Como parte das atividades de formação dos discentes do curso de Licenciatura em História, modalidade a distância, ofertado pelo Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (CEAR), da Universidade Estadual de Goiás (UEG) foi realizada no dia 23 de novembro de 2024 a aula de campo na Área de História e Educação Patrimonial, disciplina ministrada pela professora Gercinair Silvério Gandara.
A aula campo foi idealizada pelas tutoras Patrícia Maria Rodrigues e Fabiana Martins de Freitas que planejaram e executaram as atividades com os estudantes do curso de Licenciatura em História, sob a coordenação do professor Mateus Vieria Orio. A atividade contou também com a presença de Nádia Bianchessi Bortoloso, coordenadora do polo de Águas Lindas de Goiás e teve o apoio das Secretarias Municipais de Educação de Pirenópolis e Águas Lindas de Goiás, que cederam o transporte para os estudantes.
A atividade consistiu em uma visita à Fazenda Babilônia, situada no município de Pirenópolis - GO. Foi integrada também ao projeto de extensão “Raízes e Horizontes: Compreendendo o pertencimento no curso de história da UEG entre alunos de escolas públicas do ensino médio", cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da UEG, sob a coordenação da professora Patrícia Simone de Araujo, cujo foco é a compreensão do pertencimento e da valorização das raízes culturais e históricas dos alunos. A fazenda Babilônia, por ter sido o maior engenho de cana-de-açúcar da região e ter utilizado o trabalho de cerca de 200 escravizados, é um espaço de grande relevância para entender a dinâmica da escravidão e a formação da sociedade local.
Após se deslocarem para a fazenda, os participantes foram recepcionados pela proprietária, Telma Lopes Machado, visitaram o local onde era realizada a moagem da cana, todo o seu processamento e observaram utensílios usados para a produção do açúcar. Puderam ver formas de produção de telhas coxas – telhas de barro que erram fabricadas nas coxas dos escravos – carros de boi, moedores, ferro à brasa, máquinas de costura, entre vários outros utensílios históricos.
Os participantes visitaram a capela da fazenda – com pinturas confeccionadas por José Joaquim da Veiga Valle –, ouviram relato histórico apresentado pelo guia da fazenda, Francisco. Na oportunidade, ele apresentou sinteticamente o contexto histórico, arquitetônico e econômico da fazenda. Foi realizada uma visita guiada por toda fazenda e os acadêmicos/as apreciaram o café colonial, servido com itens produzidos no local.
A visita possibilitou aos acadêmicos/as vivenciar aspectos históricos da produção açucareira e suas implicações sociais e culturais, proporcionando uma reflexão direta sobre as contribuições e os desafios enfrentados pelos negros escravizados na formação da sociedade pirenopolina. A intenção é que, nos próximos semestres, sejam realizadas novas visitas com os alunos dos demais polos em que o curso é ofertado: Alexânia, Cavalcante, Jaraguá, Mineiros, São Miguel do Araguaia e São Simão.
Vale ressaltar que as experiências, também extraídas nesse momento, contribuíram para promover um olhar crítico sobre o passado, sensibilizando os/as acadêmicos/as sobre a herança do sistema escravocrata e incentivando uma ressignificação das narrativas históricas. Pois, ao reconhecer a importância e contribuição histórica que o período colonial serviu e serve para nos apresentar a construção da identidade e cultura de um povo, fomenta-se o sentimento de pertencimento, ao estreitar o vínculo entre os/as estudantes e suas comunidades para valorizar e preservar a memória coletiva que acontecerá nessa visitação.