Conheça Cora Coralina - A poetisa goiana

25/11/2014

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em Vila Boa de Goiás, 20 de agosto de 1889 — faleceu em Goiânia, 10 de abril de 1985, foi uma poetisa brasileira.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, sendo uma das primeiras construções da antiga Vila Boa de Goiás.

Começou a escrever os seus primeiros textos aos catorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.

Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Nesse Estado passou quarenta e cinco anos, vivendo inicialmente no interior, nas cidades de Avaré e Jaboticabal, e depois na capital, onde chegou em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer, algumas semanas, trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 pararam a cidade. Em 1930 presenciou Getúlio Vargas chegando à esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, Cora ficou ainda com três filhos para acabar de criar. Sem se deixar abater, vendeu livros em São Paulo, mudou-se para Penápolis, no interior do Estado, onde passou a vender lingüiça caseira e banha de porco que ela mesma preparava. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.
Ao completar cinqüenta anos de idade, a poetisa sofreu uma profunda transformação em seu interior, que definiria mais tarde como a perda do medo. Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.

Durante esses anos, Cora não deixou de escrever, produzindo poemas ligados à sua história, à ligação com a cidade em que nascera e ao ambiente em que fora criada.

Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana, serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e, sua poesia atingisse um nível de qualidade literária, jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e, seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo, no qual estava inserida, e, ainda, compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto, na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela, a descoberta de como a simplicidade pode ser, o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.

Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil.

Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.

Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).
Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.

 

NÃO SEI

"Não sei... 
se a vida é curta ou longa demais pra nós, 
mas sei que nada do que vivemos tem sentido, 
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita,
alegria que contagia, lágrima que corre,
olhar que acaricia, desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, 
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não 
seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, 
pura...enquanto durar....“ 

(Cora Coralina)


Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1014#ixzz3K5RYLkI0