Renato Tângari Dib foi muito mais que um professor de Zootecnia e Medicina Veterinária do Câmpus Oeste da Universidade Estadual de Goiás, em São Luís de Montes Belos, onde atuou até falecer, em 2021, vítima de covid-19. Ele foi uma pessoa que marcou e inspirou muita gente, tanto no âmbito profissional, quanto pessoal, deixando um legado marcante, que ultrapassou as fronteiras acadêmicas.
Pessoalmente, Renato era reconhecido por sua dedicação e amor pela profissão. Nascido em Uberaba, em 1968, ele teve uma conexão profunda com a área de Zootecnia desde cedo. Sua trajetória acadêmica o levou a se especializar em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a se tornar um mestre na área, sempre buscando aprimorar seus conhecimentos e compartilhá-los com seus alunos e colegas.
Profissionalmente, Renato Dib se destacava não apenas como educador, mas também como palestrante e consultor em nutrição de bovinos de corte. Sua expertise e paixão pela área o levaram a integrar a comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), onde suas contribuições foram importantes para o desenvolvimento da pecuária não apenas em Goiás, mas em todo o país.
Por onde passou, Renato Dib conquistou bons amigos. Um deles, Nicolau Elias Calfat, engenheiro agrônomo, lembra do grande profissional e da pessoa que era Renato. “Conheci Renato em 1991, quando eu ocupava a presidência da Cooperativa de Leite de Ituiutaba, MG, e fizemos um trabalho junto com a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, para registro de animais girolando na nossa região. Em uma das visitas, recebemos um técnico que nos impressionou muito, o Renato. Ele era diferente, tinha uma seriedade e capacidade técnica muito acima dos demais. E nós solicitamos que as visitas técnicas passassem a ser feitas exclusivamente por ele.”
“O Renato foi uma pessoa especial, era diferente como ser humano, um excelente profissional e pai de família. Fico sensibilizado em dizer que perdi um grande amigo e sinto muito a sua falta”
A relação de Nicolau com Renato se estendeu do campo profissional para a amizade. “Eu tenho muita honra de dizer que foi uma amizade muito profunda. O Renato foi uma pessoa especial, era diferente como ser humano, um excelente profissional e pai de família. Fico sensibilizado em dizer que perdi um grande amigo e sinto muito a sua falta.”
A atuação de Renato na UEG foi marcada por uma dedicação incansável ao ensino, pesquisa e extensão, refletida em sua participação ativa na formação de centenas de zootecnistas ao longo de sua carreira. Além disso, sua influência se estendia além dos muros da universidade, sendo reconhecido como um dos zootecnistas mais admirados e respeitados do Brasil. “Ele estava entre os 20 maiores zootecnistas do país. Renato é um exemplo”, diz o professor Diogo Ferro, que foi seu aluno e colega de trabalho. Diogo e o irmão Rafael Ferro foram inspirados por Renato a seguirem a carreira acadêmica. “Ele foi nosso professor aqui dentro da instituição, depois foi nosso amigo quando retornamos para cá para dar aula, trabalhar em conjunto. Então, o professor e colega de profissão virou um grande amigo. Como professor, Renato era excelente. Ele cobrava, era exigente. Mas ele nos preparava para o mercado de trabalho”, diz Rafael.
“Ele estava entre os 20 maiores zootecnistas do país. Renato é um exemplo”
A homenagem póstuma ao professor Renato Tângari Dib, com a denominação da Fazenda Escola do Câmpus Oeste da UEG em seu nome, é um testemunho do seu impacto duradouro na comunidade acadêmica e na pecuária brasileira. Sua visão de integrar o ensino com o campo se tornou realidade através dessa fazenda, que agora leva seu nome e continua a inspirar futuras gerações de profissionais éticos e competentes.
A sua partida precoce, aos 53 anos, deixou um vazio na comunidade universitária e externa, mas seu legado permanece vivo nas mentes e corações daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e aprender com ele. “O Renato impactou a vida de muita gente, porque ele era um excelente professor e tinha um coração gigantesco. Ele faleceu no auge da sua vida profissional, quando conseguiu um reconhecimento nacional como zootecnista”, lembra Diogo Ferro.
Saindo da esfera profissional, o Renato, pai de três filhos - José, Mariana e Rodrigo - é descrito pelo filho primogênito José Renato como um pai muito amoroso. “Dentro de casa não era uma pessoa fria, dura. Era exigente sim, como com seus alunos, colaboradores e com a gente não seria diferente. Dentro de casa era uma pessoa muito carinhosa, que nos ensinou o valor das coisas, do tempo, do dinheiro, do trabalho, o valor do respeito.”
“Sua ausência dói, porque a gente sente saudade, mas a gente também sente orgulho de tudo que ele construiu e das pessoas que ele formou dentro e fora de casa em todos os lugares por onde ele passou.”
Três anos após a sua morte, José Renato ainda intercala sua fala com momentos de emoção e de saudade. “Sua ausência dói, porque a gente sente saudade, mas a gente também sente orgulho de tudo que ele construiu e das pessoas que ele formou dentro e fora de casa em todos os lugares por onde ele passou.” Com lágrimas nos olhos, José Renato diz que o valor do seu pai está nos ensinamentos deixados, como responsabilidade com a família e com o mundo. “Só tenho que agradecer a ele”.