O Seminário do Núcleo de Estudos em Teoria da História (NETH) - Programação e Resumos < Clique no link para acessar o carderno de resumos e a programação do seminário.
Em sua décima quinta edição a Semana de História da UEG-Uruaçu abriga também o I Seminário do Núcleo de Estudos em Teoria da História. O tema Teoria em Interfaces busca chamar a atenção para este campo que, por tanto tempo, foi considerado não mais que uma propedêutica para a História “de fato”. A cena mudou e hoje, graças ao volume e à qualidade das traduções e das pesquisas teóricas desenvolvidas em solo brasileiro, começa a consolidar-se a visão de que, ao invés de meramente auxiliar, a teorização consiste, na verdade, num fundamento do qual a História não pode prescindir, sob o risco de sucumbir ao espontaneísmo. No intuito de desconstruir o preconceito segundo o qual as reflexões teóricas consistem numa espécie de torre de marfim, que pecaria pela falta de conexão com as diversas áreas da pesquisa acadêmica, foi que optamos pela ideia de interface. Se bem sucedida, nossa abordagem mostrará que a teoria é um elemento viabilizador e não um luxo epistemológico. Assim foi que procuramos abordar as relações entre Teoria da História e História das Ciências, História Cultural, História das Religiões, Pensamento Afro-diaspórico e Antiguidade. As inscrições poderão ser feitas no site www.eventos.ueg.br em duas modalidades: ouvinte e comunicador (a). No ato da inscrição é possível escolher também um dos 6 minicursos ofertados. As comunicações se darão na sexta 16 de outubro, nos períodos matutino e vespertino.
Orientações para inscrições na plataforma Eventos:
PROGRAMAÇÃO
13 de outubro
19:30: Abertura
Atualismo e Historicidades Populistas: novos combates pela história
Prof. Dr. Valdei Lopes (UFOP)
14 de outubro
08:00 – 12:00: Minicursos e Jornada de Monografias
14:00: Mesa 1 – A interface Teoria/História das Ciências
Historiografia das Ciências no Brasil
Prof. Dr. Eduardo Vasconcelos (UEG- Campus Sudoeste)
História, Ciência e Meias-Verdades
Prof. Dr. Itelvides de Morais (UEG-Campus Sudoeste)
19:30: Mesa 2 – A interface Teoria/História Cultural
Monumentos entre a Cultura e a Barbárie
Prof. Dr. Eliézer Cardoso (Campus Anápolis)
Perspectivas teórico-metodológicas para a História da Historiografia do Cinema Brasileiro
Prof. Dr. Julierme Morais (UEG-Campus Sudeste)
15 de outubro
8:00 – 12:00: Minicursos e Jornada de Monografias
14:00: Mesa 3 – A interface Teoria/ História das Religiões
O Homem Ordinário e o Deus Extraordinário: uma leitura de Michel de Certeau
Prof. Dr. Eduardo Quadros (Campus Cora Coralina)
Max Weber e o conceito de carisma aplicado ao estudo das religiões
Prof. Dr. Robson Gomes (Campus Sudeste)
19:30: Mesa 4 – A interface Teoria/Pensamento Afro-diaspórico
O Atlântico Negro: uma noção afrodiaspórica do tempo histori[ográfi]co
Prof. Dr. Fernando Baldraia (FU-Berlin)
Entre o Atlântico Sul Negro e o Oceano Índico: a democracia racial lusitana contestada no Império Português
Prof. Dr. Marcello Assunção (USP)
16 de outubro
8:00 – 18:00: Seminário do Núcleo de Estudos em Teoria da História (NETH) e Jornadas de Monografia
14:00: Mesa 5 – A interface Teoria/ História da Morte no Mundo Antigo
Prof. Dra. Margarida Maria de Carvalho
Sentimentos Controversos do Imperador Juliano na Rota da Morte: raiva, ironia e frustração (362/363 d.C.)
Prof. Dra. Luciane Munhoz de Omena (UFG)
A Recordação da Funerária na Isola Sacra
Prof. Dr. Thiago Eustáquio Mota (UPE)
Troféus de Guerra e o Motivo Épico da Captura das Armas na Eneida: morte violenta e humilhação do inimigo
19:30: Encerramento – Max Weber: ciência e política diante da irracionalidade do mundo
Prof. Dr. Ulisses do Vale (UFG)
MINICURSOS
Minicurso 1 – Paradigma indiciário: experiências com documentos e arquivos
Prof. Dr. Eduardo Kolody (UnB)
Neste Mini-curso pretende-se elaborar uma série de reflexões acerca das experiências do proponente com documentos durante sua trajetória acadêmica. Essas experiências se deram com fontes em diversos suportes como reportagens jornalísticas, imagens, fonogramas, entrevistas gravadas em áudio e vídeo, inclusive algumas realizadas pelo próprio pesquisador. Pretende-se discutir a evolução dos arquivos nas últimas décadas, cada vez mais disponíveis em formato digital, assim como a participação do pesquisador na leitura dos discursos e na elaboração de documentos por meio de entrevistas.
Minicurso 2 – A negação do Holocausto: conceitos, mentiras e teorias
Prof. Me. Michel Ehrlich (Museu do Holocausto de Curitiba)
Prof. Dr. Makchwell (IF Goiano/PUC-Goiás)
Vivemos uma escalada negacionista, passando por diversas estratégias, dentre elas negações travestidas de revisionismos. No interior dos negacionismos, a negação do Holocausto encontra local privilegiado, isso se dá por ser este um evento marcante em nossa contemporaneidade. O evento em questão gera uma reflexão sobre a capacidade de a História apreender fenômenos ocorridos no passado de uma forma relevante para o presente. Envolvendo questões teóricas e práticas do trabalho do historiador, que vão desde as formas como esse trabalho é feito às suas motivações.
Em meio ao trauma que o Holocausto suscita e as dificuldades que essa traz ao campo
historiográfico está a importante questão dos usos da História. Uma luta visando à gestão da história e da memória do Holocausto está em pleno desenvolvimento, nela ganha destaque os Negacionistas do Holocausto, grupo que alega que o referido evento não tenha ocorrido.
O presente curso visa ser uma apresentação dos Negacionistas, traçando seus histórico, suas estratégias, o que propiciou que um grupo pôde se organizar no interior da História para negar um evento tão marcante e ocasionalmente a própria História, demonstrar como tal grupo ataca o próprio conhecimento histórico e traçar as ligações dos Negacionistas do Holocausto com outros negacionismos e como seus argumentos ainda orientam outras formas de negacionismos em História.
Minicurso 3 – História e Memória: uma introdução teórica
Prof. Dr. Edson Arantes (UEG)
A memória como narrativa construtora de identidades legitimadas mediante a representação de um passado comum; a relação memória individual e coletiva e suas consequências para a escrita da História; os conflitos entre História e memória; o conceito de “lugar de memória”; o conceito de memória subterrânea; as diferentes leituras referentes a memória: historiografia inglesa e francesa. A proposta alemã de uma memória cultural.
Minicurso 4 – As Filosofias da História e o Idealismo Alemão: uma análise de Matrix a partir de Immanuel Kant
Prof. Dr. Robson Gomes Filho (Campus Sudoeste)
Na Filosofia da História de Immanuel Kant, vemos que “O idealismo é a consciência da separação e da tensão eterna entre o inteligível e o sensível; mas é também a consciência de que, se o inteligível representa a perfeição absoluta em si, o sensível encerra uma perfeição relativa, principalmente na medida em que serve de etapa positiva na direção da realização do ideal” (Kant, 2003: 53). Esta relação entre o inteligível e o sensível descrita pelo filósofo prussiano em suas Ideias de uma História universal de um ponto de vista cosmopolita, portanto, é a constituição básica do que o idealismo alemão entende por “realidade”. Fora dos muros acadêmicos, por outro lado, uma das mais importantes e intrigantes obras cinematográficas construiu uma interpretação narrativa sobre a realidade que marcou a história do cinema e, de certo modo, da filosofia: a trilogia Matrix. Nesta obra dividida em três filmes, diversas discussões filosóficas se fazem possíveis, dentre elas a do idealismo alemão de Immanuel Kant. Assim o presente minicurso tem por objetivo estabelecer uma interpretação da narrativa da trilogia Matrix a partir da Filosofia da História (Weltgeschichte) de Immanuel Kant, abordando cenas e conceitos de modo a se analisar a construção da realidade em ambas as obras.
Minicurso 5 – O cinema na história: um olhar sobre o cinema documental de propaganda nazista
Prof. Dr. Elbio R. Quinta Jr. (PPGH/UFG)
A relação entre História e Cinema, embora pensada sistematicamente a partir da década de 1970, sobretudo com os trabalhos do historiador francês Marc Ferro, ainda hoje promove dificuldades aos historiadores que se enveredam pelo trabalho com fontes fílmicas. Partindo deste pressuposto, este minicurso tem como objetivo principal refletir sobre os desafios da intersecção entre história e cinema, tendo como foco a perspectiva do cinema na história, ou seja, como o cinema possui um papel de agente dentro do campo da história. Visando exemplificar uma possibilidade de ofício histórico a partir da intersecção de ambos o campos, esboçaremos uma análise do filme documental “O Triunfo da Vontade” (Triumph des Willens, em alemão), de 1935, da diretora alemã Leni Riefenstahl, considerado pela literatura especializada como uma das produções mais significativas do cinema de propaganda nazista. O trabalho com tal fonte, por sua vez, se dará por meio da metodologia de análise fílmica.
Minicurso 6 – Walter Benjamin Historiador
Prof. Dr. Josias José Freire (IFP)
Prof. Dr. Manoel Gustavo de Souza Neto (UEG)
A pergunta que orienta nossa proposta é: o que fazia Walter Benjamin quando fazia História? A ideia de um Benjamin historiador se sustenta na medida em que o próprio autor entendia Passagens, sua principal obra, como uma História Social do séc. XIX, onde o autor acreditava ver o ideário moderno de forma privilegiada, em toda sua confiança na ciência e no progresso. Sua obra diz respeito aos estudos que desde os Analles e a História Cultural aprendemos a chamar de mentalidades, bem como sobre a cultura material e as interfaces entre História, Arte, Literatura e Cinema. Nossa abordagem se refere especificamente à Teoria da História, às reflexões sobre as dimensões estética e epistemológia do conhecimento histórico, que em Benjamin assumem também um teor metodológico. O que fazia Benjamin quando fazia história? Criticava ferrenhamente o Historicismo e propunha como alternativa uma “História à contrapelo”, uma tal que não tivesse “nada a dizer, somente a mostrar”. Neste minicurso buscaremos mostrar, a partir de várias obras do autor, como isso se dava e como em sua teorização sobre a História Benjamin nos ofereceu várias reflexões que servem hoje para pensar impasses teóricos como aqueles que concernem à fundamentação da História do Tempo Presente (tão dependente do conceito de catástrofe) e às disputas em torno do conceito de Pós-Modernidade.