A proposta de Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de Goiás (PPGEO-UEG) é resultado de um processo de amadurecimento institucional, bem como da trajetória acadêmica dos vários docentes proponentes desse curso. Fazendo um breve recorte temporal, no ano de 2016 foi elaborado o primeiro APCN de Geografia, tal qual foi aprovado no âmbito interno da UEG, e posteriormente submetido a Capes. Todavia o projeto não foi aprovado pela Capes dado algumas ressalvas. Nesse sentido, optamos por elaborar a reedição do projeto para nova submissão. Baseado na primeira experiência, nas sugestões dos pareceristas que avaliaram a proposta, com adaptações na proposta central, e com a substituição dealguns docentes em cada linha de pesquisa, foi possível obter subsídios para a elaboração do APCN 2017.
Nesse sentido, a UEG tem buscado se consolidar enquanto referência no processo de produção do conhecimento acadêmico-científico, sendo que nos últimos anos instituiu vários programas Stricto sensu de Pós-graduação. Com relação à Geografia, existem 10 (dez) cursos ativos, sendo que o quadro de professores efetivos, com titulação de doutor, e com perfil de pesquisador vêm aumentando e se consolidando.
Este quadro docente, ligado à diferentes campi universitários, tem discutido, há algum tempo, a demanda relacionada ao processo formativo, em nível de Pós-graduação Stricto sensu em Geografia, no Estado de Goiás. A partir deste diálogo e do entendimento de que este grupo está suficientemente consolidado é que construímos e apresentamos esta proposta.
A área de concentração “Estudos ambientais e territoriais do Cerrado” objetiva contribuir com a produção e divulgação do conhecimento geográfico a respeito das questões ambientais e territoriais do bioma Cerrado, especialmente focado a Goiás e/ou Centro Oeste brasileiro. Com efeito, parte-se da compreensão de que o Cerrado, além das diferentes paisagens naturais e sua rica biodiversidade, a ponto de ser considerado como um dos hotspots para conservação mundial, possui também uma multiplicidade de sujeitos, organizados territorialmente com suas manifestações e matizes culturais, sociais e políticas. O Cerrado também é um território em disputa, integrado as redes mundiais de produção e comercialização de commodities agrominerais. Dessa maneira, emerge uma proposta de abordagem integrada do Cerrado - aglutinadora de estudos ambientais e territoriais -, pois além de ser um ambiente natural caracterizado por uma diversidade climática, pedológica, topográfica e o definido como divisor de águas das três maiores redes hidrográficas brasileiras (a Amazônica, a Platina e a do São Francisco), ele (o Cerrado) é um produto histórico, cujo território é apropriado socialmente por diferentes sujeitos, suas escalas de poder e controle econômico eterritorial.
As pesquisas desta linha focam análises que envolvem elementos ambientais do Cerrado sob o enfoque geográfico. São estudos dedicados aos solos, relevo, geologia, bacias hidrográficas, clima e fitofisionomias, etc., referenciados em diferentes métodos, técnicas e escalas de pesquisas, assim como suas interlocuções com o ensino de Geografia. Os estudos estarão conectados aos processos de ocupação das paisagens urbanas e rurais ou aos processos e fenômenos naturais que possam refletir na qualidade de vida das populações que vivem nos territórios do Cerrado. Permitirá, neste sentido, investigar o modo como este ambiente heterogêneo é apropriado, usado e impactado ambientalmente. Em suma, as pesquisas realizadas nesta linha de pesquisa possibilitarão a melhor compreensão ambiental e territorial do Cerrado.
As pesquisas desta linha refletem análises preocupadas com uma perspectiva integrada do Cerrado, que não separa o bioma dos componentes econômicos, políticos, sociais e culturais, dos territórios da vida e do trabalho. Portanto, são pesquisas que investigam as estratégias de uso, apropriação e disputa do Cerrado. Destacam o papel das infraestruturas logísticas, as redes geográficas, da mobilidade de pessoas, capital e informação no território, do planejamento urbano/regional, da estrutura fundiária desigual, as diferenciações regionais, o processo de urbanização, a cultura, as ações dos movimentos sociais, das empresas do agronegócio, capital hidroenergético, mineração, turismo e construção civil na dinâmica territorial do Cerrado. Ademais, refletem investigações que aprofundam o entendimento do Cerrado pelo viés geográfico, suas manifestações na pesquisa, no ensino e na extensão.