No início de agosto tomaram posse os cinco diretores dos Institutos Acadêmicos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) eleitos em junho. Os Institutos têm a função de cuidar dos aspectos acadêmicos dos cursos ofertados pela Universidade.
A partir de hoje, a Comunicação Setorial vai conversar toda segunda-feira com cada um dos diretores dos Institutos Acadêmicos. O primeiro é o professor Marcos Vinícius Ribeiro, do Instituto Acadêmico de Educação e Licenciaturas (Iael), eleito entre três concorrentes.
Estão ligados ao Instituto de Educação e Licenciaturas os cursos de graduação de Psicologia, Física, Geografia, História, Letras Português/Inglês, Matemática e Pedagogia, além dos mestrados em Educação, Linguagem e Tecnologias, Ensino de Ciências, Estudos Culturais, Memórias e Patrimônios, Geografia, História, Língua, Literatura e Interculturalidade e Territórios e Expressões Culturais no Cerrado.
Comunicação Setorial - Que propostas o senhor apresentou à comunidade universitária da UEG para as licenciaturas?
Marcos Vinícius – Apresentamos inúmeras propostas que foram com base no diálogo amplo com os principais setores da universidade e concentramos nossos esforços na construção de uma política de formação de professores humanizada e inclusiva. Queremos discutir os problemas das licenciaturas de forma ampla, prezando pela humanização dos processos, chamando os docentes para pensar, organizar e participar das soluções encontradas para o fortalecimento de uma política de formação de professores da UEG. Humanização, portanto, é abrir espaço para o diálogo, para que possamos planejar a longo prazo a permanência das licenciaturas na nossa instituição. A UEG tem uma vocação de inclusão, pois oportuniza a formação superior a inúmeros trabalhadores/estudantes do estado de Goiás. Nossa principal meta é apresentar amplamente os resultados de anos de excelentes trabalhos realizados na formação de professores pelo corpo docente das licenciaturas, mas de forma inovadora e dialogada, escutando todos os segmentos da nossa universidade, para que possamos valorizar a capacidade intelectual e orgânica de docentes, técnicos e discentes da nossa UEG.
Comunicação Setorial - As licenciaturas estão presentes em todo o estado, mas a demanda por esses cursos vêm caindo. O que o Iael pretende fazer para reverter essa baixa procura?
Marcos Vinícius – Não se trata de uma demanda que vem caindo, mas sim de compreendermos que o discurso derrotista construído em torno das licenciaturas, que foi pavimentado por ações que ano após ano desvalorizaram a profissão, encontra-se disseminado em meio ao senso comum. Esse problema, portanto, é estrutural, o que significa que precisamos desconstruir tal narrativa demonstrando que a licenciatura é um vasto campo de possibilidades. As licenciaturas são agentes de desenvolvimento socioeconômico e devem ser valorizadas enquanto tais. Recuperar o respeito pela docência é tarefa de casa. Portanto, acredito que precisamos entender o papel social desempenhado pelas licenciaturas no estado de Goiás. Nossa instituição é a principal protagonista do processo de formação de professores no estado. Ao devolver a importância institucional às licenciaturas, seguramente estaremos no caminho de consolidar a nossa pujante instituição.
Comunicação Setorial - Qual o papel da UEG na formação de professores no estado?
Marcos Vinícius - Avalio que o nosso papel é fundamental. Afinal, sabemos que Goiás foi o estado da Federação que não só atingiu a sua meta no Ideb, mas também o que apresentou melhores resultados em termos relativos. Trata-se de um grande projeto de formação de professores que já encontra-se a pleno vapor. Precisamos valorizar cada vez mais a educação como fator de desenvolvimento e promoção da cidadania crítica, para então consolidar premissas de formação de professores e pesquisadores das licenciaturas. A formação de professores é a atividade primordial das licenciaturas, profissão sem a qual não conquistamos melhores cenários formativos como um todo. Veja, todo discente que entra na universidade pública e torna-se um pesquisador de excelência, se sua trajetória de estudos foi cumprida em nosso estado, certamente temos aí o produto do incansável trabalho de formação de professores que nossa Instituição realiza. Além disso, é preciso reconhecer que uma ciência pujante e com lastro social bem referenciado depende do trabalho de base que se inicia com a formação de professores. Portanto, colaborar para ascensão social de jovens que se encontram em vulnerabilidade social, promover a inclusão e humanizar o acesso à cidadania tem sido o principal papel desempenhado pelas licenciaturas da UEG. Mas é importante lembrar, também, que ao longo de nossa trajetória consolidamos o acesso à pós-graduação em nosso estado. Só nas licenciaturas contamos com os seguintes programas de pós-graduação stricto sensu: mestrado em Educação; Linguagem e Tecnologias; Ensino de Ciências; Estudos Culturais, Memórias e Patrimônios; mestrado em Geografia; mestrado em História; mestrado em Língua, Literatura e Interculturalidade; Territórios e Expressões Culturais no Cerrado. Ou seja, a formação continuada é uma realidade que nossa instituição leva aos estudantes goianos. Não podemos nos esquecer que para que pudéssemos chegar a consolidar o ensino de pós-graduação, trilhamos um longo caminho de base com a constituição das nossas graduações em História, Geografia, Letras, Matemática, Física, Psicologia e Pedagogia. Isso sem contar com os inúmeros programas de pós-graduação lato sensu.
Comunicação Setorial - Uma das atividades do Iael é propor a criação, fusão, alteração ou extinção de cursos. Como será feita essa análise?
Marcos Vinícius – Trata-se de uma análise referenciada na oferta de cursos com qualidade e excelência, sem deixar de lembrar que desempenhamos um papel significativo em diversas regiões do estado, haja vista que as licenciaturas e a UEG como um todo são a principal via de acesso e inclusão dos jovens goianos no ensino superior. Os docentes, discentes e técnicos da universidade, bem como os setores da sociedade goiana que se interessam pelo conhecimento, são intelectuais capazes de pensar os processos de fortalecimento, criação, fusão e, em último caso, extinção de cursos. Por isso, avaliamos que o papel do Instituto é o de ser o grande organizador dos espaços de debates e análises, mas também de ideias para que possamos consolidar as mudanças necessárias para que a qualidade dos nossos cursos possam aflorar. Desta forma, nossos cursos continuarão representando um horizonte de mudança estrutural nas vidas dos cidadãos goianos. Avaliamos, portanto, que o melhor caminho para esta tarefa reside na capacidade de escuta e organização dos processos realizados pelos membros do nosso Instituto.
Currículo
Marcos Vinícius Ribeiro - Possui graduação em bacharelado e licenciatura em História (Unioeste); Mestrado em História com área de concentração em História, Poder e Práticas Sociais (Unioeste); Doutorado em História pela (Unioeste). Tem experiência na área de História, com ênfase em Estado e Poder, atuando principalmente nos temas: Regimes militares, Ditaduras de Segurança Nacional e Terrorismo de Estado, Teoria da História e Ensino de História. É professor de História e do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS) do Câmpus Sudoeste da Universidade Estadual de Goiás. Foi coordenador central dos cursos de História da UEG. Atualmente é diretor do Instituto de Educação e Licenciaturas da UEG.
(Dirceu Pinheiro|Comunicação Setorial|UEG)