Continuamos, neste 15 de abril – um dia antes do aniversário da Universidade Estadual de Goiás (UEG) –, a série de reportagens especiais que trazem à tona as expertises de atuação e os focos de ação de nossa Universidade.
Como já foi dito nas matérias anteriores, a série busca contemplar os posicionamentos institucionais, na UEG, em prol das diversidades, dos direitos humanos, da relação pró-ativa junto ao mercado e à inovação tecnológica. Também vamos trazer à tona as linhas de pesquisa da UEG, a fim de que os leitores sejam cientes do que podem estudar em nossas salas de aula e laboratórios.
Se, no texto de ontem e de segunda-feira, trouxemos reportagens atinentes à discussão sobre direitos humanos e sobre sustentabilidade, nesta matéria, escrita por Alisson Caetano, caminhamos em direção ao mercado em Goiás. Vemos que a Universidade articula, a essas discussões ambientais e sociais, o estímulo ao empreendedorismo, não sendo entidade isolada do corpo social e dos arranjos produtivos goianos. Ao contrário, ela trabalha a partir da sociedade e da realidade econômica do seu entorno.
A UEG também volta seus esforços de estudo e de pesquisa à dinamização do mercado. É uma Instituição que busca a aplicação de inovações, vindas da Ciência, nos produtos que usamos no dia a dia.
No texto a seguir, vocês vão conhecer o Programa de Incubadoras da Universidade (Proin.UEG) e os projetos que ele traz à tona. Do estímulo à indústria de cosméticos ao apoio no desenvolvimento de softwares – passando pelo setor alimentício –, o Proin.UEG contribui aos arranjos produtivos locais e é pulverizador de ações em solo goiano.
Que tenham, todos, uma boa leitura!
Universidade-habitat de empreendedorismo inovador
Em sua etimologia a palavra universidade é a qualidade ou condição de universal. A instituição de ensino superior que é responsável por formar cidadãos em benefício do desenvolvimento social e científico do povo tem de pensar formação em todos os locais, em todos os fluxos. É por esse caráter plural de sua atuação que um forte elo entre a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e as demandas das terras goianas vem sendo construído, desde a criação da UEG.
Essa Instituição busca o fortalecimento das ligações entre o ensino que oferece e os arranjos produtivos locais de onde se instala. Para além do ensino, ela tem uma ponte direta com o mercado, pautada por ideias de inovação e empreendedorismo. Essa ponte é o seu Programa de Incubadoras, o Proin.UEG.
O Programa criou na Universidade, em seus 4 anos de existência, um ambiente para captação de ideias inovadoras, chamando para si mentes empreendedoras, tanto vindas do público interno quanto da comunidade externa. Seu trabalho é guiar essas ideias até a maturação para que elas tenham alcance de mercado. Bruno Alencar é coordenador do Proin.UEG e tem no seu trabalho diário um reflexo contínuo de sua vida acadêmica. É graduado em Administração, fez especialização em Gestão Estratégica de Negócios e hoje é mestrando nas linhas de Estratégia, Empreendedorismo e Inovação.
Atualmente com 11 empreendimentos incubados em suas três modalidades de incubação (pré-incubação, incubação residente e não residente) o Proin se mostra uma vertente forte da UEG no diálogo entre universidade, sociedade, arranjos produtivos locais e governo – a chamada hélice quádrupla. “É um espaço da Universidade no qual você vê a circulação de empresas fazendo não só uma ponte com as demandas da sociedade, mas relacionando as ideias de pesquisadores, professores, acadêmicos com o desenvolvimento da inovação do Estado”, explicou Bruno.
Mas o que de fato o Proin pode fazer por sua ideia? “Além da consultoria e da assessoria, fazemos o diagnóstico e o monitoramento do projeto incubado. A ideia geral é dar apoio a empreendedores individuais ou a empresas que tenham ideias inovadoras e que queiram levá-la ao mercado com sucesso”, é a resposta dada pelo coordenador do Programa.
Os estudantes da UEG encontram no Proin uma oportunidade de aliar sua formação acadêmica à sua veia empreendedora. Em torno de 50% dos empreendimentos incubados hoje são ideias de egressos da Instituição. E, como a incubadora é aberta à sociedade, o Programa atua com mentes empreendedoras de todo o Estado, com empresas e pessoas de Anápolis, Goiânia, Ceres e outras localidades.
Empreendendo o cerrado
Iriamar Costa Fernandes é um ótimo exemplo da importância do Programa para os estudantes que estão nas salas de aula da UEG. A atual empreendedora do ramo dos cosméticos conheceu o Proin enquanto cursava Farmácia, no câmpus Henrique Santillo. Assim que conheceu, viu nele a oportunidade de levar adiante sua vontade de trabalhar com a produção de cosméticos. Ela foi buscar o que poderia ter a cara da inovação nesse ramo.
“Quando se procura cosméticos com ativos do cerrado, você encontra uma oferta muito pequena”, comentou a egressa. Esse foi o ponto de partida para a elaboração do projeto Floê Cosméticos, uma linha de 12 produtos – faciais, corporais e capilares – que contam com ativos do cerrado em sua composição. Além disso, a produção apresenta critérios de responsabilidade ambiental como a não realização de testes em animais.
“Desenvolvemos um extrato de Jabuticaba, que não é uma planta específica do cerrado e sim da Mata Atlântica, mas temos Goiás como o principal produtor. Pela facilidade de acesso à matéria-prima, optamos por iniciar com ela nossos produtos”, explicou Iramar. Os produtos com o extrato de Jabuticaba estão em fase de teste e logo devem chegar às prateleiras das boticas e supermercados goianos. A farmacêutica conta ainda que só passou a conhecer as especificidades do mercado de cosméticos durante a incubação do Floê.
“Eu sou farmacêutica, domino a parte da formulação. A preocupação com a embalagem, com a forma de entrega, com o conhecimento de mercado são aspectos cujas informações são muito restritas a quem não estuda essas áreas. Dentro do Proin encontramos esse auxílio para que você tome decisões com menos margem de erro, com menos riscos”, afirmou a responsável pelo projeto.
Iriamar conta que o Proin é a principal razão para que ela leve adiante seu projeto. Isso porque o contato com consultores, com outras pessoas que buscam as mesmas soluções, é salutar ao desenvolvimento efetivo das ideias. Levar seus incubados a eventos que discutam estratégias de empreendedorismo, como faz o Programa, é de fundamental importância ao conhecimento da realidade de mercado e ao fomento de perspectivas tecnológicas e inovadoras.
Tecnologia para melhor gestão
E foi em um desses eventos que o Proin conseguiu atrair a atenção de um de seus atuais incubados. Pedro Ivo Souza Medeiros, diretor administrativo da empresa Colmeia Soluções, que desenvolve softwares voltados para o meio empresarial, viu no Programa o incentivo necessário para dar início a um projeto que vinha idealizando.
Incubado em 2013, o NectarCRM já passou por todas as fases da incubação e está pronto para ir ao mercado. O aplicativo desenvolvido por Pedro é uma ferramenta de gestão de relacionamento entre empresa e cliente. Lá ficam registrados todo o ciclo dessa relação, da prospecção ao pós-venda.
“As avaliações periódicas feitas pela Proin nos ajudou a traçar melhores caminhos, servindo não só para o desenvolvimento do NectarCRM, como também para nortear as decisões de empreendedorismo tomadas dentro da nossa empresa”, comentou Pedro.
Na área dos cosméticos, na área da tecnologia, na área da produção de alimentos (conheça aqui o projeto da empresa incubada pelo Proin.UEG, Brasil Vital) e em diversas outras áreas, o Programa de Incubadoras da Universidade conduz ideias até que as mesmas se tornem suporte para o avanço científico e econômico do Estado, fazendo da UEG habitat não só de ensino, pesquisa, extensão, mas de diálogo com o setor produtivo.
Caso vocês, leitores, tenham ideias inovadoras e queiram fomentá-las com especialistas, acessem aqui o site do Proin.UEG.
(Alisson Caetano, CGCom | UEG)