Uma das etapas previstas no projeto “Condefé tem cagaita e gabiroba no Cerrado” aconteceu no último dia 9 de abril, com a participação da equipe da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e representantes das famílias dos assentamentos “Presente de Deus” e “Itajá”, na região do Vale do São Patrício. A reunião aconteceu na Associação Verde Vida, zona rural do município de Goianésia.
Em uma roda de conversa, esse encontro proporcionou a apresentação da equipe e dos objetivos do projeto aos representantes das famílias assentadas. O encontro também proporcionou momentos de escuta e acolhimento, nos quais as famílias compartilharam com a equipe suas histórias de vida, suas rotinas diárias, suas percepções e relações com o ambiente em que vivem. Para a equipe do projeto, esse primeiro contato foi fundamental para o direcionamento das próximas etapas, que visam, por meio do engajamento das famílias, promover economia circular, conservação ambiental e sustentabilidade dos frutos cagaita e gabiroba na região.
O projeto
O projeto, que tem como foco a conservação de cagaiteiras e gabirobeiras no Vale do São Patrício, em Goiás, e contribuir com a geração de renda de agricultores familiares e famílias assentadas na região, foi proposto por pesquisadores da UEG em chamada pública da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), em parceria com a Fundação Grupo Boticário.
A execução da proposta terá um custo total de R$ 150 mil. O projeto teve início em janeiro deste ano e se estenderá até dezembro de 2025. Segundo a coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de Produtos da Biodiversidade da UEG e líder da proposta de solução, Joelma de Paula, cagaiteiras e gabirobeiras são frutíferas nativas do Cerrado, cujos frutos são apreciados para consumo in natura por terem sabor adocicado e bem peculiar. "Em muitas regiões do Cerrado essas espécies são impactadas por práticas de manejo de pastagem ainda muito utilizadas na agricultura familiar, como roçagem e queimadas", revela.
A pesquisadora diz que as polpas dos frutos dessas espécies já são exploradas especialmente por empresas regionais e nacionais para produção de picolés, sorvetes e doces. "Mas por serem bastante perecíveis, especialmente a cagaita, há pouca comercialização dos frutos frescos, principalmente em feiras. Há grande potencial econômico em torno desses produtos nativos, já que podem ser encontradas até 160 plantas em um hectare e, embora frutifique em apenas dois meses do ano, uma cagaiteira pode produzir de 500 a 2.000 frutos", salienta.
De acordo com Joelma, o projeto tem quatro vertentes principais interconectadas: o diagnóstico e acompanhamento participativo, por meio de encontros e visitas in loco, com objetivo de trocar saberes, expectativas e necessidades entre as famílias beneficiárias e a equipe; estudos ecológicos e botânicos com o objetivo de identificar e demarcar as espécies na região, coletar as informações ecológicas; estudos de tecnologias pós-colheita para investigação das melhores maneiras de armazenagem e conservação dos frutos para comercialização e produção; e estudos físico-químicos e de bioatividade dos frutos e seus resíduos. A proposta prevê que os resultados dos estudos retornarão para as famílias por meio de encontros, rodas de conversas, capacitações, utilizando cartilhas e outros materiais produzidos ao longo do projeto. O projeto ainda pretende promover nas comunidades a economia criativa e circular, que viabilizará a sustentação financeira da proposta.
Equipe
A equipe, coordenada pela professora Joelma Abadia Marciano de Paula, é composta pelos professores André José de Campos, Cristiane Maria Ascari Morgado, Josana de Castro Peixoto, Leonardo Luiz Borges e Eliete Souza Santana, como docentes colaboradores; e os discentes de programas de pós-graduação da UEG Anielly Monteiro de Melo (Renac), Fernando Gomes Barbosa (Renac), Charles Lima Ribeiro (Ciências Moleculares), Marcio Júnior Pereira (Teccer), Leonardo Gomes Costa (Caps) e Monatha Nayara Guimarães Teófilo (Renac).
Em Goianésia, a equipe tem a colaboração de Manoel Henrique Reis de Oliveira.
(Comunicação Setorial|UEG)