Perfil
Foto: Fábio Silva | Acervo pessoal
Texto: Daniel Prates
Rosemary Rodrigues Borges – O último tijolo do câmpus
Servidora técnico-administrativa

A Universidade Estadual de Goiás é grande como sua missão. Para atender a milhares de pessoas em toda a região, ela se compõe de salas de aula, laboratórios, bibliotecas, áreas de convivência, auditórios, cadeiras e quadros, microscópios e tubos de ensaio, livros e cadernos, tudo espalhado por todos os cantos do estado. E isso tudo importa e é tudo necessário para levar a educação superior a toda a sociedade goiana, mas a universidade não se faz apenas de tijolos e equipamentos. 

Se a UEG tem, ao longo de seus 25 anos, feito a diferença na história e na vida de tantas pessoas, é porque há em cada câmpus, em cada unidade universitária, pessoas que construíram essa história com muito trabalho e dedicação. Algumas dessas pessoas estão na linha de frente, nas salas de aula, outras atuam nos bastidores, dando todo o suporte para que tudo aconteça. Uma dessas pessoas é a servidora técnico-administrativa Rosemary Rodrigues Borges, do Câmpus Sudoeste, em Quirinópolis. 

Quando recebi o nome de Rosemary para traçar seu perfil, eu ainda não a conhecia. Não sabia quem ela é, nem tinha ideia de porque seu nome havia sido recomendado como uma das personagens importantes na história da universidade. Eu só ouvi de pessoas que a conheciam que ela trazia as coisas nas “rédeas curtas”, que cuidava do Câmpus Quirinópolis sem deixar espaço para erros. Ouvir isso me fez imaginar que se tratava de uma daquelas pessoas rígidas e sistemáticas, talvez até um pouco ranzinza, afinal, para ajudar a gerir uma universidade era necessário pulso firme e para isso, às vezes é necessário ser um pouco autoritário, pensei. Mas eu estava enganado. 

Consegui seu contato e enviei uma mensagem de texto solicitando um encontro para conversarmos. Sucinta, ela se dispôs a falar comigo e alguns dias depois fizemos uma videochamada para que eu pudesse entrevistá-la. Bastaram alguns minutos de conversa para eu entender que ela não era nada do que eu havia imaginado. Em uma conversa leve e descontraída, ela se mostrou uma pessoa extremamente simpática e agradável e, mais que isso, me mostrou que competência não depende de dureza, mas de entrega e dedicação.

“A universidade é um marco no estado de Goiás, a nossa referência e nosso cartão-postal.”

A caminhada de Rosemary com a UEG teve início em 1988, na então Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Quirinópolis, onde anos depois ela também se graduaria. Tendo atuado em diversas áreas da universidade – na secretaria, em coordenação de curso, na biblioteca –, ela conhece como ninguém o funcionamento da instituição e participou da consolidação da UEG no município. Seus colegas já a apelidaram de “último tijolinho do câmpus”, já que ela está na instituição desde a construção do prédio do Câmpus Quirinópolis.

Após alguns anos trabalhando na instituição, decidiu cursar uma graduação em História no próprio câmpus onde atuava, pois, segundo ela, “não fazia sentido trabalhar na universidade sem ter, ela mesma, um curso superior”. Sempre muito ativa na universidade, seja como servidora ou como aluna, participou dos movimentos estudantis, foi representante dos discentes, participou do Centro Acadêmico do curso de História e do Diretório Acadêmico. Após se graduar, não satisfeita, buscou se especializar e cursou uma pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior, o que viria agregar ainda mais a sua função na universidade. 

“Imagine só quantos professores do estado, do município e da região passaram pela UEG! Nós temos alunos que vêm de todo o estado e de outros lugares do país!”

Assim como fez enquanto estudante, assumiu a liderança de sua classe quando atuou como representante dos servidores técnico-administrativos e participou do Conselho Universitário como representante de Quirinópolis, Santa Helena de Goiás, Edéia e Mineiros. Ela conta que se sente honrada por ter feito parte da história do Câmpus Sudoeste, desde antes de sua integração à UEG. “Eu tive muitas conquistas aqui, porque eu comecei como auxiliar administrativa e cheguei a fazer parte do grupo gestor da instituição como secretária acadêmica”, Rosemary conta, sem disfarçar o orgulho. Orgulho autêntico, pois Rosemary fala da instituição com um brilho nos olhos. Segundo ela, “a universidade é um marco no estado de Goiás, a nossa referência e nosso cartão-postal.” “Imagine só quantos professores do estado, do município e da região passaram pela UEG! Nós temos alunos que vêm de todo o estado e de outros lugares do país!”, ressalta. 

Em determinado momento de nossa conversa, indaguei o que a universidade representava para ela não só como profissional, mas como pessoa, e sua resposta foi direta: “A UEG é minha segunda casa. Passei mais tempo aqui do que com minha família nos últimos anos”. De fato, entre o expediente de funcionária e os turnos como aluna, ela passou boa parte de seu tempo nas dependências da instituição, seja trabalhando ou estudando. Tanto é verdade, que até em seus períodos de descanso, sempre fez questão de estar presente nos eventos e momentos de confraternização do câmpus, mesmo ante os protestos dos colegas, que diziam para que ela fosse descansar.

Nosso bate-papo terminou com certo gosto de nostalgia, pois as divindades da coincidência acharam por bem que o anúncio da aposentadoria de Rosemary chegasse exatamente no meio de nossa conversa. Mas ela já deixa bem claro que se chegou a hora de ela sair da UEG, a UEG não vai nunca sair dela. 



UEG - COMSET | 2024
instagram / facebook / youtube: @uegoficial