro-Oeste.
O salão, promovido pela Prefeitura de Jataí, reflete o compromisso com a democratização do acesso à cultura, com entrada gratuita durante todo o período de exibição. Este ano, a seleção de artistas evidencia a pluralidade de abordagens e técnicas, reforçando a relevância do evento para o panorama artístico brasileiro.