Perfil
Foto: Acervo Pessoal
Texto: Gilnara Peixoto Batista
Rafael Batista Ferreira - Uma história de gratidão e conquistas
Egresso

Embora este perfil não seja meu, não posso deixar de enfatizar como trabalhar na área da comunicação proporciona experiências profundamente marcantes. Contar a história de Rafael Batista Ferreira é uma responsabilidade significativa para mim. Desde o primeiro contato, percebi seu entusiasmo em compartilhar, especialmente sobre a UEG, da qual ele fala com intimidade.

Desta vez, a graduação não marca o início de sua jornada, pois a universidade já era parte da vida de Rafael. Desde jovem, acompanhava sua mãe às aulas de Ciências Biológicas na UEG, no Câmpus CET. Lá, também encontrava seu tio, que lhe ofereceu um emprego na biblioteca do câmpus em 2005. Rafael permaneceu e, um ano depois, iniciou o curso de Engenharia Agrícola, concluindo em 2011. Prosseguiu com um mestrado na mesma área e concluiu o doutorado em Recursos Naturais do Cerrado pela UEG em 2020. “Depois que passei no vestibular, passava o dia todo na UEG, trabalhando e estudando.”

Natural de Anápolis, ele se orgulha de ter a UEG como vizinha, uma instituição que por tanto tempo fez parte de sua vida. Rafael viu na universidade uma oportunidade de mudança. Descubro que aquele jovem comunicativo que encontro na entrevista enfrentou muitos desafios para chegar onde está. Ele me conta sobre os anos iniciais na UEG, quando teve que conciliar os estudos com os cuidados necessários ao seu pai, que enfrentava problemas com drogas. “Durante esse tempo, eu enfrentei o auge da dependência química do meu pai. Minha mãe acabou se mudando de casa. Então era somente eu e ele. Eu tinha medo do que eu podia encontrar em casa quando chegasse.”

Diante disso, pergunto se Rafael chegou a considerar desistir da faculdade, e ele me responde com tranquilidade: “Nunca passou pela minha cabeça”. Pelo contrário, ele pegava diariamente o primeiro ônibus para a UEG, sendo frequentemente o primeiro a chegar. “Eu andava 7 km porque não dava tempo de ir até o terminal urbano e pegar o ônibus para ir trabalhar e depois ter aula”. Mais do que uma profissão, a UEG era sua fonte de sustento.

Parece que a Engenharia Agrícola acabou escolhendo Rafael, pois sua primeira opção era Farmácia. No entanto, ele percebeu que seu interesse estava nas áreas das ciências exatas. “Geralmente, quem é da área agrícola vem do campo, mas esse não era o meu caso. Ainda assim, senti que seria bom para mim.”

Títulos, currículos extensos, amizades, carreira, experiências – tudo isso a universidade pode proporcionar a quem escolhe o caminho acadêmico. Quando pergunto a Rafael sobre as melhores coisas que a instituição lhe trouxe, ele destaca a possibilidade de mudança de vida. “Quando se cresce em um lar que mal pode ser chamado assim, as perspectivas futuras são muito limitadas.”

“Era um sorriso diferente, um acolhimento que me fazia perceber que não estava sozinho”

Ao falar da Universidade Estadual de Goiás, Rafael expressa sua gratidão às pessoas que a compõem. Ele recorda de diversas ocasiões em que chegou exausto à sala de aula e foi calorosamente recebido. “Era um sorriso diferente, um acolhimento que me fazia perceber que não estava sozinho”, relembra.

Sendo o primeiro aluno a concluir graduação, mestrado e doutorado na UEG, Rafael acredita que isso era inevitável. “Na graduação, já tinha certeza de que queria ser professor. Minha vida sempre caminhou nessa direção”. Antes de concluir o doutorado em Recursos Naturais do Cerrado, Rafael tentou outros dois em diferentes instituições, sem sucesso. Para os que creem no destino, parece que tudo o puxava de volta para a UEG.

Desde seu emprego na biblioteca, Rafael nunca parou. Concluiu o mestrado e começou a lecionar em várias instituições. Fundou uma empresa de irrigação, tornando-se responsável técnico de condomínios em Anápolis. Também atuou como coordenador na Faculdade Metropolitana de Anápolis (Fama) e é conselheiro do Conselho Regional de Engenharias (Crea), além de administrar um comércio da família.

Após tanto tempo fazendo parte dessa história, Rafael confessa que se sente estranho longe da Universidade Estadual de Goiás. “Parece que algo está faltando”. Ele ainda faz questão de expressar sua gratidão a algumas pessoas que marcaram sua vida e carreira: seu tio Valdomiro Antônio da Silva; seu professor, Elton Fialho dos Reis, por representar o ideal de engenharia que ele acredita; o professor Itamar Rosa Teixeira, por ter acreditado em seu potencial para as ciências; e o professor João Carlos Nabout, pelo apoio. Penso que a UEG também é grata a Rafael.

Nos próximos 25 anos, Rafael aspira que a universidade mantenha seu compromisso com o ensino de qualidade e a inclusão, proporcionando um ambiente acolhedor para as pessoas menos favorecidas, “assim como foi comigo.”




UEG - COMSET | 2024
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