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Morta? Que nada, essa língua está vivíssima!

JORNAL OPÇÃO, REPORTAGENS. 15 a 21 DE DEZEMBRO DE  2013

O estudo da língua latina no Brasil foi retirado do ensino básico em meados da década de 1970. Desde então, percebe-se a constante queda no desempenho normativo dos brasileiros. Há alguma ligação? Especialistas dizem que sim

Marcos Nunes Carreiro 

Quando o elevador chegou ao 15° andar do edifício Barão de Mel­gaço, o professor John­will Costa Faria já esperava à porta. Vestindo uma camiseta da banda inglesa Pink Floyd e com a usual atenção dedicada aos visitantes, o professor de Literatura Inglesa e Língua Latina pela Uni­versidade Estadual de Goiás (UEG) convida o repórter e o fotógrafo do Jornal Opção a entrar. Após uma conversa cordial regada a café fresco com canela e queijo, o assunto principal leva os dois ao escritório do professor.

Johnwill é mestre em Estudos de Tradução pela Universidade de Brasília (UnB), logo o cômodo não poderia deixar de ter muitos livros. Em uma rápida passada de olhos, foi possível ver: um exemplar negro em capa dura e letras douradas de “Os sofrimentos do Jovem Wherter”, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe; e “Of mice and men”, do estadunidense John Steinbeck. Além de títulos teóricos como “A aventura das línguas”, de Hans Störig; e “Curso de literatura inglesa”, de Jorge Luis Borges.

Johnwill, carinhosamente tratado por seus alunos como John, é tradutor de língua inglesa e não se considera fluente de latim. Contudo, com mais de dez anos de experiência com a língua, o professor tem conhecimentos de um falante ao, por exemplo, assistir um filme em latim e verificar se a pronúncia está correta ou não. Algo típico do conhecimento.

Sentado em frente ao seu computador de mesa, John começa a mostrar os materiais acumulados ao longo de uma década. Aulas, trabalhos, histórias em quadrinhos, livros, vídeos, pôsteres e curiosidades –– como músicas, poemas, revistas, capas de filmes e os quatro primeiros evangelhos da Bíblia Vulgata. Tudo em latim.

–– John, vejo que o senhor tem muito material da língua latina. Mas, por favor, me responda: por que estudar latim atualmente?

–– Essa é uma pergunta frequente e, nas primeiras aulas do ano, eu tenho a preocupação de mostrar aos alunos a importância desses estudos. Em primeiro lugar, é a língua das ciências. Foi uma língua utilizada nas universidades até meados do século XX. Quem era cientista se via obrigado a escrever em latim. Fora isso, há várias aplicações que se estendem até hoje, como os nomes científicos e a tabela periódica. As abreviações dos elementos químicos têm origem nessa língua. Por exemplo, o símbolo Au vem da palavra aurum, ouro em latim. O mesmo com o chumbo. Por que esse elemento tem como símbolo Pb? Porque vem de plumbum. E assim por diante.

–– Mas as influências não ficam restritas à ciência, ficam?

–– De forma alguma. Tudo o que temos na cultura ocidental, devemos à cultura latina e, por tabela, à Grécia. Afinal, os romanos herdaram muitos aspectos da cultura grega, que era mais forte. Os gregos foram dominados pelas armas, mas dominaram culturalmente. Isso se vê claramente nos modelos literários, como as antigas epopeias. Quando se lê a “Enei­da”, de Virgílio, é possível perceber elementos vindos das epopeias de Homero, principalmente “Ilíada” e “Odisseia”. A própria história mostra isso ao narrar o final da guerra de Troia, em que Eneias, como fugitivo da guerra, vive muitas aventuras com o destino profetizado de que ele iria fundar uma nova nação. A Itália. E a influência se vê não apenas no conteúdo, mas nas formas também. É uma história contada em dez cantos e com todas as estruturas formais rígidas herdadas diretamente dos gregos. E como isso passou para o português? Bom, tudo começa com Camões. O primeiro verso de “Eneida” diz: “Arma virumque cano”, isto é, “Eu canto as armas e o varão”. Ou seja, o anúncio de que contará as aventuras de Eneias. No primeiro verso de "Os Lusíadas" se lê: “As armas e os Barões assinalados”. Isto é, Camões faz quase como uma paráfrase do primeiro verso da obra de Virgílio. Fora isso, “Os Lusíadas” possui to­das as estruturas tanto da “Enei­da” quanto das epopeias de Homero.

–– E sobre as questões linguísticas? Cite algumas das influências mais pontuais.

–– Linguisticamente falando, é possível ver, por exemplo, que vários metaplasmos que vemos hoje nas línguas também ocorriam, sobretudo no Latim falado pelo povo.

Aqui uma pausa. Metaplasmo é o termo utilizado para pontuar as alterações fonéticas que ocorrem com algumas palavras ao longo da evolução da língua. Um exemplo “facinho” para os goianos. Garanto que o leitor leu –– senão em voz alta, pelo menos mentalmente –– “facim” em vez de “facinho”. Eis um exemplo de metaplasmo. Voltemos à explicação do professor.

–– Havia transformações em relação a algumas palavras. Por exemplo, tem-se auris, que é orelha no latim clássico, aquele falado pelos nobres. O diminutivo de auris é auricula. Por evolução fonética temos: auricula, oricula, oricla, orecla, orelha. Ou seja, falamos, grosso modo, ainda latim. Mas um latim altamente transformado.

–– Existe um filme chamado “A sociedade dos poetas mortos”, que ficou famoso pela utilização do termo “carpe diem”. Essa é também uma influência, certo?

–– Esse termo é frequentemente usado em todo o mundo. Ele vem de uma ordem de Horácio, o poeta e filósofo romano, quando ele fala para aproveitar o dia. Não nesse termo exato. “Carpe diem” quer dizer, em tradução literal, “colhe o dia”. É uma das metáforas vistas nas Odes de Horácio para afirmar que a vida é breve como uma flor que dura um dia. Então, ele ordena para colher o dia. Fora essa, há outras como “Foge da cidade” (fugere urbem) e o “Ouro mediano” (aurea mediocritas), expressão que mostra que o ideal é não ser nem rico nem pobre demais, mas procurar sempre um meio termo. São ensinamentos de Horácio que demonstram a influência latina em termos de cultura e não só de língua. Mas para compreender melhor essa cultura o melhor é ler in loco, no original, porque, mesmo que tenhamos ótimos tradutores, muito se perde da essência. Não dá para comparar duas culturas diferentes, ainda mais com tamanha distância temporal. As línguas evoluem também.

–– Quais os tradutores mais conceituados para língua portuguesa?

–– Eu gosto muito do João Ângelo de Oliva Neto. Existem outros. Aqui no YouTube é possível ver algumas entrevistas.

De onde veio o latim?

Se ajeitando na cadeira em frente ao computador e abrindo o site, John mostra uma entrevista feita com o tradutor da língua latina e professor de filosofia Carlos Nogueira, que já traduziu mais de 60 títulos importantes, entre Sêneca, Cícero, São Tomás de Aquino e Santo Agos­tinho. No vídeo, o tradutor responde a respeito do surgimento do latim. Segundo ele, é comum entre os linguistas o conceito de que houve há muitos milênios uma língua chamada indoeuropeia, que abarca uma multidão de línguas, da qual resultou uma multidão ainda maior de línguas, que vão desde as europeias às iranianas e indianas.

Desse suposto indoeuropeu, saíram vários ramos, como: o eslavo –– que originou o tcheco, o russo e o búlgaro; o germano –– do qual veio o alemão, o holandês e o sueco; e o itálico, que originou o latim. Essa língua era falada em uma pequena região chamada Lácio (Latium, no original), às margens do Rio Tibre, –– atualmente, a Regione Lazio, na Itália, possui uma população de quase 6 milhões de habitantes –– onde moravam camponeses, homens rudes, que se transformaram em guerreiros. E guerreiros tão poderosos que, a partir deles, se construiu o Império Romano.

Como afirma Hans Störig, em “As aventuras das línguas” –– o leitor atento há de se lembrar desse livro na prateleira do professor Johnwill ––, sem sombra de dúvidas, é sem precedente a marcha triunfal do latim, desde o dialeto de uma humilde comunidade camponesa até a língua oficial e administrativa de um império mundial, e até o meio de comunicação linguística da maioria de seus habitantes. Segundo Störig, esta marcha só é superada pelo alfabeto latino, que conquistou a maior parte da Terra habitada. Mais precisamente, língua “conquistou” as duas Américas, a Austrália e a No­va Zelândia, gran­des áreas da África e da Ásia e, ao que tudo in­di­ca, a maior parte da Europa. Não à toa o autor denomina o latim como a língua-mãe da Europa.

Porém, apenas após um período de transição chamado latim antigo –– por volta de 100 a.C. ––, a língua atingiu a forma como conhecemos a partir das obras dos grandes poetas romanos  Catulo, Virgílio, Horácio e Ovídio, dos historiadores César, Salústio e Lívio e do pensador Cícero. Esse é o período chamado de clássico. A partir desse momento, a língua sofreu modificações profundas, sobretudo no período entre 200 e 500 d.C. Nesse intervalo, o latim passou pela transição para as línguas românicas conhecidas hoje.

A diferença entre o clássico e o vulgar

Nos estudos linguísticos do latim, há uma diferença entre o latim clássico e o vulgar. Grosso modo, a diferença está no fato de que o clássico era falado pelas elites romanas, os nobres. Já o vulgar, ou coloquial, era comum entre o povo. Logo, em dimensões territoriais imensas como adquiriu o Império Romano –– cogita-se que o império chegou a controlar aproximadamente 6,5 milhões de km² da superfície terrestre –– pode-se observar que a língua predominante foi o latim vulgar.

Porém, pode-se fazer um paralelo mais real acerca dessa diferença. Em qualquer língua moderna há a ocorrência de variações linguísticas. O que são? No Brasil, por exemplo, é comum verificar variações de pronúncia nas palavras. Os nordestinos não pronunciam as palavras da mesma forma como os sulistas. Fora isso, no cotidiano, não se costuma falar da mesma forma com que se escreve –– ou pelo menos não se deveria. Por isso, há a variação chamada de normal padrão. A norma padrão é aquela regida pelos mecanismos gramaticais, que visam evitar desvios na forma escrita e oral quando necessário.

Assim, digamos que o latim clássico era a norma padrão. Cícero –– grande filósofo romano ––, excelente orador que era, não utilizava a forma vulgar para emitir seus gloriosos discursos em Roma. Porém, não abusava da forma clássica da língua para conversar com seus amigos. Em algumas cartas que restaram como seu legado, ele chega a perguntar para um amigo: “o que você acha dessa linguagem que estou usando?”. Isto é, para evidenciar um modo mais relaxado de falar no trato cotidiano.

Um exemplo prático: um nobre romano iria tratar um cavalo por equus. Já o soldado, aquele que levou sua linguagem às colônias, falaria caballus. Assim, não é preciso muita reflexão para chegar à conclusão de que a maioria do império falaria caballus em vez de equus para se referir a um cavalo. E há muitos outros exemplos, como: ignis, termo clássico para "fogo", que era tratado por focu, pelo povo; e os, "boca" em clássico, e bucca em vulgar.

A tendência do latim vulgar era reduzir as regras da variação clássica. Em uma explicação rápida, o latim clássico era composto por cinco declinações –– flexões sofridas pelas palavras de acordo com sua função sintática na frase –– e seis casos lexicogênicos –– formadores das palavras. No caso do latim, os casos eram: nominativo, vocativo, genitivo, dativo, ablativo e acusativo.

Mas esses casos foram sendo reduzidos pelo povo ao longo dos tempos até que algumas regiões primaram um em específico. Na evolução vivenciada pela língua portuguesa, por exemplo, o caso acusativo se mostrou como predominante. Isso explica porque o plural da língua portuguesa –– e da língua espanhola –– é terminado em “s”. Já no caso do italiano e do francês, o caso que resumiu, grosso modo, os outros foi o nominativo. Por isso, o plural nessas línguas termina em “i” e “e”, respectivamente nas funções masculina e feminina.

Por isso, é consenso entre os linguistas de que as línguas românicas –– português, espanhol, italiano, francês, romeno e outras línguas e dialetos existentes no continente europeu, como: o provençal na França, o catalão na Espanha, o vêneto na Itália –– surgiram do latim vulgar, mas, claro, com influências diretas do clássico.

Estudo nos cursos de Letras

É comum ouvir dizer, sobretudo na imprensa, que o latim é uma língua morta. O argumento principal é: a língua não é mais falada por nenhum país. Ora, o fato de que o latim não é mais utilizado oficialmente por alguma nação não significa de modo algum que a língua está morta. Há vários falantes de latim pelo mundo.

Fora isso, ainda estuda-se latim formalmente nas universidades, principalmente no curso de Letras. No Brasil, apenas duas universidades oferecem licenciatura em latim: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de São Paulo (USP). Em Goiás, embora não haja licenciatura específica para a língua latina, os estudantes de Letras estudam a língua como parte obrigatória de seus cursos. É o caso da UEG, como já citado, e da Uni­versidade Federal de Goiás (UFG). E a professora Edna Silva é uma ligação entre as duas instituições goianas.

Formada pela UEG, Edna leciona latim na Faculdade de Letras da UFG. Para ela, tratar uma língua como morta é um equívoco. “As línguas não morrem. Elas deixam de ser faladas. O que morre é o falante da língua. Além disso, é possível encontrar o latim em vários lugares. No supermercado, por exemplo, é possível encontrar produtos com nomes em latim ou latinizados, como corpus, intimus, lux, fiat lux, bonno, etc. Fora isso, há animes japoneses e grupos de rock que possuem letras de música em latim, assim como a música erudita. Além disso, há vários livros com expressões latinas, caso de Harry Potter, por exemplo. Então, é uma língua presente”, discorre Edna.

A professora diz que o problema é o não conhecimento das pessoas em relação a essa presença latina na sociedade. E esse fato se dá, inclusive, devido à retirada do estudo da língua da grade curricular do ensino básico brasileiro. “Em vários países ainda há o estudo do latim no currículo escolar. Na Itália, devido às condições históricas. Na Alemanha, pelo fato de ser também uma língua declinante. Mas nem todos os países têm ligação direta com essa latinização. No Japão e na Rússia, por exemplo, estuda-se latim. Por que no Brasil, que tem uma ligação tão grande com essa língua, não se estuda?”

Essa pergunta é, talvez, a principal feita pelo professor aposentado José Fernandes para explicar o não conhecimento de grande parte da população em relação aos aspectos formais da própria língua portuguesa. E ele justifica: “O latim só está morto no Brasil, dada nossa incultura. Não aprender latim, principalmente aqui, um país que tem como oficial uma língua neolatina, é terrível. O português possui uma estrutura quase que completamente vinda do latim. Assim, seu estudo contribuiria enormemente para o aprendizado da língua portuguesa.”

Para ele, ao retirar o estudo da língua do ensino básico e até das universidades, o Ministério da Educação (MEC) prejudica bastante o ensino brasileiro. “A meu ver, deveríamos estudar até o grego, pois é uma língua tão matemática quanto o latim. Além disso, temos inúmeras palavras originadas no grego. Eu, por exemplo, fiz questões de latim no vestibular. Ainda me lembro de colegas decorando os casos para passar no vestibular.”

José Fernandes recebeu a reportagem na casa de sua filha no Setor Jaó. Sentado no sofá em frente a uma pequena réplica de “Guer­nica”, de Pablo Picasso –– comprada na Espanha numa das visitas do professor à Europa ––, ele explica que o estudo do latim é extremamente matemático. “Se errou uma terminação, a frase inteira está perdida. Se os brasileiros tivessem esse conhecimento, pouco se veriam erros gramaticais nos textos dos alunos.”

Onde aprenderam latim

A pergunta foi feita aos dois pro­fessores e as respostas têm o mesmo núcleo: Edna aprendeu na universidade com uma professora que era freira; José Fernandes fez mais de dez anos de seminário em Rio Claro (SP) e em Curitiba (PR).

A intenção inicial do professor Fer­nandes era seguir o caminho eclesiástico. Porém, acabou desistindo e seguiu carreira acadêmica, aproveitando o vasto conhecimento adquirido nos anos de seminário. Formou-se em Letras pela Pon­tifícia Universidade Católica do Paraná, fez mestrado na Univer­sidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutorado na UFRJ.
“Quando saí do seminário, achei que nunca mais precisaria do latim, mas me enganei. A prova é essa entrevista (muitos risos)”, diz o professor.

O médico que conhece a língua 

O gastroenterologista Joffre Marcondes de Rezende também é um conhecedor da língua latina. Seu primeiro contato com a língua foi ainda no colégio antes da sua retirada do currículo do ensino básico. Ele conta que era uma disciplina obrigatória, com exercícios, provas, em igualdade de condições com as outras matérias. “Jamais o professor nos esclareceu porque estudar latim. Os alunos, de modo geral, eram desinteressados e se limitavam ao mínimo de estudo necessário para a aprovação”, diz.
Ele conta que só se deu conta da importância das noções de latim quando já estava no curso superior, como estudante de medicina. “Ve­rifiquei que muitos termos de origem grega foram traduzidos para o latim antes de passarem para as línguas modernas, o que modificou a sílaba tônica do vocábulo. Tal fato tem causado controvérsia quanto à pronúncia de muitas palavras em português, ora de acordo com a prosódia grega, ora a latina. Além disso, o latim é adotado universalmente na  nomenclatura científica referente aos seres vivos, sejam animais, vegetais ou micro-organismos como os protozoários e bactérias.”

O médico analisa a supressão do ensino de latim no Brasil trouxe maior dificuldade para o aprendizado e a utilização correta da língua portuguesa, que se tornou exposta à incorporação de falsos cognatos e pseudotraduções, assim como da sintaxe de outras línguas, especialmente do inglês. “Um exemplo que me marcou foi o de um professor austríaco que foi contratado pela Fa­culdade de Medicina de Ri­beirão Preto. Poucos meses após sua vinda para o Brasil já falava e escrevia seus relatórios de pesquisa em português. Tive a oportunidade de participar de uma banca examinadora de tese ao seu lado, e as maiores críticas que ele fez ao examinando foram sobre a redação, apontando os solecismos, erros e impropriedades linguísticas. Perguntei-lhe como conseguiu dominar a língua portuguesa em tão pouco tempo. Ele respondeu: pelo conhecimento do latim que estudei na Áustria”.

 
Notícias diárias com padrão linguístico histórico 
 
 
O estudo da língua latina é, inegavelmente, restrito. Seja ao curso de Letras, nos seminários religiosos ou aos juristas e cientistas. Po­rém, inequivocadamente (perdoe o neologismo, caro leitor), todos nós usamos uma ou ou­tra palavra latina em nosso léxico cotidiano. Ou o leitor nunca utilizou termos como: sic (assim, desse modo), ipsis literis (com as mesmas letras), habeas corpus, etc. (aliás, et cetera é a ex­pressão latina para “e o resto”), fora os muitos ou­tros, além daqueles citados ao longo da matéria.
Há muitos grupos e comunidades espalhadas pelas redes sociais que reúnem falantes e estudiosos de latim. Fora isso, há inúmeros sites tratando da língua (veja uma pequena lista ao lado). Mas quero ressaltar dois em específico. O jornal diário “Ephemeris” (que pode ser acessado pelo endereço: http://ephemeris.alcuinus.net/) e a rádio Nuntii Latini (ouvida pelo link: http://yle.fi/radio1/tiede/nuntii_latini/).
Fui surpreendido pelos dois sites durante a pesquisa. Ao leitor que entrar no site Ephemeris, verá a notícia: “Mandela redemptor suae gentis”, isto é, “Mandela, o redentor da nação”, em tradução literal. Ou mesmo “Cives Ucrainae Unioni Europaeae interesse velle”, “Os cidadãos da Ucrânia vão participar da União Europeia”. Notícias atuais e diárias, que podem ser lidas em latim a tempo e a gosto. Da mesma forma, a rádio Nuntii Latini, que oferece ao internauta, notícias narradas em latim.
E quadrinhos ou filmes? Também é possível achá-los em latim. Chegou-me às mãos, por exemplo, partes de V de Vingança (V ad Vindicationem) e Asterix (Asterix et Normani) escritas na língua latina. Além disso, ainda é possível ler partes em latim de Harry Potter (Harrivs Potter), da britânica J.K. Rowling, ou mesmo “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry.   
 
Notícia publicada em 16/12/2013

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