A Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear), segue avançando em seu processo de internacionalização com a participação do prof. Dr. Ulisses Terto Neto em delegação composta pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultores Familiares do Estado do Maranhão (Fetaema); Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama); Associação Comunitária de Educação em Saúde e Agricultura (Acesa); Ulster University, da Irlanda do Norte; e parceiros internacionais para ações de incidência na Europa.
Entre os dias 16 e 23 de setembro, a delegação visitou a Organização das Nações Unidas (ONU), na Suíça, bem como entidades da sociedade civil e academia, na Alemanha, com o objetivo de denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos, os incêndios criminosos, o desmatamento na Amazônia e no Cerrado maranhense causado pelo agronegócio, e a violência contra defensores dos direitos humanos no Maranhão e no Brasil.
Durante a semana de atividades, a delegação, em parceria com a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e a Ulster University, e com o apoio de organizações como Front Line Defenders, Fundação Avina, Coletivo Taoca, Marche contre Syngenta, Salve a Floresta e Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino em Geografia da Universidade Federal do Maranhão (Lepeng|UFMA), apresentou um relatório detalhado sobre as violações de direitos humanos que afetam comunidades tradicionais e rurais do Maranhão.
Durante as reuniões, a delegação entregou o documento intitulado "Chemical warfare of pesticides and unsustainability of soybeans: impacts on traditional peoples and communities in Maranhão" (Guerra química dos agrotóxicos e a insustentabilidade da soja: impactos sobre povos e comunidades tradicionais no Maranhão), que apresenta um panorama detalhado das violações de direitos humanos e dos impactos ambientais causados pelas práticas agrícolas e industriais no estado.
Além do prof. Ulisses Terto Neto (Cear|UEG), a delegação contou com a participação de Edimilson Costa, secretário Agrário da Fetaema; Maria Adriana Oliveira, presidenta do Sindicato dos Trabalhodes e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Açailândia; Ariana Gomes, secretária Executiva da Rama; Raimundo Alves, coordenador Técnico da Acesa; Diogo Cabral, assessor jurídico da Fetaema; e profa. Siobhán Wills, da Ulster University.
Atividades
A visita começou em Genebra, Suíça, no dia 16 de setembro, onde os membros se reuniram com relatorias da ONU, incluindo temas como tóxicos e direitos humanos, meio ambiente, minorias e direito humano à alimentação. Durante essas reuniões, foram apresentados relatos sobre a pulverização aérea de agrotóxicos, desmatamento no Cerrado e na Amazônia, além de incêndios criminosos que afetam comunidades tradicionais e rurais.
No dia seguinte, em Berna e Zurique, a delegação se encontrou com as organizações Hilfswerk der Evangelischen Kirchen Schweiz (HEKS) e Public Eye. Nesse contexto, foram compartilhados dados sobre o monitoramento do uso de agrotóxicos e informações sobre violência no campo, desmatamento e incêndios. A delegação destacou iniciativas que conseguiram aprovar leis municipais para proibir a pulverização aérea de agrotóxicos em cidades do Maranhão.
No dia 18 de setembro, a delegação se reuniu com o relator especial sobre tóxicos e direitos humanos, Marcos A. Orellana, ocasião em que foram expostas as consequências da pulverização aérea de agrotóxicos no Maranhão. Foram abordados os índices de contaminação ambiental, os impactos na saúde das populações e a violência agrária contra defensores de direitos humanos, além da falta de políticas de proteção.
Ainda no dia 18, durante uma pré-sessão do Comitê sobre os Direitos da Criança na ONU, a delegação denunciou violações que afetam crianças em áreas de conflito agrário. Os impactos da pulverização de agrotóxicos, expulsões de terras e desmatamento foram temas centrais, assim como a necessidade de políticas de reforma agrária e titulação de terras.
Nos dias 19 e 20 de setembro, em Berlim, a delegação se reuniu com assessores parlamentares do Partido Verde Alemão. O foco foi discutir o impacto do programa Soja Sustentável, financiado pelo governo alemão, que contribui para o desmatamento e a contaminação de comunidades no Maranhão. Foi apresentado também o documentário "We fight for this land: quilombola and indigenous resistance to ecowar violence in the Amazon", disponível em inglês, português e espanhol.
A missão evidenciou a urgência das questões levantadas e a importância do apoio internacional na luta pelos direitos humanos e pela preservação ambiental.
(Comunicação Setorial|UEG)