Lucinha. É assim que me é passado o nome de quem eu devia perfilar. Um nome no diminutivo, sem sobrenome e desacompanhado de outras informações. Acreditei que a missão de encontrar a Lucinha dentre as diversas lúcias da UEG poderia ser uma missão difícil. Para minha surpresa, todos na UEG conhecem a Lucinha e a chamam exatamente assim. Lucinha é uma unanimidade. Mas existe uma Maria Lúcia por trás da Lucinha, cuja história de amor por essa universidade é fascinante.
Não é difícil perceber o porquê de Maria Lúcia ter virado Lucinha. Ela é uma mulher pequena, discreta e tímida. Ela fala baixo e tem o olhar atento. Mas ela nem sempre foi Lucinha. Aliás, ela só é Lucinha aqui na UEG. Em outros ambientes, se alguém fala Lucinha, ela já sabe que seu interlocutor a conhece do trabalho.
Antes de ser servidora, Lucinha foi aluna da UEG. Entrou para estudar Ciências Contábeis na Faculdade de Ciências Econômicas de Anápolis (Facea), mas saiu graduada pela Universidade Estadual de Anápolis (Uniana). Ela brinca que quer alterar seu diploma – quer que conste nele “UEG”. Lucinha pôde conviver com todas as fases dessa instituição e é testemunha privilegiada das transformações do ensino superior em Anápolis.
Lucinha foi admitida em concurso público para Uniana em 1998, um ano antes do surgimento da UEG. Ela havia realizado o concurso em 1994, no seu último ano de Ciências Contábeis, incentivada por um de seus professores. Foi aprovada, mas a sua classificação não garantiu a convocação logo de cara.
Ao contar dessa parte de sua história, Lucinha lembra de seu pai. Ele dizia que ninguém batia na sua porta oferecendo trabalho. Quatro anos depois de ter feito o concurso, alguém toca a sua campainha e, contrariando seu pai, diz: “Eu vim te convidar para trabalhar”. Ela já nem se lembrava mais do concurso, mas sua vez havia chegado.
Um dos seus primeiros serviços foi assessorar a Reitoria e as pró-reitorias no processo de mudança de Uniana para UEG. Dentre suas responsabilidades, estava o auxílio na organização de eventos. Com isso, ela percorreu o estado inteiro, visitando e conhecendo as novas unidades da recém-criada universidade.
Lucinha lembra com nostalgia desse tempo, “[Era] uma loucura, tudo novo. Parece que a gente estava num mundo pequenininho e, de repente, Goiás inteiro. Eu achava o máximo”, diz.
Um episódio peculiar surge na nossa conversa. Um concurso para professores havia sido realizado e o reitor da época decidiu organizar um jantar com os aprovados para dar-lhes boas vindas à universidade. Como assessora, coube à Lucinha ligar para os professores e fazer o convite. Um dos professores que recebeu a ligação de Lucinha foi Antonio Lazaro Ferreira Santos. Dois anos depois dessa ligação, Maria Lúcia Pereira Lima se tornaria Maria Lúcia Pereira Lima Ferreira Santos.
Quando digo que a história de Lucinha com a UEG é uma história de amor, falo literalmente. Lucinha encontrou seu marido dentro da universidade. Reservada, seus colegas só descobriram sobre seu relacionamento quando ela já estava casada e saiu de lua de mel.
O casamento do qual a UEG foi cupido, foi posto à prova em 2012. O prof. Antônio foi aprovado em concurso público para professor da Universidade Federal de Sergipe e mudou-se para Aracaju. A ideia inicial era se estabelecer por lá e, posteriormente, Lucinha e o filho se juntariam a ele. Lucinha bateu o pé. “Olha, deixar a UEG, não vou. É mais fácil arrumar outro marido do que eu achar um emprego igual a UEG. Então, eu não vou”, conta rindo. O amor pela UEG falou mais alto e o prof. Antônio não teve opção senão abrir mão do emprego federal e ficar junto da família.
“Ainda bem que existe uma instituição pública, que dá suporte para formar [os estudantes]. É uma instituição com uma missão muito bonita”
Depois do apoio à reitoria, Lucinha foi trabalhar na Gerência de Qualidade. Da qualidade, foi para Gerência de Auditoria, mais próximo da sua formação contábil. Foi gerente de Auditoria, coordenadora de Processos e coordenadora de Compras. Em 2017, foi para a Gerência de Gestão e Finanças, onde permanece até hoje.
Lucinha tem muito orgulho de trabalhar na UEG. Ela se emociona ao lembrar das histórias de alunos cujas vidas foram transformadas pela universidade. Como responsável pelo pagamento das bolsas aos estudantes, ela conhece as histórias de superação e os desafios pela parcela mais carente do corpo discente. “Ainda bem que existe uma instituição pública, que dá suporte para formar [os estudantes]. É uma instituição com uma missão muito bonita”, diz.
“Eu choro quando eu falo da UEG. A minha história começou na época em que eu era aluna e isso aqui é uma grande família”
Fico curioso para saber de Lucinha de onde vem todo esse amor que ela expressa pela UEG. Raras vezes vi alguém falar com tanta paixão do seu local de trabalho. “Eu choro quando eu falo da UEG. A minha história começou na época em que eu era aluna e isso aqui é uma grande família”, diz chorosa. A UEG não é uma obrigação empregatícia para Lucinha, é casa, conforto e apego.
Um suspiro acompanha a resposta de Lucinha quando pergunto o que ela gostaria de ver na UEG nos próximos 25 anos. “Mais sucesso. Eu quero ouvir o nome da UEG mais reconhecido. Eu espero que esteja no ranking das melhores, se Deus quiser”, diz. Para Lucinha, nós estamos no caminho certo. 25 anos não é tanto tempo. As universidades de ponta no Brasil tem muito mais rodagem, ela argumenta. Lucinha tem fé no potencial da UEG para ser uma das melhores universidades do Brasil.
Lucinha é genuinamente apaixonada pela UEG. Vive e respira UEG. Seu marido trabalha aqui e seu filho foi aluno do curso de Engenharia Civil. Foi inicialmente aluna e sua única experiência laboral foi aqui – a UEG foi seu primeiro e último emprego. O caso de amor de Lucinha com a UEG é bonito demais para não ser contado. A UEG tem o privilégio de ter a Lucinha só pra ela. Em todos outros lugares, ela é Maria Lúcia.