Desde 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial do Meio Ambiente, no dia 5 de junho, a preservação ambiental vem sendo discutida por todos os países. Apesar disso e de acordos estabelecidos, as ações práticas não têm evoluído a ponto de evitar o avanço do aquecimento global, da perda da biodiversidade e da poluição.
Preocupada com o assunto, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) criou a Comissão Permanente de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, composta por 12 docentes e servidores técnico-administrativos, que terá como papel a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). O documento deverá apontar e descrever as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, que corresponde às etapas de segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, armazenamento externo, coleta interna, transporte externo, destinação e disposição final ambientalmente adequada.
UEG - Qual a importância de se fazer o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde na Universidade?
Marco Júnio - Devido a suas atividades de rotina, no ensino, na pesquisa e na extensão, vários cursos de graduação e pós-graduação da Universidade são geradores de resíduos de serviços de saúde, conforme classificação definida na Resolução n. 222/2018 da Anvisa. Esses resíduos podem ser de cinco grupos: A (possível presença de agentes biológicos); B (produtos químicos); C (rejeitos radioativos); D (resíduos domiciliares); E (perfurocortantes) e, com exceção do tipo D, todos eles podem causar riscos importantes à saúde pública e ao meio ambiente. Assim, é possível notar o quanto é importante a gestão desses resíduos, para conseguir reduzir a quantidade de resíduo gerado, reaproveitar o que for possível e diminuir os riscos envolvidos com o manejo desses materiais.
UEG - Quando o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da UEG deve ser criado? Há uma expectativa de quando começará a ser implementado?
Marco Júnio - Desde que foi criada, em 2022, a Comissão tem trabalhado consistentemente na elaboração do PGRSS da UEG. Sabemos que a estrutura da Universidade é peculiar, estamos presentes em muitas cidades, então é preciso levar em conta essas particularidades e, ao mesmo tempo, atender ao que preconizam a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Conselho Nacional de Meio Ambiente, bem como toda a legislação vigente no país relacionada a este tema. Encaminhamos à Reitoria algumas informações preliminares importantes e nas próximas semanas vamos apresentar uma proposta ao CSU. A ideia é disseminar em todos os câmpus e unidades um documento único que possa recolher dados concretos sobre o gerenciamento de resíduos na Universidade como um todo.
UEG - Que tipos de ações serão colocadas em prática na Universidade para reduzir o impacto dos resíduos de serviços de saúde no meio ambiente?
Marco Júnio - A implementação do PGRSS é a medida mais importante para reduzir esse impacto, por isso a Comissão tem se dedicado tanto ao assunto desde o ano passado. Sabemos que a Comissão terá que atuar de maneira próxima aos gestores locais e aos responsáveis pela implementação do PGRSS nas unidades universitárias e esperamos que esse processo permita que práticas mais sustentáveis para a saúde do meio ambiente sejam cada vez mais comuns na UEG. Além disso, estamos planejando ações educativas, com alcance em toda a comunidade universitária, no sentido de conscientizar docentes, discentes e servidores administrativos sobre os problemas e desafios que enfrentamos atualmente no sentido de proteger o meio ambiente.
UEG - Desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) despertou para alertar o mundo sobre ações danosas ao meio ambiente que o tema vem sendo discutido pelos países. Quais os avanços práticos alcançados pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento para reduzir a poluição, o desmatamento e o aquecimento global?
Marco Júnio - A Organização das Nações Unidas (ONU) tem trabalhado constantemente em iniciativas diversas dentro da agenda ambiental, através de ações como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse empenho promove discussões com a participação de líderes de vários países e ajuda a produzir acordos multilaterais disseminados em vários países e alerta a população em geral sobre a importância de proteger o meio ambiente. Como medidas recentes, podemos citar a Conferência de Biodiversidade da ONU (COP 15), no Canadá, que reuniu representantes de mais de 190 países em 2022, quando chegaram a um acordo histórico para proteger os ecossistemas naturais, frear e reverter a perda de milhares de espécies de animais e vegetais por meio do “Acordo Global de Biodiversidade Kunming-Montreal”. No Brasil, podemos dizer que fomos precursores de arrojadas legislações de proteção da fauna e flora e políticas de comando e controle eficazes -- entre 2003 e 2016, o país reduziu em mais de 70% o desmatamento da Amazônia, segundo dados do INPE. Além disso, em 2022 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução declarando que todas as pessoas no planeta têm direito a um meio ambiente limpo e saudável.
Neste ano de 2023, por exemplo, foi lançada a campanha #BeatPlasticPollution, que pode ser traduzida como "combate à poluição pelo plástico". Espera-se uma redução de poluição plástica no mundo todo em 80% até o ano de 2040, ao eliminar o uso de materiais plásticos que causam alto risco à saúde e ao meio ambiente, e colocando três medidas em prática no mercado: reutilizar, reciclar e reorientar. Além da reutilização e reciclagem, que devem ser incentivados pelos governos e pelo setor produtivo através de medidas concretas, a reorientação, por sua vez, envolve a substituição do plástico por outros materiais alternativos.
UEG - O que o ser humano, no seu dia a dia, pode fazer para ajudar a proteger o meio ambiente?
Marco Júnio - De maneira bastante simples, podemos separar o material, um hábito que não se pode perder. Limpar vasilhas, garrafas e outros recicláveis antes de mandar para a coleta. Além disso, é importante valorizar e contribuir com iniciativas que ajudem os trabalhadores de materiais recicláveis. No ambiente acadêmico, no qual estamos todos inseridos, é essencial gerar dados sobre o destino dos resíduos, para assegurar que estamos investindo em práticas cada vez mais sustentáveis.
UEG - Quais ações a Comissão Permanente de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da UEG planeja para lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente?
Marco Júnio - Neste 5 de junho, a Comissão permanente de segurança do trabalho e meio ambiente da Universidade preparou dois momentos em comemoração a esta data para a comunidade acadêmica. Estes dois momentos acontecem nos dias 29 de maio, no Programa Saberes, e no dia 5 de junho, em live no canal da
UEG TV no YouTube, ambos com participação de membros desta Comissão, com atenção especial para a produção de resíduos no Brasil e suas políticas de gerenciamento. No dia 29, às 15h, Fernanda Melo Carneiro vai abordar o tema "Agenda 2030 e sua relação com a política de resíduos sólidos no Brasil e o Marco do Saneamento", no Programa Saberes, em entrevista à UEG TV. Já no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, às 9h, Luana Rodrigues Borboleta vai ministrar a palestra "Caracterização da produção dos resíduos no Brasil e seus impactos na economia e meio ambiente".