Nós, professores do curso de matemática da UEG Câmpus Cora Coralina, buscamos, por meio desse documento, manifestar nosso empenho por meio de ações que visam o fortalecimento do curso nos próximos quatros anos. Para além dessas ações, mostramos nesse documento, nossas produções, desenvolvidas, em desenvolvimento e a desenvolver visando oferecer uma excelente formação inicial aos acadêmicos de matemática de nosso Câmpus. Pensamos com Paulo Freire que
As doutrinas neoliberais procuram limitar a educação à prática tecnológica. Atualmente, não se entende mais educação como formação, mas apenas como treinamento. Creio que devamos continuar criando formas alternativas de trabalho. Se implantada de maneira crítica, a prática educacional pode fazer uma contribuição inestimável à luta política. A prática educacional não é o único caminho à transformação social necessária à conquista dos direitos humanos, contudo acredito que, sem ela, jamais haverá transformação social. A educação consegue dar às pessoas maior clareza para “lerem o mundo”, e essa clareza abre a possibilidade de intervenção política. É essa clareza que lançará um desafio ao fatalismo neoliberal (PEDAGOGIA DOS SONHOS POSSÍVEIS, 2014, p. 50).
Por isso, defendemos uma educação para além daquela puramente técnica preconizada por políticas neoliberais. Desejamos promover uma educação transformadora como da proposta de nossa universidade objetivando “produzir e socializar o conhecimento científico e o saber, desenvolver a cultura e a formação integral de profissionais e indivíduos capazes de se inserirem criticamente na sociedade e promoverem a transformação da realidade socioeconômica do Estado de Goiás e do Brasil” (UEG/PDI-2010/2019).
Nesse sentido, entendemos nossa proposta de universidade pública como uma instituição compromissada em formar cidadãos críticos e participativos por meio de uma educação transformadora da sociedade. Visando alcançar a promoção de uma sociedade mais harmônica, cabe destacar a necessidade de professores progressistas interessados em trabalhar para diminuir desigualdades socioeconômicas, políticas, culturais dentre outras. Por isso estamos nos esforçando, ao máximo de nossas capacidades, para ir contra um possível fechamento de nosso curso de licenciatura em matemática. Lembramos que a universidade está comprometida com a formação de profissionais e sujeitos críticos para a inserção e transformação social. Fechar um curso como o nosso poderia ser visto como uma aproximação de nossa instituição às políticas neoliberais.
Como profissionais que atuam com a formação de professores e que dialogam com outros setores da comunidade não raro ouvimos queixas, de trabalhadores na gestão escolar da rede pública de educação básica, da falta de professores de matemática em Cidade de Goiás. Isto não é exclusividade nossa, em pesquisa no buscador Google com as palavras “falta professor de matemática” no dia 19/04/2018, apareceram 859 mil resultados sobre o desinteresse crescente pela profissão docente e a consequente falta de professores principalmente nas áreas de exatas e biológicas. Nessa pesquisa aparece reportagem do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, disponível em <http://www.iea.usp.br/noticias/poucos-matriculados-em-licenciatura-e-alta-taxa-de-desistencia-demonstram-falta-de-interesse-na-carreira-de-professor> cuja manchete de 1º/09/2017 expõe em dizeres vermelhos “Poucos matriculados em licenciatura e taxas de desistência demonstram falta de interesse na carreira de professor”. A escassez de candidatos aos cursos de licenciatura é geral, mas a falta de professores dos quadros de matemática, física e química é destacada pelo sindicato de trabalhadores da educação de Minas Gerais. Em Goiás isso não é diferente, há cada vez menos interessados em cursar licenciaturas, principalmente na área de exatas como a Matemática. Estamos empenhados em buscar reverter essa situação em nosso curso, mas como lemos em ‘www.em.com.br’, do estado de minas, há um desinteresse crescente pela licenciatura causando um déficit de 170 mil professores no país segundo informações do MEC. Esse desinteresse é causado pelo baixo prestígio profissional, salários pouco atrativos e problemas sociais nas salas de aula.
Em decorrência disso questionamos: Qual seria nosso papel, enquanto instituição de ensino superior, diante desse quadro? Promover um ensino público de qualidade contribuindo com a formação de professores no estado de Goiás ou aderir ao discurso neoliberal e fechar cursos de licenciatura aumentando, ainda mais, a necessidade de professores formados para o trabalho na educação básica?
Entendemos que nosso papel seja o de possibilitar o acesso à educação de acordo com a missão da UEG. Por este motivo defendemos a manutenção de nosso curso de Licenciatura em Matemática da UEG Câmpus Cora Coralina. Diante disso, apresentamos nossas ações visando fortalecer o nosso curso.